Josmar Jozino

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'PCC fez escola': Ladrões roubam R$ 80 milhões de cambistas no Paraguai

Um grupo de ladrões realizou um assalto cinematográfico no Paraguai, nos moldes da quadrilha do Banco Central de Fortaleza em 2005, no Brasil. Eles levaram US$ 16 milhões (cerca de R$ 80 milhões) da ACT (Associação dos Trabalhadores de Câmbio), em Ciudad del Este, região de fronteira com Foz do Iguaçu (PR).

Para chegar ao cofre, os assaltantes escavaram um túnel de 180 metros de extensão e fizeram um buraco de 70 cm de diâmetro para acessar a ACT. Segundo a polícia paraguaia, o bando usou até material acústico para evitar ruído e não atrair a segurança. Os criminosos furtaram o dinheiro de ao menos 180 cambistas.

Os "engenheiros do crime" também utilizaram macacos hidráulicos, equipamentos de perfuração, inibidores de sinal e sensores de movimento. Policiais paraguaios entraram no túnel para fazer uma perícia, mas suspenderam os trabalhos porque encontraram vários explosivos.

Autoridades paraguaias disseram que a Polícia Federal do Brasil também se uniu às investigações para apurar se houve participação de facções criminosas brasileiras no crime, especialmente o PCC (Primeiro Comando da Capital).

A suspeita é de que o furto milionário tenha ocorrido durante o final de semana, porque foi feriado de San Blas, o padroeiro de Ciudad Del Este. No início da madrugada de sábado, aconteceram dois ataques a transformadores, e a região ficou sem energia elétrica durante algumas horas.

O crime, no entanto, só foi descoberto nesta segunda-feira (5), quando os doleiros chegaram à associação. As vítimas encontraram as bolsas guardadas em cofres jogadas no chão e vazias. Um doleiro disse à polícia do Paraguai que sofreu um prejuízo de R$ 200 mil.

'PCC fez escola'

Um agente federal afirmou à reportagem, na condição de anonimato, que o PCC fez escola no Paraguai, onde outros furtos a instituições financeiras aconteceram por meio de escavação de túnel.

Em julho de 2014, foi encontrado um megatúnel de 350 metros de extensão em Ciudad del Este.

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O buraco tinha sistema telefônico, trilho para um carrinho transportar dinheiro e até cilindros de oxigênio. O túnel ficava a cerca de 300 metros da empresa de valores Prosegur. O furto não foi concretizado. Seis paraguaios foram presos na ocasião e um brasileiro fugiu. A PF investigou a participação do PCC.

Em agosto de 2005, ladrões ligados ao PCC levaram R$ 164 milhões do Banco Central de Fortaleza, no Ceará. A quadrilha chegou ao cofre após cavar um túnel de 80 m de comprimento, 70 cm largura e 4 m de profundidade.

O bando do PCC alugou uma casa, onde montou uma empresa de fachada para não levantar suspeitas. O buraco começou a ser feito na residência, e a terra retirada era colocada em sacos e deixada em um dos cômodos do imóvel. Os ladrões acabaram presos, julgados e condenados.

Em São Paulo, policiais civis do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) impediram um furto de R$ 1 bilhão ao Banco do Brasil em Santo Amaro, na zona sul. O túnel já tinha 600 metros de comprimento.

Um trabalho de inteligência do Deic evitou o furto bilionário. Durante três meses, os agentes seguiram os passos da quadrilha e conseguiram prender 16 assaltantes poucos dias antes da data marcada para a concretização da ação criminosa.

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