Conteúdo publicado há 4 meses

Delegado que deu tapa no rosto de mulher é condenado a 9 anos de prisão

A Justiça do Ceará condenou o delegado Paulo Hernesto Pereira Tavares flagrado ao agredir uma mulher com um tapa no rosto após se envolver em uma confusão no município de Aurora (CE), à perda imediata do cargo e a nove anos, seis meses e cinco dias de prisão. A pena deverá ser cumprida inicialmente em regime semiaberto, e o réu poderá recorrer da decisão em liberdade.

O que aconteceu

Justiça também aplicou multa. A decisão, da Vara Única da Comarca, também fixou pagamento de R$ 67 mil em reparação às vítimas do caso e a suspensão do direito de dirigir do réu pelo período de dois anos. O delegado Paulo Hernesto Pereira Tavares agrediu várias pessoas no dia 11 de novembro de 2023. Ele também foi visto urinando em uma viatura da Polícia Civil e desacatando os agentes.

O delegado foi condenado por vários crimes. Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará, ele vai responder por ofender a integridade corporal ou a saúde em três ocasiões, bem como por calúnia, ameaça e dirigir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada. Além disso, foi considerado culpado de ter se oposto à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo, e de desacatar funcionário público.

O juiz José Gilderlan Lins considerou que foi comprovada a ingestão de bebida alcoólica por parte do réu. O magistrado ressaltou que o delegado não poderia abordar o motociclista, pois não é guarda de trânsito, e que a mulher agredida desenvolveu uma inflamação no ouvido em decorrência da violência.

Também não há dúvidas que houve humilhação da funcionária pública, que se calou, diante dos gritos e frases abjetas vociferados pelo acusado, ditas com o propósito de humilhar a profissional, que assim se sentiu, tanto que, após o fato, pediu demissão do cargo que ocupava há 10 anos, e, até a audiência de instrução, encontrava-se abalada, em tratamento psicológico e psiquiátrico.
Trecho da sentença do magistrado

O UOL não conseguiu encontrar o contato do delegado Paulo Hernesto Pereira Tavares para pedido de um posicionamento. O espaço segue aberto para a manifestação.

Denúncia do MP-CE

O crime aconteceu por volta das 4h da madrugada em uma via do bairro Araçá. Segundo a denúncia do Ministério Público do Ceará, o delegado estava dirigindo sob influência de álcool, quando colidiu com uma calçada.

No mesmo local, abordou um motociclista, o xingou, passou a persegui-lo o teria derrubado. A vítima se afastou do lugar do incidente e, quando retornou para pegar a moto, começou a ser agredida pelo réu.

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A violência foi interrompida pela intervenção de populares. Em meio à confusão generalizada, o delegado ameaçou algumas pessoas que tentavam apaziguar a situação, chegando a agredir um homem e uma mulher com um tapa no rosto. Um dos agentes da Polícia Militar foi ameaçado de morte. Dentro da viatura, o delegado afirmava que a carreira do PM havia acabado.

A esposa do delegado, gestante, estava presente na situação e passou mal. Conforme o MP, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência foi acionado para socorrê-la, e o réu passou a gritar com uma das profissionais de saúde, afirmando que ela era apenas uma "funcionária pública". No processo, consta ainda que, durante as investigações, o delegado tentou convencer testemunhas a alterarem suas versões sobre os fatos.

Paulo Hernesto afirmou que estava participando de uma operação policial no dia dos crimes. Ele disse que recebeu informações sobre o motociclista, que seria suspeito no caso, e decidiu abordá-lo. De acordo com ele, os populares confundiram a situação com uma agressão e passaram a atacá-lo. Alegando ter apenas se defendido, o réu negou ter ingerido bebida alcoólica, mas admitiu ter se excedido no atendimento aos policiais que, segundo ele, mantinham animosidades relacionadas com o fato de que já havia efetuado a prisão de outros agentes.

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