Mossoró: buscas entram no 20º dia com cerco em fazenda e nome na Interpol
A busca de dois fugitivos do presídio federal de Mossoró (RN) completa 20 dias. Deibson Cabral Nascimento, 33, e Rogério da Silva Mendonça, 35, fugiram após pular um alambrado na unidade prisional, segundo agentes que analisaram imagens do local. Essa é a primeira fuga de internos de uma penitenciária de segurança máxima.
Os dois pertencem ao Comando Vermelho, principal facção criminosa do Rio de Janeiro. Eles foram transferidos para a unidade federal após terem participado de uma rebelião no presídio Antônio Amaro Alves, no Acre, em julho do ano passado, segundo fontes ouvidas pelo UOL.
As buscas têm semelhanças com o caso Lázaro Barbosa. Ele foi capturado e morto em junho de 2021, após 20 dias de operação, suspeito de matar uma família no Distrito Federal e cometer outros crimes em Goiás.
Quem são os fugitivos
Deibson cumpria pena de 33 anos por assalto a mão armada. Conhecido como Tatu, ele também responde a processos por tráfico de drogas.
Rogério tem suástica tatuada na mão e condenação de cinco anos por tráfico. O interno conhecido como Martelo também responde a processos por homicídio qualificado, roubo e violência doméstica.
"Matadores do CV". Fontes ouvidas pelo UOL indicam que os fugitivos não integram o alto escalão da facção e que são conhecidos por serem encarregados por assassinatos de pessoas no "tribunal do crime" do Comando Vermelho do Acre. O UOL não localizou os advogados deles.
A fuga
Agentes federais deram conta da fuga na manhã do dia 14 de fevereiro. A Polícia Militar do RN disse ter sido acionada às 8h para participar das buscas. A Secretaria de Segurança Pública do RN intensificou as ações nas estradas na divisa com Paraíba e Ceará e também faz voos para auxiliar nas buscas. Desde então, as secretarias de Paraíba e Ceará também têm ajudado nas buscas.
Os fugitivos teriam utilizado uma barra de ferro da própria estrutura da cela para escavar buraco da luminária. Ao entrar pelo buraco, os fugitivos conseguiram acessar um espaço ao lado das celas destinado à manutenção do presídio. Dali conseguiram alcançar o teto, que não tinha um sistema de proteção, segundo informou a Folha de S.Paulo. A reportagem ainda cita que o presídio passava por reformas.
Fugitivos tinham planos de chegar ao Rio de Janeiro. Secretários de segurança pública estão em contato após indícios de que os detentos poderiam chegar ao Rio de Janeiro, estado onde estão as principais lideranças do Comando Vermelho.
Ao todo, a polícia prendeu três pessoas suspeitas de ajudá-los a fugir. Ainda foram apreendidos um carro, drogas e armas na divisa com o Ceará.
Roupas e pegadas foram encontradas por equipes da força-tarefa dois dias depois. Calçados e camisetas — que podem ser dos dois fugitivos — foram localizados em uma área rural de Mossoró e, por isso, as buscas se intensificaram na região próxima à penitenciária.
Camiseta de uniforme de presídio foi encontrada em região de mata. De acordo com o órgão, a roupa foi localizada na zona rural e pode ter sido usada por um dos detentos que fugiu do presídio. Contudo, os objetos encontrados ainda passarão por perícia.
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Quero receberDono de sítio teria recebido R$ 5 mil para ajudar fugitivos. Ronaildo da Silva Fernandes, dono de um sítio nos arredores da cidade do interior do Rio Grande do Norte, foi preso por ter auxiliado os criminosos. Ele diz que teve sua casa invadida pelos fugitivos e, sob ameaça, foi obrigado a fornecer ajuda aos dois.
Ronaildo abrigou os fugitivos por quase uma semana em um sítio na zona rural de Baraúna (RN), segundo a PF. Além do abrigo, o mecânico forneceu alimentos. Os agentes também encontraram no local redes para dormir, embalagens de comida, um facão e uma lona. Local foi encontrado depois de fugitivos abandonarem a casa.
Ronaildo foi flagrado pelos investigadores ao lado de Jânio de Sousa, outro preso por suspeita de ajudar na fuga. Jânio viajou de carro de Mossoró para Quixeré (CE) e depois para Baraúna, segundo apurou o colunista do UOL Josmar Jozino. A suspeita ele tenha ajudado os presos a fugiriem em Baraúna.
Dupla cavou buraco para fugir de drones que detectam calor. O buraco cavado no solo do lado de fora da casa serviria para que os fugitivos pudessem eventualmente se esconder dos drones que detectam calor humano usados pela PF.
Depois de deixar sítio, fugitivos invadiram galpão e agrediram agricultor Os fugitivos teriam entrado neste domingo (3) em um galpão em Baraúna (RN) e agredido um agricultor que dormia no local depois que ele disse que não tinha celular, segundo a Folha de S.Paulo. Os policiais afirmam que, após a invasão, os presos levaram três pacotes de bolacha, uma carne de lata, dois pacotes de bolo e água gelada.
Agora, a Interpol incluiu nome dos fugitivos na lista de mais procurados. O governo também solicitou a inclusão no sistema de proteção de fronteiras — para impedir uma eventual saída do país.
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