Resultado de 2020 é extraordinário diante da derrota de 2018, diz Manuela
Apesar da derrota na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre, a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) disse hoje que viu o resultado das eleições deste ano como um avanço em relação às de 2018.
"O bolsonarismo se constrói fortemente na sociedade tentando desconstruir quem somos e defendemos. Então, em 2020, o resultado que temos, na minha interpretação, é extraordinário diante da derrota que tivemos em 2018. Nós estamos diante de um governo que o mundo todo acompanha com atenção por causa do viés autoritário. É sobre isso que nós falamos", afirmou a jornalista ao UOL Entrevista, conduzido pela colunista do UOL Carolina Trevisan e pelo jornalista Hygino Vasconcellos
Para Manuela, que perdeu a disputa no segundo turno para Sebastião Melo (MDB), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) saiu derrotado nas eleições.
"Ele foi derrotado, inclusive, quando aliados do bolsonarismo negavam o presidente Bolsonaro. A derrota dele é tão simbólica que, mesmo aqueles que tinham o apoio tentavam se distanciar do que ele representa. Agora, isso não significa que as redes detratoras do bolsonarismo não estivessem engajadas na destruição dos adversários", disse.
Depois da derrota na eleição presidencial de 2018, na qual foi candidata a vice na chapa com o petista Fernando Haddad (PT), ela lembrou que o primeiro convite que recebeu foi para falar fora do país, na Itália, para pracinhas da Segunda Guerra que lutaram contra o fascismo.
"Eles alarmados com o que estava acontecendo no Brasil, ou seja, não era uma invenção ou um exagero daqueles que tinham enfrentado o processo eleitoral aqui. Então, diante do que nós vivemos, diante de um curto período, a política não é uma fotografia, ela é um filme, ela está acontecendo, não acontece em um único dia. O que conquistamos em 2020 para mim é extraordinário. Realmente, acho que a gente precisa se lembrar do que passou em 2018 para avaliar 2020", afirmou.
Bolsonaro faz com que a sociedade aceite ataques contra mulheres, diz Manuela
Alvo de fake news e de ataques nas redes sociais durante a campanha, Manuela disse que os conteúdos foram ainda mais violentos por ela ser mulher. Ela criticou a conivência por parte dos demais políticos e do governo Bolsonaro no tema.
"No Parlamento nós avançamos. Nós não avançamos justamente no Poder Executivo. Para mim isso tem relação com a desconstrução das mulheres feitas pela máquina do ódio e pela autorização da violência política, inclusive por parte do presidente da República", afirmou ela ao comentar o desempenho das mulheres nas eleições municipais deste ano.
Alvo de fake news e de ataques nas redes sociais durante a campanha para a Prefeitura de Porto Alegre, a ex-deputada federal Manuela D'Àvila (PCdoB) disse que os conteúdos foram ainda mais violentos por ela ser mulher. Ela criticou a conivência por parte dos demais políticos e do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no tema.
"No Parlamento nós avançamos. Nós não avançamos justamente no Poder Executivo. Para mim isso tem relação com a desconstrução das mulheres feitas pela máquina do ódio e pela autorização da violência política, inclusive por parte do presidente da República", afirmou ela ao comentar o desempenho das mulheres nas eleições municipais deste ano. Apenas uma mulher foi eleita para comandar uma capital.
"Mesmo que isso não tenha consequências diretas, ou seja, mesmo que ele tenha sido derrotado nas eleições, isso tem consequências para a sociedade, ou seja, a sociedade passa a ser mais permissiva. E acredito nisso à medida que a gente tem a principal autoridade política do país autorizando toda a violência política contra as mulheres", completou ela ao falar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Mesmo que isso não tenha consequências diretas, ou seja, mesmo que ele tenha sido derrotado nas eleições, isso tem consequências para a sociedade, ou seja, a sociedade passa a ser mais permissiva. E acredito nisso à medida que a gente tem a principal autoridade política do país autorizando toda a violência política contra as mulheres", completou ela ao falar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Manuela: Existem dezenas de "gabinetes do ódio"
Na entrevista Manuela também voltou a criticar a rede de fake news da qual foi alvo durante a disputa pela Prefeitura de Porto Alegre.
"Nós derrubamos mais de 600 mil fake news numa cidade com 1,5 milhão de habitantes. Elas estavam sob controle da estrutura articulada pelo gabinete do ódio, pelos gabinetes do ódio. Acho importante que a gente passe a se referir no plural porque nunca houve só um gabinete a destilar e construir redes de ódio na internet, são dezenas deles."
O "gabinete do ódio" seria uma estrutura organizada para desferir ataques ofensivos a autoridades, figuras públicas e instituições, com objetivo de minar as reputações dos alvos na internet. O setor, que teria origem dentro do Palácio do Planalto, é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por meio do chamado "inquérito das fake news".
"Talvez a [fake news] que tenha mais me magoado e machucado seja o conjunto de notícias falsas relacionadas à minha fé, porque fizeram com que eu tivesse muito mais dificuldade de estar nos espaços de minha religião, que é a Igreja Católica. Mas não significa que tenha sido a mais perigosa. Inventar um envolvimento meu com a facada do Bolsonaro coloca minha vida em risco permanentemente, e essa é uma das que jamais deixou de circular. Grande parte do debate que fizemos no primeiro turno foi falar a verdade sobre mim", completou.
Durante a campanha, Manuela entrou na Justiça e conseguiu retirar do ar ao menos 91 links contendo mentiras ao seu respeito, além de mais 70 mil compartilhamentos de notícias falsas no Facebook e Twitter. Segundo ela, boa parte dos conteúdos falsos eram relacionados à sua condição de mulher.
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