SP virou deserto? Há previsão de garoa, mas chuvas regulares estão longe

São Paulo enfrenta calor extremo e poluição severa, com alívio consistente e regular previsto apenas na segunda quinzena de outubro, segundo meteorologistas. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta de grande perigo para baixa umidade durante todo o dia de hoje, elevando o risco à saúde.

O que aconteceu

São Paulo está vivendo um dos piores momentos climáticos de 2024. O estado enfrenta temperaturas recordes e umidade do ar em níveis críticos, semelhantes ao deserto do Atacama. A cidade sofre com uma densa nuvem de fumaça vinda de incêndios florestais que assolam o Brasil e países vizinhos.

O Inmet emitiu um alerta de grande perigo para várias regiões, incluindo São Paulo. Com início às 13h do dia 10 de setembro de 2024, o aviso destaca que a umidade relativa do ar estará abaixo de 12%, representando grande risco de incêndios florestais e à saúde. O alerta se estende até as 18h e abrange boa parte do estado.

A população paulistana espera ansiosamente por chuva, mas a previsão não é animadora. Segundo a meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo, a regularidade das chuvas só deve retornar a partir da segunda quinzena de outubro. Até lá, o cenário de secura extrema, calor e poluição seguirá predominando na capital.

Há previsão de chuva para São Paulo domingo (15) e segunda (16). Chuvas isoladas podem ocorrer, mas não serão suficientes para melhorar significativamente a qualidade do ar. Domingo e segunda-feira há previsão de garoa para a capital, mas sem chuva forte. As temperaturas ficam entre 16ºC e 21ºC (domingo) e 14ºC e 18ºC (segunda). Segundo o Climatempo, apenas a partir de meados de outubro a cidade poderá ter pancadas regulares de chuva.

A qualidade do ar está severamente comprometida. Com índices de poluição "muito ruins", os moradores da cidade enfrentam problemas respiratórios agravados pela alta concentração de monóxido de carbono. A fumaça encobriu o céu de São Paulo, deixando o ar irrespirável.

Mapa de qualidade do ar da Cetesb mostra onde o ar esteve praticamente irrespirável neste domingo
Mapa de qualidade do ar da Cetesb mostra onde o ar esteve praticamente irrespirável neste domingo Imagem: Reprodução/Cetesb

Os piores índices de umidade do ar foram registrados em cidades no Mato Grosso do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Ao todo, nove cidades registraram índices menores do que 10%. Com isso, as cidades chegaram perto de registrar a umidade do ar como a do Atacama, no Chile, considerado o deserto mais seco do mundo, onde a taxa é de 5%. Outras dezenas de cidades registraram índices até 20% — o que é considerado muito abaixo do recomendado para a saúde.

Confira os índices de umidade do ar em SP:

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  • Barretos - 9%
  • Jales - 12%
  • Presidente Prudente - 13%
  • Valparaíso - 13%
  • Ariranha - 14%
  • Ituverava - 14%
  • São Carlos - 14%
  • Rancharia - 14%
  • Tupã - 14%
  • Lins - 15%
  • Pradópolis - 15%
  • São Simão - 16%
  • Barra Bonita - 17%
  • Bebedouro - 17%
  • Bauru - 18%
  • Bragança Paulista - 18%
  • Itapira - 18%
  • São Paulo - 18%
  • Avaré - 19%
  • Barueri - 19%
  • Ourinhos - 19%
  • Piracicaba - 19%
  • Iperó - 20%

Recordes de calor

Além da poluição, São Paulo está batendo recordes de calor. A cidade registrou 34,5°C no último domingo, a segunda maior temperatura do ano, e há expectativa de que novos recordes sejam quebrados nos próximos dias. A sensação de calor é intensificada pela umidade do ar, que chegou a 18%.

Os incêndios florestais são os principais responsáveis pela nuvem de fumaça. A queima indiscriminada em estados brasileiros e países como Paraguai e Bolívia está piorando as condições atmosféricas no Sudeste. Segundo especialistas, sem vento ou chuva, a fumaça tende a se concentrar ainda mais nos próximos dias.

O sol vermelho tem chamado a atenção dos paulistanos, mas o fenômeno é um sinal preocupante. A cor intensa do sol ao entardecer é causada pela alta quantidade de partículas de fumaça na atmosfera. Embora visualmente impactante, o fenômeno reflete a crise ambiental e de saúde pública vivida por São Paulo.

Enquanto isso, autoridades recomendam cuidados e a Defesa Civil faz um alerta para a possibilidade de propagação de incêndios. A população deve evitar atividades ao ar livre nos horários de maior calor, manter-se hidratada e procurar ambientes climatizados. A expectativa é que uma frente fria traga alívio para o estado no final de outubro, mas, até lá, São Paulo continuará enfrentando altas temperaturas e clima próximo ao de deserto.

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