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Candidatas do PSOL em BH sofrem ataques racistas em evento online

As candidatas à Câmara de BH Tainá Rosa (à esq.) e Lauana Nara (PSOL) - Reprodução/Allan Calisto
As candidatas à Câmara de BH Tainá Rosa (à esq.) e Lauana Nara (PSOL) Imagem: Reprodução/Allan Calisto

Bruno Torquato

Colaboração para o UOL, em Betim (MG)

27/09/2020 04h00

As candidatas a vereadoras pelo PSOL em Belo Horizonte Tainá Rosa e Lauana Nara sofreram ontem ataques racistas em uma plenária realizada pela internet. Durante a transmissão, o chat da plataforma foi usado para envio de ofensas racistas, como "brancos no topo" e "negro macaco".

Enquanto permaneceram na sala virtual, os autores ainda difundiram músicas de apologia ao estupro, segundo as candidatas. Ao UOL, Tainá e Lauana informaram que farão um boletim de ocorrência. "Racismo não tem desculpa ou medidas pedagógicas, então não faria sentido não responsabilizar", disse Tainá.

"Por mais que nos autoafirmemos como mulheres negras, esses ataques são gatilhos enraizados, já que sempre sofremos racismo. Foi muito difícil nos concentrar novamente e voltar para o objetivo do evento, que era discutir propostas para BH", conta Lauana.

Em razão dos ataques, a plenária teve que ser transferida para uma transmissão ao vivo no Facebook.

Elas disseram que sempre que excluíam da plataforma Zoom uma pessoa que fazia os ataques, outra já retomava as ofensas. "Foi uma coisa orquestrada", acredita Tainá.

As duas fazem parte do projeto Mulheres Negras Sim, que se auto intitula como pré-candidatura compartilhada com objetivo de "ocupação das mulheres negras na Câmara Municipal de Belo Horizonte".

Em campanha online, elas já arrecadaram mais de R$ 7.000 para fazer frente às despesas do período eleitoral.

"São inadmissíveis os discursos de racistas, machistas, fascistas e ódio que ameaçam as candidaturas negras, sendo as mulheres negras os principais alvos", afirmou Maria da Consolação, presidente do PSOL em Minas Gerais. "Tomaremos as providências necessárias para responsabilização daqueles que desprezam a democracia", afirma ela, em nota.