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Bolsonaro puxa coro de imbrochável e compara mulheres: 'Procurem princesa'

Do UOL, em São Paulo e Brasília

07/09/2022 11h43Atualizada em 07/09/2022 16h45

Em discurso com tom eleitoreiro a apoiadores em Brasília neste 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) puxou um coro de "imbrochável" após citar a esposa, Michelle, e compará-la a outras primeiras-damas. O presidente também a chamou de "princesa".

"A vontade do povo se fará presente no próximo dia dois de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas", disse, referindo-se, sem citar o nome de Janja, à esposa de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Não há o que discutir, uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida, não é ao meu lado não, muitas vezes ela está é na minha frente. E eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de serem infelizes, procurem uma mulher, uma princesa, se case com ela para serem mais felizes ainda", continuou o presidente.

O discurso foi feito num caminhão de som do agro, próximo do local do desfile oficial, que havia acontecido minutos antes. Estavam presentes o vice-presidente, Hamilton Mourão, o empresário investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) Luciano Hang, o pastor da Assembleia de Deus Silas Malafaia, além de deputados bolsonaristas e outros apoiadores.

Jair Bolsonaro discursa em Brasília ao lado da esposa, Michelle, - Reprodução - Reprodução
Jair Bolsonaro discursa em Brasília ao lado da esposa, Michelle, a quem chamou de "princesa"
Imagem: Reprodução

Presidente não ataca Supremo, apesar de vaias dos apoiadores. Ao citar o STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente não emendou em críticas aos ministros e limitou-se a dizer que "todos sabem" o papel da Corte atualmente.

"Tenho certeza, nessa Esplanada, aqui a origem das leis que mudam o nosso país, muito feliz em ter ajudado chegar até vocês a verdade. Também ter mostrado para vocês que o conhecimento também liberta. Hoje, todos sabem quem é o Poder Executivo, todos sabem o que é Câmara dos Deputados, todos sabem o que é o Senado Federal, e também todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal", disse, fazendo uma pausa para que os apoiadores vaiassem.

No ano passado, no ato do Sete de Setembro em Brasília, Bolsonaro subiu o tom contra o Supremo. Com discurso abertamente golpista, ameaçou o presidente do STF, Luiz Fux.

Ou o chefe desse Poder enquadra os seus ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos. Porque nós valorizamos e reconhecemos o Poder de cada República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair"
Jair Bolsonaro, em ato na avenida Paulista em 7/9/2021

Público acompanha discurso do presidente Jair Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, após o desfile do 7 de Setembro - Divulgação - Divulgação
Público acompanha discurso do presidente Jair Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, após o desfile do 7 de Setembro
Imagem: Divulgação

Coro de 'Lula ladrão'. Durante o discurso hoje, Bolsonaro voltou a dizer que as eleições são uma "luta do bem contra o mal", em referência à candidatura do ex-presidente Lula à Presidência. Após sua fala, apoiadores endossaram um grito de "Lula ladrão, seu lugar é na prisão".

O petista lidera as pesquisas de intenção de voto antes mesmo do início da campanha eleitoral. "Sabemos que temos pela frente a luta do bem contra o mal, o mal que perdurou por anos no nosso país, que quase quebrou a nossa pátria, e que agora desejam voltar para a cena de crime. Não voltarão. O povo está do nosso lado, o povo está do lado do bem, o povo sabe o que quer."

Antes de desfile, citação ao golpe de 1964. Durante café da manhã no Palácio da Alvorada hoje, Bolsonaro disse que a "história pode se repetir". O discurso foi feito pelo presidente a um grupo de apoiadores em sua residência oficial, antes que ele partisse para a cerimônia militar de comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, na Esplanada dos Ministérios.

Queria dizer que o Brasil já passou por momentos difíceis, mas por momentos bons, 22 [revolta tenentista], 35 [intentona comunista], 64 [golpe militar], 16 [impeachment de Dilma Rousseff (PT)], 18 [eleição presidencial] e agora, 22. A história pode repetir, o bem sempre venceu o mal. Estamos aqui porque acreditamos em nosso povo e nosso povo acredita em Deus" Jair Bolsonaro

"Estamos aqui porque acreditamos em nosso povo e nosso povo acredita em Deus. Tá aí uma certeza: que com perseverança, fazendo tudo aquilo que pudermos fazer aqui na terra, Ele decidiu que fará para nós o que for possível para a nação", acrescentou o chefe do Executivo.

O vídeo do discurso de Bolsonaro foi compartilhado no Instagram pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01" do presidente, também presente no café da manhã no Alvorada.

O Brasil viveu os momentos mais duros da sua história recente na época da ditadura militar, que durou 21 anos, entre 1964 e 1985. O período foi marcado por torturas e ausência de direitos humanos, censura e ataque à imprensa, baixa representação política e sindical, precarização do trabalho, além de uma saúde pública fragilizada, corrupção e falta de transparência.

Chamada para atos. Também no Alvorada, Bolsonaro usou uma entrevista para o canal público TV Brasil para chamar a população a comparecer aos atos do 7 de Setembro.

"O povo que hoje está indo às ruas para festejar 200 anos de independência e uma eternidade de liberdade. O que está em jogo é nossa liberdade, é o nosso futuro, e a população sabe que ela que nos dá um norte para nossas decisões", declarou.

Todos do Brasil, compareçam às ruas de verde e amarelo para festejar a terra onde vivemos —uma terra prometida, aqui é um grande paraíso, ninguém tem o que temos presidente Jair Bolsonaro em transmissão da TV Brasil

O uso da TV pública pelo presidente já foi contestado por parlamentares de oposição, que argumentam que ele estaria usando uma estrutura pública em benefício próprio.

A transmissão de compromissos do presidente é legítima, mas o uso eleitoral do canal poderia ser enquadrada como abuso de poder político e dos meios de comunicação social.