Ato de mulheres em SP pede legalização do aborto e cessar-fogo em Gaza

A manifestação pelo Dia da Mulher, em São Paulo, teve críticas ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e às privatizações e pedidos por legalização do aborto e cessar-fogo em Gaza e contra a violência de gênero.

O que aconteceu

Protesto ocorreu na tarde desta sexta (8). Mulheres de diferentes frentes sociais, grupos políticos e movimentos sindicais se reuniram na frente do Masp, na avenida Paulista. A concentração começou por volta das 17h e, às 18h, alcançava três quarteirões, na via no sentido Consolação.

Sob chuva. Misturaram-se bandeiras com frases como "abaixo genocídio na Palestina" e a favor da legalização do aborto. Participantes entoavam coros contra a privatização da Sabesp, sob a gestão Freitas, e críticas à Operação Escudo, na Baixada Santista, a mais letal desde o Carandiru. Também havia cartazes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Às 18h15, começou uma forte chuva, que acompanhou todo o protesto, até a chegada na Praça Roosevelt, na região central.

Manifestação do Dia da Mulher pede legalização do aborto
Manifestação do Dia da Mulher pede legalização do aborto Imagem: Ana Luiza Cardoso - 8.mar.2024/ UOL

Gleisi Hoffmann foi uma das participantes que discursaram. Em um dos carros de som, a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann discursou contra a anistia aos que "atentaram contra a democracia no 8 de janeiro" e pediu o fim de "massacres na faixa de Gaza".

Confusão. Durante o percurso, que levou cerca de duas horas, houve confusão entre pessoas com camisas e bandeiras do Partido da Causa Operária (PCO), além de manifestantes com bandeiras do grupo extremista Hamas. Em um momento, um dos trios chegou a ser barrado por um bandeirão do partido e, após confusão, policiais retiraram a bandeira do caminho. Na rua Augusta, novamente houve bate-boca. Manifestantes chegaram a se agredir e foram apartados pela polícia. A manifestação terminou na praça Roosevelt.

Nós queremos que aqueles que atentaram contra a democracia no 8 de janeiro respondam pelos seus crimes, aqui é sem anistia. Estamos na luta para que a democracia viva. Queremos prestar solidariedade ao povo palestino. As mulheres são da paz, chega de guerras, chega de massacres na faixa de Gaza
Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e deputada federal

Pautas feministas

A administradora sindical Fátima Sandalhel disse que a manifestação deste ano também é pelo fim da violência contra mulheres cis e trans e a população negra e pela punição de golpistas. "São 60 anos do golpe militar e estamos também discutindo a questão do fascismo, que entendemos como crescente no país. Estamos na rua contra o fascismo, pela punição dos golpistas do 8 de janeiro".

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[A legalização do aborto] Depende muito da pressão popular e das mulheres organizadas. Existe um conjunto de mobilizações em torno da perspectiva da legalização na América Latina. No Brasil, a situação é complexa por causa do que pensa o Congresso Nacional, mas nós vamos seguir mobilizando em torno desse tema.
Fátima Sandalhel

"Estamos em um projeto de proteção à mulher na periferia", disse Madalena Figueiredo, 72 anos, enfermeira e integrante do coletivo feminista As Queridonas. Com atuação na zona norte de São Paulo, o grupo também é contra a violência institucional e doméstica e a falta de moradia para mulheres.

Wend Oianiyi, gestora cultural, na marcha do Dia da Mulher
Wend Oianiyi, gestora cultural, na marcha do Dia da Mulher Imagem: Ana Luiza Cardoso - 8.mar.2024/ UOL

Direitos das pessoas trans, travestir e não binárias. "É interessante que se compreenda que pessoas trans, travestis e não binárias, que são mais próximas ao aspecto feminino, também pertencem a esse espaço", disse Wend Oianiyi, 26, gestora cultural. Ela marchava ao lado da ativista Amanda Paschoal.

Olivia Gurjão, aposentada
Olivia Gurjão, aposentada Imagem: Ana Luiza Cardoso - 8.mar.2024/ UOL

A aposentada Olivia Gurjão, 64, andava pela manifestação com uma bandeira da Bancada Feminista. "Faço parte do movimento de mulheres desde jovem. Em 80, eu já fazia parte", disse.

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Hoje se fala com muito mais clareza sobre a liberação do aborto, a necessidade da descriminalização. A questão de aceitar as mulheres, todas, independentemente de serem cis ou trans. Eu sou uma mulher cis, mas respeito as mulheres trans. Todas nós somos mulheres, nossa luta é comum. As opressões que sofremos são as mesmas, e é importante estarmos juntas
Olivia Gurjão, aposentada

Com seu bebê de 11 meses no colo, a doula Mariana Duarte, 31, participou do ato ao lado de outras mães. "A gente tem um Instagram chamado 'Aqui cabe uma criança', que é para juntar bebês e crianças e ocupar espaços em museus, espaços culturais, restaurantes. Aos lugares não aceitam crianças ou restringem a presença delas ao espaço kids, nós mostramos que elas precisam fazer parte da sociedade", disse.

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