Anic Herdy foi morta por estrangulamento com 'enforca-gato', aponta laudo

A advogada Anic Peixoto Herdy foi morta por estrangulamento causado por uma abraçadeira, também conhecida como enforca-gato. As informações constam no laudo de exame de necropsia ao qual o UOL teve acesso.

O que aconteceu

Anic foi morta por asfixia mecânica e depois enterrada, concluiu o perito. O corpo dela foi encontrado concretado no muro de uma obra em Teresópolis, no Rio, em setembro. A polícia foi levada até o local por Lourival Fatica, assassino confesso.

"Pela ausência de material terroso na árvore respiratória, quando enterrado o corpo estudado já era cadáver, ou seja, NÃO foi enterrado com vida", diz trecho do material. O laudo indica que o corpo ficou enterrado por pelo menos seis semanas.

Em seu primeiro depoimento, Lourival alegou à polícia que matou Anic com um soco no pescoço. Ele diz que o soco causou um sangramento intenso e que usou o enforca-gato, que estava em uma caixa de ferramentas no carro, para estancar o sangue.

A defesa de Lourival Fatica diz que ele reafirmou o uso da abraçadeira durante a reprodução simulada da morte de Anic. "O encontro de sangue no lençol com a marca do hotel arrecadado no local da ocultação do corpo confirma integralmente a versão do acusado quanto ao modo de execução do crime de homicídio", afirmou a advogada Flávia Fróes em nota.

Relembre o caso

Anic de Almeida Peixoto Herdy, 55, desapareceu em 29 de fevereiro
Anic de Almeida Peixoto Herdy, 55, desapareceu em 29 de fevereiro Imagem: Reprodução/TV Globo

Anic era casada com o professor Benjamin Cordeiro Herdy, 78, há 20 anos. Ele é dono de uma fortuna herdada do pai, que fundou o complexo educacional que deu origem à universidade Unigranrio, no Rio de Janeiro.

Lourival Correa Netto Fadiga, conhecido como "Fatica" ou "Gordo", era funcionário do marido de Anic e se passava por policial federal. Ele se aproximou da família há três anos e ganhou a confiança de todos, principalmente de Benjamin.

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Lourival diz que matou e escondeu o corpo de Anic no mesmo dia, em 29 de fevereiro. Imagens mostram Anic sozinha em um shopping de Petrópolis horas antes do crime. Ela deixou o local para se encontrar com Lourival em um motel, onde foi morta com um soco na traqueia. Segundo a advogada Flávia Froes, que defende Lourival, ele enrolou o corpo em um lençol e o carregou até o carro.

Suspeito diz que morte foi planejada e encomendada por marido. Lourival diz que ele e Benjamin Cordeiro Herdy forjaram um sequestro para encobrir o homicídio. "Era um pano de fundo para enganar a todos, inclusive a própria filha [de Anic e Benjamin, que relatou o sumiço], mas não foi o plano perfeito porque ela desconfiou e gravou uma conversa entre Lorival e o pai", afirmou Flávia Froes à Record.

A motivação do crime seria uma questão familiar, segundo Flávia, que não quis detalhar o assunto. A defesa diz que vai apresentar provas à polícia.

A defesa de Benjamin Cordeiro Herdy diz que a confissão de Lourival é "um ato de desespero e crueldade" e que ele tenta desestabilizar Benjamin e a filha Lara, que serão ouvidos pela polícia em breve. "Lamentavelmente, essa empreitada conta com o apoio da defesa, que deveria se limitar ao aspecto técnico. Talvez acreditando que o exercício do inafastável direito de defesa lhe confere imunidade absoluta, Lourival, por intermédio dos seus procuradores, há muito pratica reiterados abusos e excessos, incluindo-se, a toda evidência, a falsa imputação pública de crime a Benjamim", afirmou o advogado João Vitor Ramos em nota.

Lourival está preso desde abril. Ele não conseguiu um acordo de delação premiada, mas decidiu fazer a confissão para beneficiar os filhos Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga, que também foram presos por envolvimento no crime, e Rebeca Azevedo Santos, apontada como sua ex-namorada. "Essa colaboração se deve ao fato da verdade ser a única forma de libertar os três inocentes no processo, os dois filhos e Rebeca, que estão enredados inocentemente em um crime de sequestro", afirmou Flávia.

Como está a investigação da polícia

A polícia acredita que Lourival armou um sequestro para pegar dinheiro da família. Segundo a investigação, ele recebeu todo o dinheiro e chegou a comprar um carro avaliado em R$ 500 mil no nome da filha, Maria Luiza Vieira Fadiga, uma compra rastreada pela polícia.

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Após a prisão, ele afirmou que a morte e o falso sequestro foram armados por Benjamin. A polícia encontrou no celular de Benjamin mensagens de uma pessoa se passando por Anic. No texto, o criminoso dizia que não havia nenhum sequestro e que ela estaria fugindo com o amante.

Para realizar o crime, Lourival teria contado com a ajuda de filhos e da companheira, segundo as investigações. Dezenas de ligações entre os suspeitos foram identificadas no dia do crime. Todos foram denunciados pelo Ministério Público: os filhos Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga, além da companheira Rebecca Azevedo dos Santos e do próprio Lourival.

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