'Fui buscar meu bebê e ele estava trancado na creche, sozinho e gritando'

A mãe de um bebê de apenas um ano conta que encontrou o filho sozinho ao buscá-lo em uma creche particular, localizada na região do Paranoá, no Distrito Federal, na noite de segunda-feira (6). A Polícia Civil investiga o caso.

"Quando fui buscar meu filho, ele estava trancado na creche, sozinho e gritando", disse ao UOL a pedagoga Patrícia Rocha. A defesa do estabelecimento afirmou, em nota, que a criança ficou desacompanhada por aproximadamente cinco minutos e que o incidente é um "fato isolado".

Segundo a mãe, o horário de funcionamento padrão da creche é das 13 horas às 18 horas, mas as famílias pagam uma taxa adicional para que as crianças fiquem até as 19h10. Na segunda-feira, como de costume, Patrícia foi buscar o filho Leonardo por volta das 19 horas e conta que encontrou o local fechado.

Na entrada, encontrei vizinhos que disseram que ele estava chorando há bastante tempo dentro da creche. As pessoas também relataram que as funcionárias, que eram responsáveis por ele, foram embora às 18h30, ou seja, já tinha meia hora que ele estava trancado lá dentro.
Patrícia Rocha

"Então, eu e as pessoas que estavam ali arrombamos a porta. Levou mais ou menos dez minutos para a gente conseguir. Para mim, uma eternidade. Foi desesperador", relata Patrícia.

Patrícia e o filho Leonardo, no colo; bebê ficou sozinho em creche
Patrícia e o filho Leonardo, no colo; bebê ficou sozinho em creche Imagem: Arquivo pessoal

A mãe de Leonardo, matriculado há apenas duas semanas na creche, disse que encontrou uma cena de terror ao conseguir entrar na unidade. O filho, segundo ela, estava desesperado dentro de um carrinho, virado para a parede.

"No chão, havia também várias baratas, inclusive na bolsinha dele", diz a mãe.

"Meu sentimento ali no momento era de pura impotência e culpa por tê-lo colocado naquele lugar. Pouco tempo depois, uma funcionária apareceu e disse simplesmente que tinha esquecido meu filho. Como esquece uma criança lá, me diz?", indaga a mãe.

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"Ela justificou dizendo que uma outra professora havia colocado o carrinho de frente para a parede e ninguém percebeu que tinha um bebê lá. O detalhe é que elas são pagas para estarem lá até as 19h10", diz Patrícia.

Família foi à polícia

A família procurou a 6.ª Delegacia de Polícia e registrou um boletim de ocorrência.

Por meio de nota, a Polícia Civil do Distrito Federal informou que as autoridades foram acionadas "para investigar um caso de abandono de incapaz em uma instituição educacional localizada na região do Paranoá".

"As declarações foram tomadas, e um vídeo enviado pela genitora da criança, assim como documentação relevante, foram anexados ao sistema para auxiliar na investigação", afirmou.

Ainda segundo a nota, a delegada responsável pelo caso concluiu que não havia intenção dolosa ou sinais de ferimentos na criança, optando por não fazer prisão em flagrante.

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"O caso segue sob investigação preliminar para esclarecer as circunstâncias e responsabilidades relacionadas ao incidente."

Creche tem padrão exemplar, diz defesa

O advogado da creche Educa Mais disse ao UOL que a unidade está cooperando integralmente com as autoridades durante a fase inicial da apuração dos fatos.

"O Colégio Educa Mais possui uma equipe excepcional, composta por profissionais altamente dedicados e experientes. Este incidente é um fato isolado que não representa a essência da nossa instituição. Ao longo dos anos, mantivemos um padrão exemplar e retornos positivos de nossos funcionários, alunos e familiares", disse o advogado Isaías da Silva Saminezes.

Segundo a defesa, "a criança encontrava-se desacompanhada por aproximadamente cinco minutos em um espaço sem que tenha sido notada a sua ausência pelos nossos funcionários".

O advogado afirma, ainda, que, assim que a creche teve conhecimento desse ocorrido, a direção agiu com "prontidão, ordenando imediatamente que os portões fossem arrombados e que a criança fosse amparada, felizmente, sem qualquer ferimento".

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"Contudo, lamentavelmente, o pai da criança, mesmo após a resolução pacífica desse incidente, invadiu as dependências da escola de forma agressiva, provocando danos materiais e proferindo ameaças à integridade física dos funcionários e familiares", diz a defesa da creche.

"Ressaltamos que estas ameaças já foram formalmente denunciadas às autoridades competentes, e a apuração dos fatos está sob segredo de justiça, devido à sensibilidade do caso, especialmente por envolver menor de idade", afirmou a defesa.

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