Movimentos sociais denunciam violência da PM contra população de rua em SP

Participantes de movimentos sociais pela defesa da população de rua denunciaram uma ação da Polícia Militar de São Paulo contra pessoas desabrigadas na manhã deste sábado (7), na Praça do Patriarca, nas imediações da sede da Prefeitura da capital, na região central.

O que aconteceu

Vídeos gravados por testemunhas mostram uma mulher grávida desmaiada, e um agente jogando um homem no chão e aplicando um mata-leão em seguida. O homem foi levado à delegacia, acusado de desacato e resistência, segundo boletim de ocorrência obtido pelo UOL. Ele já foi liberado.

O Movimento Nacional de Luta em Defesa da População em Situação de Rua repudiou a abordagem policial. "Os vídeos gravados no momento são claros e demonstram o quanto os policiais militares foram exageradamente agressivos, atingindo inclusive uma mulher grávida, uma mãe e seu filho menor de idade e até mesmo a equipe do Seas (Serviço Especializado de Abordagem Social), que estava no local realizando seu trabalho e foi atingida diretamente com jatos de gás de pimenta", disseram em nota.

Após o caso, representantes pediram ampliação do uso de câmeras corporais pela PM. "O que nós vimos hoje na Praça do Patriarca é um desrespeito, uma violação do direitos humanos", disse Anderson Miranda, coordenador do Ciamp (Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para População em Situação de Rua) do Ministério dos Direitos Humanos. "Senhor governador, pedimos que coloque as câmeras para que a população não seja mais violada de seus direitos."

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado disse que o homem ameaçou os agentes e "tentou interferir nos trabalhos". " Ao ser abordado, resistiu e precisou ser contido com algemas, momento em que mordeu um dos policiais, causando ferimentos leves. O agente foi encaminhado ao Hospital Emílio Ribas para avaliação médica, e o suspeito foi levado ao 8º Distrito Policial (Brás), onde foi autuado. A Polícia Militar analisa as imagens do ocorrido e, caso sejam comprovados excessos, as devidas providências serão adotadas para responsabilização dos envolvidos", disse o órgão.

O uso do golpe mata-leão é proibido pela PM-SP desde 2020.

Casos de violência policial repercutiram no último mês

No domingo (1º), um PM jogou um homem de uma ponte na zona sul da capital paulista durante abordagem. O agente foi preso na manhã desta quinta e, segundo Tarcísio, será expulso da corporação.

Na quarta (4), uma idosa e seu filho foram agredidos por um policial em Barueri. No dia 20, o universitário Marco Acosta foi morto por um PM na Vila Mariana. Em 5 de novembro, um menino foi morto durante uma operação em Santos. Dois dias antes, um jovem foi morto com 11 tiros nas costas por um PM de folga.

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São Paulo teve 678 mortes cometidas por agentes de segurança até outubro. Levantamento do UOL com base em dados da Secretaria da Segurança Pública mostra que o número é mais que o dobro do que o de 2022, ano anterior à gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Ontem, governador admitiu que discurso dele dá "direcionamento errado" à tropa. "Nosso discurso tem peso, isso é fácil de ser percebido hoje. Tem uma reflexão profunda que tem que ser feita, de fato", disse ele em evento. A declaração contrasta com outra, de março deste ano, quando Tarcísio disse "tô nem aí" sobre denúncias de violência policial durante operação na Baixada Santista.

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