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França: Se prefeito de SP não tiver pulso, haverá quebra-quebra e violência

Luana Massuella

Colaboração para o UOL

03/11/2020 11h56

Márcio França, candidato pelo PSB à Prefeitura de São Paulo, disse hoje que um gestor da capital tem "obrigação de antecipar os fatos" e que prevê um cenário de violência se a atual gestão da capital não mudar.

Posso garantir para vocês, se nós não tivermos um prefeito com muito pulso e muita criatividade aqui em São Paulo, nós teremos manifestações graves a partir de janeiro, com quebra-quebra, com violência, evidentemente. Porque as pessoas não vão suportar a fome.

Ele participou hoje da sabatina promovida pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, comandada pelo colunista do UOL Diogo Schelp e Camila Mattoso, editora do "Painel", da Folha.

França falou que a atual gestão "é uma tragédia anunciada" e, por isso, se sentiu na obrigação de colocar seu nome à disposição. "Tem sido muito difícil você torcer para os governantes, porque o que eles mais fazem é errar. Esse episódio da pandemia, foi uma saraivada de erros, meio precoce assim, parece uma coisa meio de amadores", disse.

O candidato ainda afirmou que, se ele não for eleito, possivelmente será Covas, que ele disse ser "refém de um grupo de vereadores que tomaram conta da prefeitura, ele [Covas] apenas deixa rolar."

Posicionamento político

Questionado como se define politicamente, o candidato do PSB se disse progressista, com convocação "mais social".

"Quando eu estava em Brasília, as pessoas diziam que eu era muito tucano. Quando eu estou em São Paulo, diziam que sou muito petista. Já tentaram me colocar em vários lugares, mas eu sempre estive no mesmo lugar, que é essa posição de um único partido, filiado a vida inteira. Minha função é estar num partido que eu acredito, portanto nesse espectro normal da política, seria mais à esquerda", disse.

Sem relação com Bolsonaro

Questionado se faria campanha com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele disse que seria até "esquisito". "Como eu faria? Ele não tem nenhum vínculo partidário comigo. Nós não temos nenhuma relação de afinidade. A troco do que eu faria campanha para o Bolsonaro? Não tem muita lógica, não tem muito sentido. Nós não temos esse grau de intimidade", disse.

Para França, a ala militar pode ser um ponto em comum entre seus eleitores e os de Bolsonaro. "Eu fui muito apoiado pela Polícia Militar de São Paulo, pela Polícia Civil, os policiais pegaram um certo carinho por mim, em função de algumas ações de prestígio nas ações deles", falou.

Polícia em caso de agressão familiar

O candidato voltou a falar sobre uma declaração dada em 2018, em que dizia que "a Polícia Militar de São Paulo poderia ser mais eficiente se não tivesse que atender a tantas brigas domésticas", citando a "desinteligência" como caminho para otimizar o serviço da polícia.

"Qualquer tipo de agresssão familiar é caso de polícia, tem que prender", disse ele na sabatina, afirmando que "desinteligência", o termo usado por ele, é pouco compreendido. "A desinteligência é qualquer tipo de discussão, no trânsito, com vizinhos, bar. A desinteligência existe aos milhares nas ruas da cidade, e nem todos esses casos precisariam ter polícia, porque poderíamos ter especialistas para esses temas", disse, dando como exemplo a Guarda Civil Metropolitana.

França foi governador de São Paulo de 2018 até 2019. Assumiu o cargo após Geraldo Alckmin (PSDB) renunciar para concorrer à Presidência. Nas últimas eleições ao governo, obteve mais de 10 milhões de votos paulistas, mas perdeu a disputa para João Doria (PSDB). Também foi prefeito de São Vicente, no litoral de São Paulo, por duas vezes, em 1996 e em 2000.