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Ex-aliado, Messina diz suspeitar de relação de Crivella com QG da Propina

Luana Massuella

Colaboração para o UOL

06/11/2020 15h58

Ex-secretário da Casa Civil de Marcelo Crivella (Republicanos), Paulo Messina, candidato à Prefeitura do Rio pelo MDB, disse que achava "muito suspeita" a postura do prefeito que, segundo ele, o pressionava para priorizar pagamentos de empresas com créditos a receber relativos à gestão anterior. O MP-RJ (Ministério Público do Rio) investiga Crivella em decorrência de suposto esquema de propina para a liberação de pagamentos da prefeitura a empresas.

"Em 2019, eu não tenho elemento para dizer: 'É propina'. Se você pegar os meus discursos de plenário, eu digo o seguinte: 'É muito suspeito'. Mas também não vou tomar um processo de bobeira. Então eu falo: 'É muito suspeito o que eles estão fazendo', pagando DEA [despesas de exercícios anteriores] quando não é pra fazer", afirmou ele na sabatina do UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, conduzida por Silvia Ribeiro, editora do UOL, e Catia Seabra, repórter da Folha de S. Paulo.

Durante sua passagem pela gestão Crivella, Messina —que era chamado de "primeiro-ministro" em razão de sua influência na prefeitura— chegou a responder pela Comissão de Planejamento Financeiro e Gestão Fiscal da Prefeitura do Rio. Mas, a partir de novembro de 2018, Crivella assumiu o controle dessa comissão.

"Ele passa a controlar a liberação direta daquilo a partir do final de 2018, então certamente a liberação de pagamentos foi feita por ele, sem dúvida nenhuma", disse. Messina afirmou que hoje, após a investigação do MP-RJ, cogita "com muito mais força" que os pagamentos a empresas que, segundo ele não tinham a prestação de serviço comprovada, envolveram propina.

O prefeito do Rio sempre negou irregularidades ante a investigação do MP-RJ. O candidato disse ter prestado depoimento à promotoria na condição de testemunha e que não teve nada a ver com o suposto esquema.

"Uma das condicionantes que eu aceitei ir para essa Casa Civil foi a carta branca do Crivella para a gente montar a estrutura técnica da prefeitura. E eles queriam controlar muito mais espaço, queriam controlar contratos de publicidade, eventos, e várias outras áreas da prefeitura, e nós não deixamos", disse.

Rompimento com Crivella

O candidato pelo MDB afirmou que o rompimento com Crivella tem relação com elementos que vieram à tona a partir da investigação de QG da Propina, mas também se deve a outras questões.

"Essa questão do pagamento dessas empresas de resto a pagar, elas estão num bolo muito maior de coisas. É pracinha, é campo de futebol, é secretaria para vereador, é um desmonte da estrutura técnica financeira da prefeitura", enumerou.

"Ele [Crivella] criou uma secretaria que existe até hoje: Secretária de Eventos, Parques e Jardins e Idoso. Uma secretária só, que tem sete vereadores ali atendidos. Eu fui contra isso", criticou.

Messina diz que ficou sabendo pela imprensa do caso que levou o TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) a condenar Crivella por abuso de poder político e conduta vedada, tornando-o inelegível até 2026. O prefeito obteve uma liminar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"As coisas que eram complexas, que obviamente eram erradas, a gente não sabia. Ele fazia e a gente só ficava sabendo depois. Não só essa questão da Comlurb, como o evento da Márcia também. No fundo, sabe aquela criança que sabe que se perguntar pro pai, o pai vai reclamar, e ela vai lá e faz sem falar? A impressão que eu tenho é essa."

Messina sobre Cabral: 'Não tenho nada a ver com isso'

Questionado sobre casos de corrupção envolvendo o MDB, como no governo de Sérgio Cabral (MDB), Messina disse que "não tem nenhum compromisso com o passado do partido".

"A gente tem um passado recente com o Cabral, agora quem tem que estar aqui explicando Cabral para vocês é Eduardo Paes. Eu não tenho nada a ver com isso", disse. "Não tenho nenhum compromisso com o passado do partido, respondo com a minha história", disse.