Voepass: vítimas podem não ter sentido dor com impacto da queda, diz perita

Os 62 ocupantes do avião da VoePass que morreram na queda da aeronave em Vinhedo (SP), na última sexta-feira (9), podem não ter sentido dor, segundo uma perita e médica legista ouvida pelo UOL.

O que aconteceu

Essa possibilidade se deve a diversas questões fisiológicas que podem ter ocorrido durante a queda do avião. Esses fatores envolvem desde a perda de consciência até o impacto que pode ter causado morte instantânea, segundo Caroline Daitx, médica especialista em medicina legal e perícia médica.

Entre os elementos mais relevantes está a perda de consciência causada pelas "forças G" extremas que o corpo sofre durante a queda. Quando uma aeronave entra em queda livre, as forças G podem ser tão intensas que diminuem significativamente o fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando em uma perda de consciência. Essa condição é conhecida como G-LOC (perda de consciência induzida por forças gravitacionais).

Outro fator que pode ter contribuído, segundo a médica, é o intenso estresse e pânico experimentado pelos passageiros. Em situações de extremo perigo, como uma queda iminente, o corpo humano pode acionar uma resposta de "luta ou fuga". Essa resposta é tão intensa que pode levar à síncope ou desmaio, como forma de proteção do organismo.

É possível que as vítimas tenham perdido a consciência antes do impacto devido a essas forças G extremas ou à resposta intensa de 'luta ou 'fuga'. Quando o corpo está sob tal estresse, o fluxo sanguíneo para o cérebro pode ser insuficiente, levando à perda de consciência antes do momento crítico do impacto.
Caroline Daitx, perita e médica legista

Além da perda de consciência, o impacto da aeronave com o solo é outro fator que pode ter impedido a percepção da dor. De acordo com Daitx, quando o impacto com o solo é violento, pode causar politraumatismo severo. "O sistema nervoso central pode ter sido danificado de forma tão rápida e intensa que a percepção da dor não teve tempo de ocorrer", acrescenta.

Todas as vítimas morreram de politraumatismo, segundo o IML de São Paulo. "A morte é instantânea", disse Vladimir Alves dos Reis, diretor-geral do órgão, que também ressaltou que não houve condições para que os passageiros sentissem dor. O politraumatismo é definido por lesões múltiplas que ocorrem ao mesmo tempo em mais de um órgão ou sistema do corpo, em decorrência de um trauma.

Determinar se as pessoas estavam conscientes, no entanto, não é possível, segundo o diretor do IML. O Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, responsável pela identificação das vítimas, afirmou nesta quinta-feira (15) que a preservação das mãos da maioria dos passageiros mostra que eles podem ter sido alertados sobre a queda. Segundo o órgão, a maioria dos corpos estava na "posição de brace", com as mãos fechadas.

O IML concluiu a identificação de todas as vítimas. Entre ocupantes do avião estavam 58 passageiros e quatro tripulantes, além de um cachorro. Saiba quem são.

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