Delegado volta atrás e diz que passageiro de Porsche segue internado em SP
O passageiro do Porsche conduzido por Fernando Sastre de Andrade Filho, que colidiu contra um Sandero e matou um motorista de aplicativo, segue internado em São Paulo, segundo o delegado Nelson Vinicius Alves. O responsável pela investigação havia informado ao UOL ontem (2) que Marcus Vinicius havia tido alta hospitalar e que não havia sido encontrado em sua casa para depor.
O que aconteceu
O passageiro ferido, identificado apenas como Marcus Vinícius, 22, está internado desde a madrugada de domingo, quando ocorreu o acidente. A Polícia Civil espera ouvi-lo no inquérito após liberação médica.
O estado de saúde do passageiro não foi informado. O hospital São Luiz foi procurado, mas informou não ter autorização para divulgar o estado de saúde do paciente. O UOL não conseguiu localizar nenhum familiar de Marcus.
Três testemunhas foram ouvidas ontem (2) pela polícia. Duas eram os ocupantes de uma HB20 que viram o Porsche passar em alta velocidade até colidir com o Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52. A outra pessoa ouvida estava em uma moto e também presenciou a batida.
Uma das testemunhas relatou ter ajudado a socorrer Ornaldo e outra disse ter visto Fernando com o passageiro ferido. Ao UOL o delegado Nelson Vinicius Alves declarou que as testemunhas disseram que "foi questão de segundos para bater".
Os filhos de Ornaldo estiveram na terça na 30ª DP (Tatuapé), que investiga o caso. Segundo a polícia, os familiares da vítima e um advogado cobraram celeridade nas apurações e a prisão preventiva de Fernando.
Dono da casa de poker onde Fernando disse estar antes do acidente será ouvido. Uma intimação já foi encaminhada, segundo polícia, e serão solicitadas as imagens do local. O UOL esteve no estabelecimento, mas não encontrou o responsável pelo local. Um funcionário informou que a casa está "fechada por tempo indeterminado".
Polícia Civil espera colher as provas testemunhais até sexta-feira (5). Ao fim das perícias, incluindo a análise da dinâmica do acidente, a prisão preventiva (por tempo indeterminado) de Fernando será solicitada, disse o delegado.
Entenda o caso
Fernando Sastre de Andrade Filho foi liberado da delegacia na noite de segunda-feira (1º) após prestar depoimento. Ele deixou o local acompanhado dos advogados e foi embora em um BMW.
Fernando, de 24 anos, se apresentou à polícia na tarde de segunda-feira (1º), 38 horas após ter fugido do local do acidente. "Ele falou só o básico para não se culpar", afirmou o delegado, acrescentando que Fernando estava frio e tranquilo durante o depoimento.
O condutor do Porsche foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Ele também deve responder por fuga do local do acidente e lesão corporal, este último em razão dos ferimentos sofridos pelo passageiro que estava com Fernando no Porsche. Inicialmente, o caso havia sido registrado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
A Justiça de São Paulo negou decretar a prisão temporária de Fernando, que havia sido solicitada pela Polícia Civil. A prisão temporária tem duração de 5 a 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.
Defesa de Fernando diz ser "prematuro" julgar as causas do acidente. Em nota divulgada na segunda-feira (1º), os advogados Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum defendem que suposições não devem ser realizadas, já que os laudos periciais não foram concluídos, e afirmam que o homem não fugiu do local do acidente.
O que se sabe sobre o acidente
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Quero receberAcidente aconteceu na madrugada de domingo (31) na avenida Salim Farah Maluf. Testemunhas contaram à polícia que Andrade Filho fez uma ultrapassagem em alta velocidade — o limite de velocidade na via é de 50 km/h — perdeu o controle e colidiu com traseira de um Sandero.
O motorista de aplicativo foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ele foi levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde deu entrada com quadro de parada cardiorrespiratória. A morte, segundo o médico que o atendeu, ocorreu devido a traumatismos múltiplos.
Mãe de Andrade Filho foi ao local do acidente e o levou embora. De acordo com o registro da ocorrência, Daniela Cristina De Medeiros Andrade informou aos policiais que levaria o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera devido ao leve ferimento que ele apresentava na região da boca.
Os policiais foram ao local para colher o depoimento do motorista e fazer o teste do bafômetro, mas foram informados na recepção de que ele não deu entrada em qualquer hospital da rede. A polícia foi até a casa da família e tentou contato com mãe e filho por telefone, mas sem sucesso.
A Polícia Militar disse que vai averiguar um "possível erro operacional" que causou fuga. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que analisará a dinâmica da ocorrência. O órgão não informou se a averiguação será feita via corregedoria.
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