Jovem diz que usou pé para parar ataque a faca; amigos dela foram mortos
A assistente de loja Clarissa Maria de Mendonça, de 24 anos, que sobreviveu a um ataque a faca, relatou que usou o próprio pé para prender a mão do agressor, enquanto tentava convencê-lo a levá-la até uma unidade de saúde em Londrina (PR).
O que aconteceu:
Dois amigos de Clarissa, porém, morreram no ataque, promovido por um homem que dizia ser apaixonado pela sobrevivente, segundo as autoridades.
Segundo as investigações, no dia 3 de setembro, por volta das 2h, Aaron Dalesse Dantas invadiu o quintal da casa de Clarissa após já ter observado o local pouco tempo antes. Júlia Garbossi, 23, que morava com a jovem, estava em um quarto; Clarissa e Daniel Takashi, 22, que iniciavam um relacionamento amoroso, estavam em outro cômodo, segundo o Fantástico (TV Globo).
Aaron entrou na casa, que estava com a porta aberta, e sufocou Clarissa com uma mão, enquanto golpeava Daniel a facadas com a outra mão. As mãos da assistente de loja foram atingidas pela arma branca.
Em certo momento, o homem soltou a garganta de Clarissa em meio aos ataques a Daniel e a assistente começou a chamar pelo nome de Júlia, que apareceu no cômodo.
Aí ele [Aaron] foi para cima da Júlia. Eles foram caminhando em direção à sala, e eu subi no sofá para tentar conseguir tirar ele de cima da Júlia. Ele parou de atacar a Júlia depois que ela caiu no chão e ele veio para cima de mim. Segurei a faca dele, comecei a empurrar para trás e, com alguma força maior assim, eu consegui, com o pé, parar a mão dele com a faca. Eu entrei em estado de choque e só dizia: 'você matou meus amigos'.
Clarissa Maria, à TV Globo
Neste momento, Clarissa disse ter percebido que Aaron não a mataria até "ele falar tudo o que queria falar". "Então, eu falei: 'você não vai conseguir falar tudo que você tem para falar porque eu estou perdendo muito sangue. Eu vou desmaiar antes, eu vou morrer'. Foi aí que eu o convenci a me levar até uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento]."
Aaron chamou um carro por aplicativo, combinou que a jovem dissesse que eles tinham sofrido um assalto e a acompanhou até a unidade de saúde. O homem ficou com o celular de Clarissa e ameaçou que mataria os amigos e parentes dela, caso falasse a verdade. Ele foi preso ainda na unidade de saúde.
Clarissa explicou que conheceu Aaron em um bar onde trabalhava, em 2022. O rapaz se declarou para ela, mas a jovem disse que não era recíproco. Depois do "não", Aaron começou a ser invasivo durante meses e criou perfis para tentar contato com Clarissa. "Ele falava de mim de formas assustadoras, de 'tem que ser você', 'você tem que ser minha'", disse Clarissa.
Indiciamento e defesa
A Polícia Civil indiciou Aaron por duplo homicídio qualificado de Júlia e Daniel, e tentativa de feminicídio contra Clarissa.
Porém, o Ministério Público denunciou o homem por tentativa de homicídio qualificado e descartou a tentativa de feminicídio, adicionando o crime de stalking (perseguição) contra a assistente na denúncia.
Atualmente, Aaron está preso no Complexo Médico Penal em Curitiba. Em nota à emissora, a defesa dele afirmou aguardar a realização de "incidente de sanidade mental", ou seja, exame para verificar a saúde mental do cliente. A solicitação espera a autorização judicial. "Aguardaremos a conclusão do laudo para se manifestar de maneira mais embasada e esclarecedora", informou o escritório Furlan e Issao, advogados associados.
Sobrevivente desabafa
Clarissa disse esperar que a justiça seja feita por ela e seus amigos. A jovem fez cirurgias, mas ainda não recuperou o movimento das mãos em razão das facadas. Ela também mudou de cidade e ainda não conseguiu voltar a trabalhar após o ataque.
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Quero receberEu espero, do fundo do meu coração, que a justiça seja feita por mim e pelos meus amigos. E que ele receba o máximo de pena possível. Eu espero nunca rever esse homem solto. (...) Eu vivo por mim, pela Júlia e pelo Daniel. Eu vou viver o triplo. Eu não vou ter vergonha de existir. Esse acontecimento não me resume.
Clarissa Maria, à TV Globo
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