Atraso nos resultados das eleições inspira teorias da conspiração
Em um acontecimento raro, o domingo de primeiro turno das eleições municipais termina com atraso na divulgação de resultados oficiais em diversas cidades. Na internet, a demora, causada por um problema na divulgação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), gerou teorias da conspiração.
Segundo o tribunal, houve uma falha com o processador na divulgação dos resultados em Brasília. O órgão explicou que isso não afeta a consolidação dos votos, mas parte dos usuários das redes sociais preferiram acreditar em suposições.
Até a candidata a prefeita de São Paulo Joice Hasselmann (PSL) levantou suspeitas sobre o problema ao falar que era "muito estranho" e que teria "todo o cheiro" de fraude. O Twitter já marcou a postagem da candidata como "contestada".
Também no Twitter, o filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez a mesma acusação e disse ter protocolado um Projeto de Lei para "que o TSE só apure e divulgue resultados com 100% das urnas do país fechadas e boletins de urna enviados por todos estados".
Mais cedo, o e-Título, aplicativo de celular do TSE que traz o título de eleitor digitalizado também gerou reclamações após apresentar instabilidade. O problema atrapalhou os eleitores a justificarem a ausência na votação e obrigou algumas pessoas a peregrinarem em busca de suas seções eleitorais.
Para especialistas ouvidos pelo UOL durante a transmissão ao vivo deste domingo, o evento mostra como o Brasil ainda não está preparado para avançar para o voto por celular, mas ainda é um passo importante do TSE.
"O Brasil não fez dever de casa de ter identidade digital unificado e seguro que permita que esse voto pelo celular não seja atacado e gerar situações de fraude preocupantes", disse o colunista de Tilt Carlos Affonso de Souza. "Se a gente tem dificuldades com urna eletrônica hoje, imagina quando cada um puder votar pelo celular. Aí as fronteiras entre tecnologia e magia ficam cada vez mais tênues e abrem fronteiras para imaginação."
Ele ressalta que quanto mais o Brasil avançar para um processo eleitoral cada vez mais tecnologia, mais essas teorias e suspeições tendem a aparecer.
"O grande problema disso é que acaba ensejando para teorias conspiratórias e agora no Twitter a candidata do PSL Joice Hasselmann respondendo a um comentário de uma leitora e ela pergunta: 'Fraude? Será? Tem todo cheiro'", ressaltou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto durante a live.
Os colunistas e especialistas que participaram da transmissão criticaram o que chamam de explicação "obscura" do presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso. Segundo eles, a falta de clareza facilita o surgimento desses questionamentos.
Candidatos desistiram do discurso
O atraso também fez com que candidatos desistissem de discursar. Em São Paulo, Márcio França (PSB) decidiu acompanhar a apuração com a família em seu apartamento na Vila Mariana, zona sul da capital. A expectativa era que recebesse a imprensa que aguardava à frente do prédio e, em caso de ida ao segundo turno, fosse a um evento em um sindicato. Não aconteceu.
O único a se pronunciar foi o coordenador da campanha, Anderson Pomini, por volta das 21h30, quando o resultado de São Paulo ainda estava represado em 0,39%. Ele afirmou que, apesar da desfavorável pesquisa de boca de urna, o candidato esperaria o resultado oficial para se pronunciar.
Pouco depois das 22h, com quase 40% das urnas divulgadas e a manutenção de França em terceiro, a assessoria de comunicação deixou o local e avisou que, por causa do atraso, ele não se pronunciaria nem em caso de ida ao segundo turno.
Jilmar Tatto (PT) também decidiu não comparecer ao Diretório Municipal do PT em São Paulo, onde era aguardado para se pronunciar sobre as eleições. A agenda previa que o candidato fosse ao local a partir das 17h, mas decidiu acompanhar a apuração da sua residência, na Vila Mariana.
Ele se pronunciou em seu Twitter no fim da noite do domingo. Tatto agradeceu os votos que recebeu, "conquistados por uma militância corajosa, que acreditou e lutou até o último segundo para defender a nossa candidatura, o nosso legado e, principalmente, reconectar o PT com o povo mais pobre de São Paulo".
Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), que foram ao segundo turno, fizeram seus discursos depois das 23h, com a consolidação na cidade. Celso Russomanno (Republicanos) também falou com a imprensa quase à meia-noite.
* Colaborou Amanda Rossi, do UOL, em São Paulo.
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