Demolição, entulho e luxo: o plano de novos espigões em Balneário Camboriú
Uma construtora vai demolir um prédio de luxo de 19 andares para construir dois arranha-céus à beira-mar em Balneário Camboriú (SC), cidade que concentra sete dos maiores prédios do país.
O que aconteceu
O prédio que vai ser demolido tem 21 anos. O edifício Ivo Agostinho Roveda foi entregue em fevereiro de 2003 e tem 19 andares —desses, 16 são de apartamentos, conforme a matrícula do imóvel.
Há apenas uma unidade por andar. Com exceção do apartamento do 3º andar, que tem 269 metros quadrados de área privativa, os outros têm 158 metros quadrados, conforme a matrícula do imóvel.
Apartamentos custaram milhões, avaliam corretores. Bruno Cassola, especialista em negócios imobiliários, estima que as unidades foram adquiridas por cerca de R$ 5 milhões cada uma. Já o corretor Guilherme Pilger estima em R$ 7 milhões cada apartamento. A corretora Jessica Motta Diniz observa que uma pesquisa de anúncios antigos revela que os imóveis custavam entre R$ 4 milhões e R$ 9 milhões. Para os cálculos, foram considerados a localização privilegiada, o tamanho dos apartamentos e a quantidade de suítes.
Terreno onde está construído o Ivo Roveda tem 388 metros quadrados. Para a construção do La Perle —como está sendo chamado o novo empreendimento— foram adquiridos outros terrenos vizinhos, prédios e até um restaurante no entorno. Todos esses imóveis vão ser demolidos para dar espaço aos novos arranha-céus, o que vai gerar 1599,08 toneladas de entulhos.
Parte da demolição vai ocorrer de forma manual. A Embraed Empreendimentos —responsável pela obra— disse que, para amenizar a poeira causada pelo serviço, poderá fazer a "irrigação nos resíduos com auxílio de um caminhão-pipa".
Demolição de prédios para a construção de outros não é novidade em Balneário Camboriú. Porém, dessa vez, chama a atenção o tamanho do prédio que vai ser colocado abaixo: de 19 andares. Cassola observa que o maior prédio que foi demolido à beira-mar foi o que abrigava o hotel Fischer, com 12 andares —a 600 metros do Ivo Roveda. A demolição ocorreu em 2012.
Preço do metro quadrado em Balneário Camboriú deve subir ainda mais. Toda vez que um prédio vem abaixo para a construção de outros, observa Pilger, o preço desses lançamentos tendem a ficar acima do preço do metro quadrado já cobrado, que, na cidade, é o mais caro do país: R$ 13.259 por m2, segundo o Fipezap de julho deste ano. A situação ocorre pela diminuição na oferta de áreas para novos prédios. Em Balneário Camboriú, há prédios que ainda nem saíram do papel, mas que custam de R$ 55 mil a R$ 85 mil o metro quadrado. "A tendência é só aumentar", diz Jessica.
A demolição de prédios para a construção de outros é um processo natural em várias cidades, mas em Balneário Camboriú ocorre antes mesmo de a edificação chegar à vida útil mínima, estimada em 50 anos, explica Tiago Massante, especialista em planejamento urbano e arquiteto que atua na região.
Em Balneário Camboriú, também há outra característica: prédios que em outras cidades são considerados altos, por aqui não são. Hoje estão sendo projetados prédios cada vez mais altos, o que eleva também a densidade territorial.
Tiago Massante, especialista em planejamento urbano
Ainda não há data de lançamento do novo empreendimento. Ao UOL, a Embraed Empreendimentos confirmou que adquiriu todas as unidades do edifício Ivo Agostinho Roveda e que ocorrerá a demolição. A construtora disse que o novo empreendimento será "lançado futuramente".
Curiosidades sobre novos arranha-céus
Prédio vai ficar "ilhado" por condomínio. Nos documentos encaminhados à prefeitura, é possível ver que o edifício Quebec vai ficar encravado na frente do condomínio. O prédio tem 11 andares e é "vizinho" do Ivo Roveda, apenas separado por uma rua sem saída. Ali são dois apartamentos por andar, conforme Cassola. Já Pilger observa que praticamente todos os imóveis do edifício Quebec foram comprados pela construtora, mas um morador se recusou a vender.
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Quero receberUm dos arranha-céus terá 75 andares e outro, 63 andares. Uma das torres terá 237,5 metros e a outra, 201,39 metros de altura —os prédios vão ficar paralelos um ao outro.
Cobertura de uma das torres vai ficar quase na altura do apartamento de Neymar. Enquanto uma das torres tem 75 andares, o "prédio de Neymar" tem 81 andares e 281 metros de altura. O apartamento do jogador do Al-Hilal fica em uma das coberturas do Yachthouse, também conhecido por "torres gêmeas". O imóvel de Neymar é, na verdade, um quadriplex avaliado em R$ 20 milhões.
Torres terão academias, salas de massagem e saunas. Cada torre terá espaços de lazer e áreas de convívio próprios. Também estão previstos wine bar, brinquedoca, piscinas e espaços gourmet. O condomínio vai ter 13 elevadores. Desses, cinco são sociais, três de serviço, dois de emergência, dois para o estacionamento público e um para o acesso ao lounge.
Maior parte dos apartamentos vai ter quatro suítes cada um. Nos andares mais baixos serão dois apartamentos por andar. Nesses, as unidades vão ter entre 219 metros quadrados e 256 metros quadrados, conforme o projeto.
Coberturas vão ser duplex. Na torre mais baixa, chamada de Oceana, haverá apenas um apartamento no topo do prédio. O imóvel duplex terá 619 metros quadrados. Já a torre mais alta, a Embraed Tower, terá duas coberturas por duplex. Serão mais de 500 metros quadrados em cada unidade, divididos em dois andares. Todas as coberturas vão ter piscina e cinco suítes —algumas com vista para o mar. Também haverá duplex em apartamentos localizados no meio do prédio.
Sacadas do tamanho de quitinetes. Algumas unidades vão ocupar um andar inteiro —e com piscina. Uma dessas tem sacada de frente para o mar com 29 metros quadrados, próximo do tamanho de algumas quitinetes de grandes cidades.
A população estimada nas duas novas torres é de 1.656 pessoas. Para o cálculo, o estudo de impacto de vizinhança levou em conta uma média de dois moradores por dormitório. Ao todo serão 202 unidades habitacionais com 828 dormitórios.
Construção deve demorar. Cada torre tem um prazo diferente. A Torre Oceana deve ser erguida em sete anos, enquanto a outra deve ser construída em seis anos.
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