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Ruralista doa R$ 1 mi e supera Piquet como maior financiador de Bolsonaro

Ato de homenagem do agronegócio a Bolsonaro, em Sinop-MT, em 2020: setor tem investido na campanha - Alan Santos/PR
Ato de homenagem do agronegócio a Bolsonaro, em Sinop-MT, em 2020: setor tem investido na campanha Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo

04/09/2022 19h28

O produtor rural Oscar Luiz Cervi fez uma doação de R$ 1 milhão à campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o aporte, Cervi superou o ex-piloto Nelson Piquet, que havia doado R$ 501 mil, e passa a ser o maior financiador individual da candidatura bolsonarista.

Conforme mostrou hoje o UOL, empresários do agronegócio têm sido os maiores investidores da campanha de Bolsonaro, que arrecadou R$ 7,89 milhões com pessoas físicas até o final da tarde deste domingo (4), segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dos 10 maiores doadores da campanha registrados até o momento, Piquet é o único que não é do agro.

Quanto a campanha de Bolsonaro já recebeu? Segundo os dados mais recentes do TSE, atualizados às 17h41 deste domingo, a campanha bolsonarista recebeu até o momento R$ 17,89 milhões, sendo R$ 10 milhões provenientes do fundo partidário do PL.

O restante, R$ 7,89 milhões, foi desembolsado por 806 doadores. Destes, 15 repassaram à campanha quantias de R$ 100 mil ou mais, mas a maioria dos colaboradores (55,7%) doou R$ 1 mil ou menos.

Bolsonaro é, disparado, o presidenciável que mais recebeu recursos de pessoas físicas até agora. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal rival do chefe do Executivo nas pesquisas de intenção de voto, arrecadou por enquanto R$ 176 mil com doações privadas, quase todo o valor proveniente de um financiamento coletivo.

O petista, por outro lado, é o candidato que mais recebeu recursos do fundo eleitoral até aqui: foram R$ 66 milhões despejados pelo PT na campanha dele, quantia seis vezes maior do que o PL depositou na candidatura de Bolsonaro.

Quem é o maior doador de Bolsonaro? De perfil discreto, sem redes sociais, Cervi é produtor de soja, milho e algodão em propriedades no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. Suas duas principais empresas estão sediadas em Coxim-MS e Campo Novo dos Parecis-MT.

Segundo uma homenagem feita pelo ex-deputado estadual Wagner Ramos na AL-MT (Assembleia Legislativa do Mato Grosso), em 2013, Oscar e o irmão dele, Telmo Antonio Cervi, nasceram no Rio Grande do Sul e chegaram ao Mato Grosso do Sul em 1983, onde fizeram uma sociedade e começaram a plantar soja.

Trinta anos depois, segundo a homenagem, ambos plantavam 50.000 hectares de soja e 30.000 hectares de milho em suas propriedades. Juntas, as terras têm mais da metade da área da cidade de São Paulo. Um encarte da multinacional Bunge, de 2004, afirmava que Cervi era "um dos maiores fornecedores de soja" da empresa em todo o mundo.

Qual é o perfil dos doadores de Bolsonaro? O estado de Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, é onde atuam seis dos dez maiores financiadores da campanha bolsonarista. Mas Bolsonaro também recebeu grandes montantes de ruralistas baseados no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina.

Cervi, o maior doador individual de Bolsonaro, não fez até o momento repasses para nenhum outro candidato. Mas alguns dos também contribuíram com campanhas como a de Antonio Galvan, que se licenciou da presidência da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso) para concorrer ao Senado.

Galvan, que é investigado no inquérito dos atos antidemocráticos do STF (Supremo Tribunal Federal), ficou conhecido ao comparecer à sede da PF (Polícia Federal), para prestar depoimento, em um comboio de tratores.

Como Bolsonaro tem arrecadado? Apesar de Bolsonaro estar bem à frente dos demais na arrecadação de doações, a campanha não está satisfeita. Segundo apurou o UOL, a preocupação com as despesas da corrida eleitoral levou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a pressionar Bolsonaro a gravar um vídeo pedindo recursos, no início do mês passado.

Com bom trânsito no agronegócio, apoiadores próximos do presidente têm feito reuniões e jantares para "passar o chapéu" entre empresários do ramo. Um dos correligionários que está capitaneando os pedidos é o ruralista Luiz Antonio Nabhan Garcia, secretário de assuntos fundiários do governo Bolsonaro.