Porto Alegre: candidatos mudam alvo e trocam Marchezan por Manuela D'Ávila
A ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) foi a mais visada nos ataques entre os candidatos que disputam a Prefeitura de Porto Alegre em debate na noite de hoje.
A política, que disputou a vice-presidência da República ao lado de Fernando Haddad (PT), chegou a ser chamada de traidora, "sonsa" e que teria que "estudar mais". Manuela ficou mais na linha de tiro do que o atual prefeito da cidade, Nelson Marchezan (PSDB), que há quatro dias chegou a ser chamado de roteirista de filme de ficção" em debate em sistema drive-in.
O primeiro a atacar Manuela foi Rodrigo Maroni (PROS). O político afirmou que a candidata criou um "gabinete de ódio" no PCdoB, que obrigava as pessoas a "falar bem" dela. Em seguida, Maroni salientou que ela traía outros políticos, inclusive a deputada federal Maria do Rosário (PT). "Tu te diz feminista e te direcionava a Maria do Rosário de forma absolutamente não feminista."
Manuela rebateu. "Como vocês podem perceber em casa, tem gente que vem para a eleição apenas para faltar com a verdade, para mentir, para tentar desestabilizar o debate de ideias", salientou, dizendo em seguida o que iria fazer a partir de 1º de janeiro.
Logo após, Maroni voltou a atacar a comunista. "Olhem na internet, pessoal, convido o pessoal a olhar o discurso da Manuela na época em que ela foi vice do governo [Antonio] Britto, o que ela falava da Maria do Rosário", salientou. "Eu sempre vejo o seguinte, quem trai ou quem pega o BO (Boletim de Ocorrência), tem que realmente se fazer de sonsa e que diz não entendeu, esse é o papel natural de quem tem culpa", disparou Maroni.
Na sequência, foi a vez de João Derly (Republicanos) direcionar o dardo em Manuela. Inicialmente, o político perguntou como a comunista faria para a população participar de seu governo. Após a resposta dela, Derly disparou: "Bonito o discurso, a esquerda tem esse discurso. Já estive no PCdoB, sei que tem o centralismo democrático [sistema de organização interna no qual todos os membros cumprir a decisão sob pena de sofrerem sanções]. Como vai chamar a população, se no próprio partido não tem isso." Em seguida, Manuela argumentou que não dirigia o partido.
Nem mesmo o atual prefeito Nelson Marchezan poupou munição à Manuela. A comunista criticou a demissão de trabalhadores de 1.200 trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) pelo tucano. "Com essa demissão a gente fez um limão, uma limonada. Ampliamos, só neste ano, com a pandemia, em 20% o atendimento [nos postos de saúde]", salientou Marchezan.
Manuela também partiu para o ataque. "O déficit social da Prefeitura de Porto Alegre com o nosso povo é tremendo. Em primeiro lugar porque só se governou durante três meses. Não se escutou ninguém, não se escuta trabalhadores de educação para debater volta às aulas, não se reuniu com a turma do Imesf, como a criação de empresa pública", disse a candidata.
Marchezan salientou que em "hipótese nenhuma" criaria uma empresa pública. "Cem mil porto-alegrenses tiveram mais acesso ao SUS, acessos novos que não tinham. Foram 200 mil consultas a mais do que tinha antes. Então, a senhora tem que estudar um pouquinho mais para vir com dados mais adequados. Viajar menos, porque a senhora vai ver o trabalho dos outros três anos", alfinetou Marchezan.
"Fala o que você quiser", diz candidato a adversário
O debate começou de forma embaraçosa. Ao questionar João Derly (Republicanos), Rodrigo Maroni (PROS) apenas disse "fala o que quiser", sem nem ter utilizado o tempo para a pergunta. O apresentador chegou a questionar: "essa é pergunta?", o que foi confirmado com um balançar de cabeça.
Derly ficou sem jeito, arregalou os olhos e suspirou antes de começar a responder. "Falar o que eu quiser? Acho que eu vou falar da minha história."Ao voltar a falar, Maroni disse que a política é um espaço de "muita demagogia, muita mentira" e que, durante o processo eleitoral, os candidatos "falam o que está combinado com seu publicitário, o que é bacana falar, o que vai gerar voto". Em seguida, o político devolveu a fala para Derly.
Ao longo do debate, alguns candidatos deixaram os embates de lado para falar com o adversário em tom conciliador. Irritada com isso, Fernanda Melchionna (PSOL) salientou que esses políticos estavam tentando transformar as eleições em "chá de comadres e não vendo a situação de Porto Alegre e no país". Em seguida, a psolista argumentou que parte dos candidatos não traria renovação na prefeitura. "É verdade que temos quatro candidatos que foram prefeitos e vice-prefeito. Você também tem responsabilidade pelo buraco que está Porto Alegre."
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