Assalto cinematográfico: como PCC fez escola para megarroubo no Paraguai

O assalto cinematográfico em uma instituição de câmbio no Paraguai causou um prejuízo de R$ 80 milhões (cerca de US$ 16 milhões). Segundo apuração do colunista do UOL Josmar Jozino, a operação com túneis e explosivos tem influência do PCC no país.

O que aconteceu

Grupo de ladrões cavou um túnel de 180 metros e com um buraco de 70 cm de diâmetro para chegar até o cofre da ACT (Associação dos Trabalhadores de Câmbio), em Ciudad del Este. Acredita-se que ação ocorreu no fim de semana, mas só foi descoberta nesta segunda (5).

A Operação lembrou outras em que membros do PCC estavam envolvidos. À coluna de Josmar Jozino, um investigador da Polícia Federal, em condição de anonimato, diz que facção criminosa "fez escola" no país.

Julho de 2014: túnel de 350 metros que desembocava em cofre da empresa de valores Prosegur foi encontrado em Ciudad Del Este. Ação causou um prejuízo de US$ 11,7 milhões (cerca de R$ 40 milhões à época) — posteriormente, a empresa disse que o valor furtado foi de menos de US$ 8 milhões.

Criminosos executaram fortes explosões e queimaram veículos para dificultar chegada ao local. Na época, policiais paraguaios relataram que criminosos brasileiros participaram, pois carros e sotaque de participantes eram do país. Polícia Federal Brasileira investigou ação de criminosos brasileiros.

Agosto de 2005: o maior roubo já registrado no Brasil foi realizado no Banco Central de Fortaleza, no Ceará. A quadrilha furtou R$ 160 milhões à época, ao fazer um túnel de 80 m de comprimento, 70 cm de largura e 4 m de profundidade. Como no roubo recente do Paraguai, criminosos tiveram acesso ao dinheiro no fim de semana, mas incidente só foi descoberto na segunda-feira. Ainda que na época não houvesse ligação direta com o PCC, com o tempo, investigações das polícias civis e federais concluíram que assaltantes da facção estavam envolvidos, segundo apuração de Josmar Jozino .

Houve ainda uma tentativa de roubar o cofre de um prédio do Banco do Brasil, em São Paulo. Ação só não foi adiante, pois polícia descobriu túnel antes. Ideia da quadrilha era tentar furtar US$ 1 bilhão. Uma das pessoas presas, inclusive, participou do assalto à Prosegur, no Paraguai, em 2014. Não custa lembrar que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado pela polícia como um dos chefes do PCC, já foi um dos maiores assaltantes de bancos do país em 1990. Ele nega fazer parte da facção e diz estar marcado para morrer.

Presença do PCC no Paraguai

A facção criminosa está no Paraguai desde 2007. Hegemonia, no entanto, ocorreu a partir de 2017, quando organização enviou um emissário para o país vizinho e tomou controle das operações de droga.

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Paraguai é importante, pois é a origem de boa parte da maconha consumida no Brasil, além de ser rota para transportar a cocaína produzida na Bolívia.

Diferente do Brasil, Paraguai é visto pelos criminosos como um lugar fácil de se estabelecer e em obter documentos falsos.

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