Casal é detido após golpes em restaurantes de SP: 'Comiam e não pagavam'

"Eles entravam, comiam, bebiam e não pagavam", contou ao UOL Laerte de Jesus, sócio do restaurante O Rei do Frango a Passarinho, em São Vicente, uma das vítimas do casal.

Segundo o comerciante, eles estiveram no local no dia 25 de outubro, uma quarta-feira, por volta das 14h, e pediram uma salada completa, comeram isca de peixe, beberam caipirinhas de vodka, "tudo do mais caro", afirma Jesus.

Imagens captadas por câmeras de monitoramento do estabelecimento flagraram toda a ação do casal. Eles são vistos sentados em uma mesa, no salão vazio. Depois, o homem se aproxima do balcão e finge tentar pagar a conta, no valor de R$ 321, com vários cartões de crédito, que são recusados.

"Nessa hora, a mulher já tinha ido para o carro e ele diz que também vai até o veículo para pegar um cartão que funcionasse. Mas ele desaparece", conta o comerciante.

A proprietária do restaurante Pedra Baiana, em Santos, que pediu para não ser identificada, disse que o casal visitou a casa na última quinta-feira (2), por volta do meio-dia. O pedido, no valor de R$ 533,50, incluía seis unidades de camarões recheados, salada completa para duas pessoas, casquinhas de siri, lula à milanesa para três e uma picanha à moda da casa.

Para beber, foram duas cervejas, duas caipirinhas de vodka e duas doses de uísque Chivas Regal 12 anos. Os alimentos que não puderam consumir na mesa, pediram para embrulhar e levaram com eles.

A metodologia, na hora de pagar, foi a mesma. A mulher se dirigiu até onde estava o carro, enquanto o parceiro fingia tentar o pagamento com os cartões bloqueados. Depois ele disse que pegaria outro cartão no carro e, mesmo com ela gritando que estava sendo vítima de um calote, o suspeito conseguiu deixar o local.

"Malandro refinado esse", comentou a comerciante. "Estou aliviada por ele ter sido preso. Não pelo valor da conta, mas pelo desaforo.

Reconhecidos por filho de vítima

O esquema do casal na região foi descoberto pelo filho da comerciante, Alexandre de Andrade Vieira, 24. Ele estava bebendo com amigos no Bar Presidente, no bairro do Boqueirão em Santos, quando o casal também esteve por lá e deu um calote de R$ 260 no proprietário.

"Quando ele me mostrou o vídeo, dias depois, acabei reconhecendo eles. Era o mesmo casal que as câmeras do Rei do Frango tinham captado", afirmou ao UOL.

Ao conversarem com outros comerciantes, descobriram que um deles anotou a placa do Fiat Argo usado pelo casal e que a Polícia Militar foi acionada.

Hoje, logo após o café da manhã, por volta das 9h, o casal deixou a pousada onde estava hospedado desde o dia 17 de outubro e saiu de forma "sorrateira", segundo o proprietário, deixando para trás seis diárias em aberto, totalizando R$ 720. Mas o casal não sabia que a placa do veículo já tinha sido informada à polícia.

"O sistema da polícia é interligado ao monitoramento por radares e não tardou para uma policial militar abordar o veículo, em uma avenida de Santos", explicou ao UOL o advogado Francisco Venceslau, do 7° DP da cidade, onde o caso foi registrado.

Ao verificar a identidade do suspeito, descobriu-se que havia um mandado de prisão contra ele em aberto desde 2014, por furto, em Campinas. O casal foi levado à delegacia.

"No momento da detenção, eles não estavam cometendo qualquer delito, então não houve flagrante", afirma o delegado, que na tarde de ontem coletava os depoimentos das vítimas dos golpistas. Pelo menos cinco comerciantes já haviam comparecido.

O casal responderá pelos crimes de estelionato (artigo 171), pelas ações contra os postos de gasolina, e outras fraudes, sob o artigo 176. Como são crimes de menor potencial ofensivo, a mulher responderá em liberdade.

O suspeito, afirma Venceslau, permanecerá detido, à disposição da Justiça, devido ao mandado contra ele. O veículo utilizado pelo casal também foi retido.Segundo o delegado, apesar dos cinco casos já confirmados, o casal pode ter feito outras vítimas na região. "Pedimos que outras vítimas do casal procurem as delegacias de polícia mais próximas para registro da ocorrência".