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Lula no JN: Polarização é saudável e é diferente de estímulo ao ódio

Ana Paula Bimbati e Pedro Vilas Boas

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

25/08/2022 21h17Atualizada em 25/08/2022 23h31

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira (25), durante sabatina ao Jornal Nacional, a "polarização saudável" em processos eleitorais. O petista chegou a criticar, inclusive, governos que recebem simpatia de pessoas do partido.

"Não tem polarização num partido comunista chinês, não tinha polarização no partido comunista cubano, agora quando você tem democracia, quando você tem mais que um disputando, a polarização é saudável. Ela é importante, é estimulante, ela faz a militância ir para a rua, carregar bandeiras. O que é importante é que a gente não confunda a polarização com o estímulo ao ódio", disse o ex-presidente.

A declaração foi dada em resposta a uma questão sobre sua aliança com o seu antigo rival na política, o ex-governador de São Paulo e agora candidato à vice, Geraldo Alckmin (PSB).

O petista é o terceiro candidato à Presidência a ser sabatinado pelo Jornal Nacional neste ano —já passaram por lá o presidente Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT). Simone Tebet (MDB) será entrevistada amanhã (26).

Boa relação com tucanos. Lula afirmou que há uma diferença da polarização com o PSDB, em eleições passadas, e da atual situação eleitoral. "Agora, nós precisamos vencer o antagonismo do fascismo, da ultra direita", garantiu o petista.

O ex-presidente afirmou ainda que tem uma boa relação com os tucanos e aprendeu ao longo de sua vida a dialogar. "Tem uma frase do Paulo Freire que é fantástica e utilizei para mostrar aos militantes do PT a entrada de Alckmin: de vez em quando a gente precisa estar junto com os divergentes para vencer os antagônicos", disse Lula.

Ciúmes. Ao longo da entrevista, o ex-presidente elogiou Alckmin e disse que está "até com ciúme" do vice ao ser questionado se o ex-adversário havia sido bem recebido pelo PT.

"Alckmin é uma pessoa que vai me ajudar. Tenho 100% de confiança que a experiência dele como governador de São Paulo e depois mais seis anos como vice do Mário Covas vai me ajudar a consertar esse país", disse Lula.

Corrupção e Lava Jato. A primeira pergunta feita para o ex-presidente envolvia o esquema de corrupção da Petrobras. Lula admitiu que houve crimes, mas disse que foi durante seu governo que mecanismos de investigação e transparência foram criados e reforçados.

"Eu poderia, por exemplo, fazer decreto de cem anos, sabe decreto de sigilo que está na moda agora? Eu poderia, para não apurar nada. Decreto cem anos de sigilo para o Pazuello, ou poderia não investigar, pega um tapete e coloca em cima de qualquer denúncia e nada vai ser apurado e não vai ter corrupção", disse Lula em referência aos diversos decretos de sigilo feitos por Bolsonaro.

O petista voltou a criticar também a Operação Lava Jato — o que vem fazendo desde que saiu da prisão em Curitiba, no fim de 2019. Ele também teceu críticas ao ex-juiz Sergio Moro (União Brasil).

Desde que Moro foi considerado parcial e os processos foram anulados, Lula tem subido o tom contra a operação.

A Lava Jato enveredou por um caminho político delicado. A Lava Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política. O objetivo era o Lula. O objetivo era tentar condenar o Lula"
Lula

Veja análise da entrevista de Lula no Jornal Nacional com os colunistas do UOL: