Facada, sangue, carro: o que falta esclarecer sobre o caso Vitória
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Vitória Regina de Sousa, 17, foi encontrada morta em Cajamar (SP) no início de março, após desaparecer ao voltar do trabalho. O principal suspeito confessou o crime, mas a investigação ainda precisa esclarecer detalhes cruciais, como a origem de uma terceira facada e se ele realmente agiu sozinho.
O que aconteceu
A Polícia Civil de São Paulo confirmou que Maicol Antonio Sales dos Santos é o autor do assassinato de Vitória. O homem, preso preventivamente, confessou o crime, mas sua versão apresenta inconsistências que ainda estão sendo analisadas. Segundo os investigadores, ele era "obcecado" pela jovem e a monitorava nas redes sociais desde 2024.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Vitória foi morta com três facadas — no tórax, pescoço e rosto — e que a causa da morte foi hemorragia traumática. A princípio, Maicol afirmou ter desferido apenas dois golpes, mas a perícia revelou um terceiro ferimento que ele não mencionou em seu depoimento.
A confissão de Maicol indicou que o crime foi premeditado. Ele sabia que o carro do pai da jovem estava quebrado, o que significava que Vitória precisaria fazer o trajeto a pé. Segundo a investigação, o suspeito aproveitou esse momento para abordá-la e atraí-la até seu carro.
O que ainda falta esclarecer
Apesar das descobertas, a polícia ainda investiga questões fundamentais:
- Qual foi a origem da terceira facada? Maicol afirmou que desferiu apenas dois golpes -- um no pescoço e outro no peito --, mas o laudo do IML confirmou uma terceira perfuração no rosto da vítima. A polícia busca entender se esse golpe ocorreu antes ou depois da morte e por que o suspeito omitiu esse detalhe em sua confissão.
- Maicol realmente agiu sozinho? O delegado afirmou que não há indícios de outros envolvidos, mas as investigações iniciais consideravam a participação de terceiros. Além disso, testemunhas disseram ter visto um carro seguindo Vitória na noite do desaparecimento, o que ainda levanta dúvidas.
- O sangue encontrado no carro é de Vitória? Vestígios de sangue foram localizados no porta-malas do Toyota Corolla de Maicol. O exame de DNA ainda está em andamento para confirmar se pertencem à vítima.
- Onde, exatamente, o crime aconteceu? A polícia acredita que Vitória foi morta dentro do carro do suspeito, mas ainda busca entender se o corpo foi movido antes de ser abandonado na mata. O suspeito levou a vítima para casa antes de levá-la até a área onde foi encontrada.
Novos detalhes da investigação
Maicol tentou ocultar provas. Após o crime, o suspeito:
- Levou o corpo para casa e o escondeu no porta-malas;
- Despiu a vítima e a enterrou em uma cova rasa, cobrindo-a com pedras perto do trevo de Jundiaí (SP);
- Jogou a faca usada no crime em um rio, onde ainda não foi encontrada;
- Foi trabalhar normalmente no dia seguinte;
- Queimou os pertences da vítima e descartou os restos em um saco de lixo;
- Lavou o carro para eliminar vestígios, mas a perícia encontrou sangue.
A Polícia Civil aguarda os laudos periciais finais para concluir o inquérito e apresentar o caso ao Ministério Público. As dúvidas sobre a origem da terceira facada, o motivo do cabelo raspado e a possibilidade de outros envolvidos precisam ser completamente esclarecidas antes do encerramento da investigação.
Relembre o caso
Vitória Regina de Sousa desapareceu na noite de 26 de fevereiro, após sair do trabalho em um shopping de Cajamar, na Grande São Paulo. Antes de sumir, enviou mensagens para uma amiga dizendo que estava com medo, pois acreditava estar sendo seguida. Câmeras de segurança registraram a jovem pegando um ônibus, e testemunhas relataram ter visto um carro a seguindo após o desembarque. Seu corpo foi encontrado no dia 5 de março, em uma área de mata, com sinais de tortura, cabelo raspado e ferimentos de faca.
A investigação levou à prisão de Maicol Antonio Sales dos Santos, que confessou o crime e admitiu ter esfaqueado Vitória. Segundo a polícia, ele era um stalker que monitorava a vítima desde 2024, acompanhando suas postagens nas redes sociais. Em seu celular, foram encontradas cerca de 50 fotos de mulheres parecidas com Vitória, além de imagens de facas e um revólver. A perícia identificou vestígios de sangue no porta-malas de seu veículo, um Toyota Corolla, reforçando a suspeita de que o assassinato ocorreu dentro do carro.
Maicol teve a prisão temporária decretada em 8 de março, e, após novas evidências, a Justiça converteu a detenção em prisão preventiva. Apesar da confissão, a investigação ainda busca esclarecer pontos cruciais, como o motivo do cabelo raspado da vítima e se o suspeito realmente agiu sozinho. O caso segue em andamento, e a polícia aguarda os laudos periciais finais para concluir o inquérito.
5 comentários
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Georgina Cerqueira Mendes
Muita precipitação em fechar o caso após confissão. A defesa do suspeito usa as proprias falhas do depoimento, para demonstrar comprometimento no inquerito. A miidia excessiva com detalhes, e também excesso de COLETIVAS dada pelos delegados fortalecem defesa!
Júlio Pereira
O que falta esclarecer mesmo, é porque a Patrícia Poeta , interrompeu o programa para constranger o pai da vítima, afirmando que a moça tinha sido morta pelo ex namorado do namorado dela. De onde a Globo tirou essa notícia?
Milton Cesar Bertoloni
Se matou no carro e ai deveria ter bastante sangue, como a pericia não achou uma boa quantidade ?? A perícia foi falha ou ele mentiu?