Republicanos abre mão de lançar Russomanno se tiver voz na Prefeitura de SP
O Republicanos pode abrir mão da pré-candidatura do deputado federal Celso Russomanno a prefeito de São Paulo caso tenha "voz na governabilidade", diz o presidente municipal do partido, Marcos de Alcântara. Em entrevista ao UOL na última segunda-feira (31), ele ressalta que o partido está "decidido a lançar candidatura".
Mas deixa espaço para reviravoltas: "Acho que existe, sim, uma possibilidade de haver mudanças no quadro, não só do Republicanos como de todos os outros partidos. Até o final das convenções e o registro das candidaturas, tudo pode acontecer".
Há conversas para que Russomanno integre uma chapa com o atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB). A decisão deve ficar para a data-limite, em 16 de setembro.
O Republicanos fazia parte da administração tucana na prefeitura. Mas, com as conversas sobre Russomanno, o partido se desligou da gestão. "Na administração com o Bruno, nosso espaço no governo era pequeno, modesto. Mas nós tínhamos voz. O secretário de Habitação, João Farias, tinha liberdade para poder aplicar a política republicana ali no espaço que tinha", diz Alcântara.
Agora, como vice-prefeito, a gente precisa de voz. Se tiver voz, acho que vale a pena [dar o apoio], desde que a gente tenha uma ideologia, tenha um mínimo de compatibilidade de ideologia
Marcos de Alcântara, presidente municipal do Republicanos
Russomanno aceitaria ser vice?
O dirigente, que irá coordenar a campanha de Russomanno caso ela seja confirmada, diz que "houve conversas da parte do PSDB" sobre uma aliança. "Acho que há mais um interesse do PSDB em tirar a campanha do Celso. Acho que há um interesse maior da parte deles do que da nossa parte."
Segundo Alcântara, "a composição é possível dos dois lados, tanto daqui para lá quanto de lá para cá, como, desde que o tema da governabilidade seja discutido de maneira clara". "Precisa ser discutido isso de maneira clara." Em conversas com o UOL, membros do PSDB dizem que o Republicanos pede mais espaço dentro do governo.
"O Bruno quer nosso apoio de vice. Eu também acho que o Bruno seria um bom vice para a gente. Faz parte do jogo", diz Alcântara. "Acho que ninguém tem [certeza sobre candidatura]. Acho que nem o Bruno tem. Acho que ninguém tem 100% de que será candidato. Tudo pode acontecer. Uma infecção com coronavírus pode tirar alguém do páreo. Acho que até o último dia das convenções muita coisa pode acontecer."
Para ele, não seria um problema o deputado ser vice em uma chapa. "Ele é um soldado do partido", diz. "Se o partido entender que existe um caminho que seja melhor para a sociedade e ter que tomar uma decisão, eu tenho certeza que o Celso, como um bom soldado, ele vai aceitar a diretriz do partido."
Perda de eleitores para Russomanno
O presidente diz que "não ter uma candidatura do tamanho da do Celso em um partido do tamanho do Republicanos não é natural". Mas os números mostram que o parlamentar tem perdido força nas últimas eleições.
Russomanno já disputou a Prefeitura de São Paulo em duas oportunidades. Em 2012, o deputado conseguiu cerca de 1,3 milhão de votos. Em 2016, ele conquistou praticamente metade: pouco menos de 790 mil.
A sangria também atingiu sua performance na Câmara. Em 2014, ele conquistou cerca de 1,5 milhão de votos. No pleito seguinte, ele foi reeleito com um terço disso: pouco mais de 520 mil votos. "Há quem diga que ele perdeu 1 milhão de votos para deputado. Meu irmão, perder um milhão de votos e ainda ter 500 mil não é para qualquer um."
A meta do partido é que Russomanno alcance pelo menos um quinto do eleitorado para estar no segundo turno do pleito. "Eu fiz uma pergunta para o Celso: 'qual a porcentagem dos seus eleitores que são consumidores? Porque sua plataforma é a defesa do consumidor'. Ele falou: '100%'. 'Então, pronto: levanta tua bandeira e vamos atrás de pelo menos 20% dos votos para ir ao segundo turno'."
Silêncio
Russomanno já ficou estigmatizado como o candidato que começa as campanhas na liderança segundo as pesquisas, mas não consegue manter o desempenho até o dia do pleito. Até o momento, os principais institutos de pesquisa —Datafolha e Ibope— não divulgaram levantamentos sobre a disputa neste ano.
Neste ano, o deputado está mais quieto em relação às últimas pré-campanhas. A própria pré-candidatura de Russomanno foi anunciada há cerca de um mês, mas ele não se manifestou. "O time que está perdendo é que tem que mudar. E já mudou com uma observação sua: ele está quieto desta vez. Já é uma mudança. Acho que é uma mudança de postura", diz Alcântara.
Acho que é uma postura diferente que ele tomou. Acho que, depois de tentar duas vezes, ele já está mais maduro. Ele é um nome conhecido por toda a cidade. Acho que barulho precocemente não é a questão agora
Marcos de Alcântara, presidente municipal do Republicanos
Vai ter Bilhete Único proporcional?
O presidente também diz que uma das metas é ter mais "clareza" nas mensagens. Em 2012, a candidatura de Russomanno perdeu fôlego em razão da proposta de mudança no Bilhete Único, tornando-o proporcional ao trajeto de ônibus.
"A ideia do Bilhete Único em 2012 era muito boa. Acabou distorcida e não foi bem explicada. Acho que a clareza na campanha é fundamental", diz. Alcântar não soube dizer se a proposta será feita de novo. "Vamos aguardar o plano de governo e nosso tempo de poder explicar. Ele como candidato precisa avaliar isso melhor."
Mudança de data
As especulações sobre se a pré-candidatura de Russomanno poderia cair foram feitas após uma mudança na data da convenção. Inicialmente prevista para a próxima quinta-feira (10), ela foi transferida para 16 de setembro.
O presidente do Republicanos diz que a data ia ser usada "como simbologia", já que o número é o mesmo do partido nas urnas. "Mas, como as coisas não estão prontas e até o dia 10 nós teríamos poucos dias para fazer, eu poderia buscar a simbologia do dia 10 e fazer algo feio. Vamos buscar mais tempo e fazer algo bonito."
A entrevista foi feita antes das denúncias contra o prefeito carioca Marcelo Crivella (Republicanos) sobre uso de servidores para prejudicar o trabalho da imprensa, que motivou um pedido de abertura de processo de impeachment, negado pela Câmara na quinta por um placar apertado. Ainda assim, Alcântara já dizia que as polêmicas na gestão do Rio não devem ter influência sobre uma candidatura de Russomanno. "São pessoas diferentes, de perfis diferentes, berço diferente, cultura diferente, religiões diferentes", diz. "A única coisa em comum é o partido."
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