Topo

Vice de Covas se defende na Câmara, mas mente sobre sabatina no UOL

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

25/11/2020 18h35Atualizada em 25/11/2020 19h55

O vereador Ricardo Nunes (MDB), vice de Bruno Covas (PSDB) na chapa que disputa a Prefeitura de São Paulo, foi à tribuna da Câmara Municipal de São Paulo para se defender de acusações feitas durante a campanha eleitoral. Mas mentiu quando disse que não foi convidado pelo UOL para participar de sabatina de hoje.

"Eu vi o senador Suplicy falando com relação a uma sabatina do UOL, eu não recebi nenhum convite", disse em resposta ao vereador Eduardo Suplicy (PT). "Com relação a falar com a Luiza Erundina, não teria problema nenhum em falar. Não teria nenhum problema. A minha vida é totalmente aberta", discursou.

Na segunda-feira, o UOL procurou a campanha de Covas e a de seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL), para sugerir o formato de sabatina após ter sido negado que fosse feito um debate entre os vices nas chapas. A reportagem optou por borrar os nomes para não expor os envolvidos.

whatsapp uol debate -  -
A equipe de Luiza Erundina (PSOL) aceitou a participação, que ocorreu hoje. Já a assessoria de imprensa da campanha tucana informou que ele não compareceria por problemas de agenda, "totalmente comprometida em reuniões, encontros e visitas aos bairros".

O UOL mantém o convite para o político ser sabatinado. A assessoria da campanha foi novamente procurada, mas ainda não se pronunciou.

Defesa na tribuna

Em sessão extraordinária da Câmara hoje, Nunes utilizou sua fala para se defender das acusações de superfaturamento em aluguel de creches e de violência doméstica, que já foi muito citada por adversários, inclusive antes do primeiro turno.

Sem mencionar o nome de Boulos, disse que as acusações são "ataques desleais" e "descabidos". "Eu não tenho nenhum processo. Nenhum. Vinte e cinco anos de empresa, oito anos de mandato, não tenho um processo. Estão falando que tem denúncia de locação de prédio, não tem uma denúncia."

"O que existe [...] foi que no ano passado, durante a CPI da sonegação tributária [...], naquele momento apresentaram uma denúncia anônima. Está há mais de um ano lá no Ministério Público e nunca fui chamado", diz.

Em outubro, a Folha revelou que Nunes utilizou recursos recebidos dos cofres públicos municipais para pagar empresas investigadas na máfia das creches e também a uma dedetizadora pertencente à família do vereador.

Sobre a denúncia de violência contra a sua mulher, Regina Carnovale, Nunes também negou. Disse já ter encontrado esposa e filhas chorando por causa das acusações. "Estão falando até em agressão. Olha o nível que nós chegamos. São Paulo não vai querer isso."

"Vocês não têm ideia do que é chegar em casa e ver a sua esposa e a sua filha menor, Isabela, de 13 anos, chorando. Olha o que estão fazendo eu passar."

Regina fez um Boletim de Ocorrência contra o marido em 2011 por violência doméstica. O BO foi registrado na 6ª Delegacia da Mulher, em Santo Amaro, zona sul da capital. No documento ela alegou ter se separado do vereador devido a "ciúmes excessivos". Nunes diz que a denúncia ocorreu durante um momento em que sua esposa estava "abalada".

Em 2015, ela também fez uma postagem contra o marido por causa de pensão alimentícia. Mais tarde ela disse que sua conta havia sido hackeada.

Segundo o vereador, ele estava em uma entrevista com sua esposa quando ocorreu a sabatina do UOL. "Estava eu e a minha esposa em uma entrevista para o Estadão onde a minha esposa estava falando: 'Nunca aconteceu isso, nunca houve agressão, o Ricardo nunca levantou a voz para mim'", relatou.

Ontem, o prefeito Bruno Covas também se exaltou ao defender seu candidato a vice. Em mais de uma vez, acusou a imprensa de estar "comprando a propaganda do PSOL".

O vereador também aproveitou o momento para elogiar o seu líder na chapa e compará-lo com Boulos, mas sem citar o nome do adversário. "Olha a diferença de um e de outro. Um fala da cidade, do que fez e do que vai fazer, o outro é o tempo inteiro colocando veneno, colocando as pessoas contra as outras, difamando."

Ao final, já exaltado, o candidato exigiu que o adversário explicasse por que Erundina "terminou o seu mandato com 80% de rejeição".