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Historiadora: Bolsonaro falar 'imbrochável' no 7 de Setembro é degradante

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/09/2022 12h57

Em discurso com tom eleitoreiro a apoiadores em Brasília neste 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) puxou um coro de "imbrochável" após citar a esposa. Ele fez o discurso após desfile cívico-militar e, para a historiadora Heloisa Starling, a fala de Bolsonaro e seu discurso como um todo foram "degradantes".

"A atuação política do presidente é sempre a mesma, ele degrada a democracia. Esse discurso dele é um discurso que degrada o 7 de setembro com a imaginação brasileira. Se apropria de um evento cívico para fazer propaganda eleitoral e é degradante o cara dizer 'imbrochável' no 7 de setembro e bicentenário da Independência. Degrada, desmoraliza e quanto mais degradado, mais eficiente se torna o discurso dele contra a democracia", disse durante participação no UOL News especial.

Starling também criticou o discurso da primeira-dama Michelle Bolsonaro durante o ato. Ela falou sobretudo sobre religião quando teve o microfone no palanque.

"Não tem cabimento e é degradante, porque está se misturando duas coisas. Ela não tem cargo, ela não foi eleita e não tem título, portanto ela não tem voz nesse evento. Ao falar ali, ela está se apropriando de algo que diz respeito ao país, e não a ela, a religião dela ou ao grupo político".

Por fim, a historiadora também apontou que o próprio papel da mulher foi desqualificado por Michelle Bolsonaro. "O papel que ela cumpriu ali também é degradante para a mulher no sentido que ela está ali para beijar o presidente, se apropriar do bem público e tentar desmoralizar qualquer outra figura feminina que não seja ela".

Josias: Brasil assiste ao sequestro do Dia da Pátria como refém indefeso

"Estamos vivendo um dia importante, o Brasil está assistindo como um refém indefeso ao sequestro do Dia da Pátria. Confirmaram-se as piores expectativas nesse 7 de setembro, no bicentenário da Independência", analisou Josias de Souza durante participação no UOL News especial.

O colunista do UOL também criticou o espaço dado ao empresário bolsonarista Luciano Hang no evento. "No palanque oficial, personagens como o empresário bolsonarista Luciano Hang, que se encontra sob investigação policial, mereceram mais atenção do presidente do que o chefe de Estado de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza. Ele foi ali desprezado pelo presidente que colocou alguém sempre ele e o presidente de Portugal".

Ayres Britto: Há indícios de que o presidente se apropriou do 7 de setembro para fins eleitorais

"Há indícios sim, de toda a sinalização, sem dúvidas, de que o presidente se apropriou do dia 7 de setembro para fins eleitorais", disse o ex-ministro do STF durante participação no UOL News especial.

Apesar de se negar a entrar no mérito se houve crime eleitoral ou não por parte de Bolsonaro, Ayres Britto classificou o desfile e os discursos como "surpreendentes".

"É surpreendente o que acabamos de ouvir. O presidente da República não se colocou à serviço do dia 7 de setembro, colocou o dia 7 de setembro a serviço dele".

O UOL News especial reúne análises e entrevistas sobre os atos de 7 de Setembro. Assista à íntegra: