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Polarização odienta, abolicionista, Doria: o que Ciro Gomes disse no JN

Colaboração para o UOL

23/08/2022 22h19Atualizada em 23/08/2022 22h56

O candidato Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas pesquisa de intenção de voto, foi o segundo entrevistado na série de sabatinas com presidenciáveis realizada pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

Na noite desta terça-feira (23), o ex-governador do Ceará falou por 40 minutos sobre temas como a realização de plebiscitos e a criação de um projeto de renda mínima, atacou a "polarização odienta" entre Lula e Bolsonaro e elogiou o ex-governador João Doria.

O UOL separou nove frases de Ciro que chamaram atenção durante a entrevista:

Democracia, No começo da sabatina, Ciro foi questionado pela apresentadora Renata Vasconcellos sobre as palavras "duras" que têm usado ao falar de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A jornalista perguntou se os termos ofensivos não agravam o clima de polarização em um momento em que a democracia se tornou tema central das eleições. Ciro disse que "não custa nada rever" os termos, mas apontou que a ameaça à democracia é o fracasso dela.

Acho francamente que a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo. Mas eu vou me esforçar para unir o Brasil, reconciliar o Brasil"

O candidato do PDT tem se referido a Bolsonaro e Lula como "bandidos" e já usou xingamentos como "picareta" e "corrupto populista" para falar sobre os líderes nas pesquisas de intenção de voto.

Relação com o congresso. Ao falar sobre como vai se relacionar com o Congresso para aprovar os projetos que tem prometido sem as alianças com o centrão, Ciro afirmou que suas ideias representam uma mudança no modelo atual de governo que existe no Brasil e que, por isso, sofre resistências de outros políticos.

Represento uma espécie de movimento abolicionista num sistema escravista. Você não vai esperar que o escravista ajude o abolicionista"

O candidato do PDT declarou que pretende transformar um eventual governo em um "plebiscito programático". Desta forma, argumenta, forçará o Congresso Nacional a seguir o voto popular e não a interesses dos próprios parlamentares em votações onde há impasse.

Plebiscitos. Ciro explicou que pretende chamar plebiscitos quando não conseguir resolver as negociações com o Congresso, convocando a população para participar diretamente do governo. "Persistiu o impasse nesse ou naquele ponto, chama o povo para votar diretamente através de plebiscito", afirmou.

Questionado por Renata Vasconcellos se o uso de plebiscitos não poderia enfraquecer a democracia representativa, o candidato disse que não terá como inspiração a Venezuela, mas sim as experiências da Europa e aproveitou para criticar a relação do PT com o país vizinho.

Eu acho o regime da Venezuela abominável. É muito clara a minha distinção com esse populismo que infelizmente o PT replica aqui, na Nicarágua, acho tudo isso trágico"

Na sequência, Ciro afirmou que o modelo de governo que está propondo é "uma tentativa de se libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a Presidência da República, transformou a presidência da República numa espécie de esconderijo de fisiologia do Brasil".

Polarização. Ao responder ainda sobre o clima de polarização vivido no país, com Lula e Bolsonaro liderando as pesquisas eleitorais, o candidato disse que estão "tentando repetir uma espécie de 2018".

Estou tentando mostrar ao pobre brasileiro essa polarização odienta, que eu não ajudei a construir, pelo contrário. Eu estava lá em 2018 tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT"

Elogio a Doria. O candidato citou o ex-governador João Doria (PSDB) ao comentar as falas de Bolsonaro sobre a condução da pandemia de covid-19 durante a sabatina realizada no Jornal Nacional ontem.

Nós vacinamos porque o governador de São Paulo transformou isso na sua principal ferramenta. Fica homenagem aqui ao João Doria"

Lembrando que o tucano desistiu da candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, o pedetista disse que "sobrevivo aqui porque grandes brasileiros claudicaram do caminho da campanha".

Voto no Lula. Logo após elogiar Doria, Ciro disse que parte da população vai votar em Lula porque não quer mais ser governado por Bolsonaro e pediu para que os eleitores usem a "sabedoria dos dois turnos".

Estão votando no Lula porque querem se livrar do Bolsonaro e esqueceram que amanhã tem o Brasil para governar. Uma grande massa de brasileiros que são frustrados pela enganação do Bolsonaro, mas não querem voltar ao Lula e ao PT"

Lei antiganância. Ciro afirmou que vai criar uma lei para ajudar brasileiros a diminuírem suas dívidas. O candidato defendeu a proposta durante as considerações finais na sabatina e não deu detalhes sobre a medida, que seria aplicada a quem tivesse dívidas com cartão de crédito e cheque especial.

Ao pagar duas vezes a dívida que tem, fica quitado por lei"
Ciro Gomes, citando que a inspiração para o projeto vem de uma lei inglesa

Renda mínima. Ciro defendeu a criação de um programa de renda mínima para pagar mensalmente R$ 1.000 à população mais pobre. Para isso, ele afirmou que vai usar as somas de benefícios já existentes, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o seguro desemprego.

Vou pegar o BPC, a aposentadoria rural de muitos brasileiros que ainda remanescem que não contribuíram no passado, o seguro desemprego e pegar todos os programas de transferência de renda, mas especialmente o novo Bolsa Família, que é o Auxílio Brasil, e transformar em direito previdenciário constitucional"

Segundo ele, o programa teria o custo de R$ 290 bilhões e, como estaria vinculado à constituição, não ficaria ameaçado por gestões futuras.

Grandes fortunas na mira. O candidato também prometeu taxar grandes fortunas como uma das formas de bancar o programa de renda mínima que pretende aplicar se eleito. Para isso, vai taxar todos aqueles que possuem mais R$ 20 milhões.

Vou agregar o tributo sobre grandes fortunas apenas e tão somente sobre os patrimônios superiores a R$ 20 milhões. Só 58 mil brasileiros têm patrimônio superior a R$ 20 milhões, o que quer dizer o seguinte: cada superrico no Brasil vai ajudar a financiar, com 50 centavos apenas de cada R$ 100 de sua fortuna, a sobrevivência digna de 821 brasileiros abaixo da linha de pobreza"