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Lula retruca Renata: 'Acha mensalão mais grave do que orçamento secreto?'

Do UOL, em São Paulo

25/08/2022 21h34Atualizada em 25/08/2022 23h33

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retrucou a jornalista Renata Vasconcellos, durante entrevista do Jornal Nacional, ao ser questionado sobre o Mensalão, escândalo que envolvia pagamentos a deputados em 2005.

"Você acha que o mensalão que tanto se falou é mais grave do que o orçamento secreto?", questionou o petista. "Vamos falar de orçamento secreto também", respondeu a jornalista.

Lula, então, disse que "convivência democrática" é necessária para se governar um país e que nenhum presidente sobrevive "se ele não estabelecer relação com o Congresso Nacional".

O petista é o terceiro candidato à Presidência a ser entrevistado pelo jornal. Na segunda-feira (22), foi a vez de Jair Bolsonaro (PL) e na terça de Ciro Gomes (PDT). Simone Tebet (MDB) será sabatinada amanhã.

Centrão não: O ex-presidente disse ainda que independente de quem ganhar as eleições será preciso estabelecer um diálogo com os partidos, mas não com Centrão, "porque o Centrão não é partido".

"Tem deputado liberando 200 milhões, 150 milhões, isso é um escárnio. Isso não é democracia. Essas coisas, pode ficar certa, que nós vamos resolver", afirmou Lula.

Bobo da corte: Ainda no tema de orçamento secreto, Lula chamou Bolsonaro de "bobo da corte" e afirmou que não é o atual presidente que tem controle sobre sua gestão, mas o Congresso — especificamente o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, Renata, sequer cuida do orçamento. O orçamento quem cuida é o Lira. Ele que libera verba. O ministro liga para ele, não liga para o Presidente da República."
Lula

O que é orçamento secreto: Esse é um dos nomes atribuídos às emendas do relator, cujo código técnico é RP-9. Essa emenda é definida pelo deputado ou senador escolhido como relator-geral do orçamento a cada ano — em negociações informais e sem critério definido para quem e para onde o dinheiro será destinado. Ganham prioridade na fila, por exemplo, políticos aliados de integrantes do governo federal.

Mesmo após ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) — de divulgar os nomes dos responsáveis pelas emendas — -, ONGs e prefeituras costumam ser apontadas como indicação para essas modalidades de transferência de dinheiro. Elas quadruplicaram no governo de Bolsonaro.

Corrupção: Questionado sobre como evitar escândalos de corrupção, o petista afirmou que é preciso punir e denunciar. Ao longo da entrevista ele admitiu o esquema de corrupção na Petrobras, mas garantiu que durante seu governo foram criados mecanismos de transparência e reforçada a atuação dos órgãos de investigação.

O que eu acho maravilhoso é denunciar corrupção. O que é grave é quando a corrupção fica escondida. Por isso que eu acho importante uma imprensa livre, por isso que eu acho importante uma justiça eficaz, porque se tiver um problema de corrupção, tem que ser denunciado. E em qualquer lugar tem que ser denunciado, na empresa privada, na empresa pública
Lula no Jornal Nacional

Veja análise da entrevista de Lula no Jornal Nacional com os colunistas do UOL: