'Dei uma aloprada', diz Bolsonaro sobre falas da pandemia
A 20 dias do primeiro turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro disse que se arrepende de certas falas dadas ao longo da pandemia da covid-19. A declaração foi feita durante participação em um pool dos podcasts Dunamis, Hub, Felipe Vilela, Positivamente, Luma Elpidio e Luciano Subirá.
"Eu dei uma aloprada. Os caras [imprensa] batiam na tecla o tempo todo e queriam me tirar do sério", justificou. Depois, demonstrou arrependimento de dizer que não era "coveiro" no início da pandemia.
"Retiraria porque não tinha vacina", falou ao ser questionado sobre a fala do coveiro. "Sou chefe da nação. Eu sei disso. Eu lamento. Não falaria de novo, não falaria de novo. Você pode ver que de um ano para cá meu comportamento mudou. A minha cadeira é um aprendizado", completou.
Em abril de 2020, Bolsonaro foi questionado sobre as 300 mortes no dia em decorrência da doença e interrompeu o jornalista: "Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... Eu não sou coveiro, tá?".
Desde a chegada da covid-19 no Brasil, o presidente foi autor de diversas frases que menosprezavam a pandemia. Além da fala sobre não ser coveiro, Bolsonaro minimizou a doença e comparou a covid a uma "gripezinha", falou em "histeria" e chegou a dizer que o Brasil era um "país de maricas".
A pandemia da covid já matou 684.951 brasileiros, de acordo com informações do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte. Ao todo, são 34.580.412 testes positivos notificados desde março de 2020.
Apesar do arrependimento sobre declarações, Bolsonaro seguiu defendendo o tratamento precoce, que é já foi comprovado como ineficaz contra o coronavírus. Além disso, lembrou de quando contraiu covid: "Tô no grupo de risco. Eu sou idoso já. Tô com 67 anos. Eu tomei o remédio. Não vou falar o nome dele aqui para não cair [a transmissão]".
Tentativa do voto evangélico e feminino
Ele também disse que não repetiria que a vacina transformaria pessoas em jacarés e que "pisou na bola" quando chamou a filha mais nova de "fraquejada" por ela ter nascido mulher.
Bolsonaro tenta, ao longo de suas últimas lives e aparições públicas, fazer acenos ao que ele entende que compõe o universo das mulheres brasileiras. A campanha de Bolsonaro tem investido na aparição da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em tentativa de apelar às mulheres e aos evangélicos simultaneamente.
A equipe do presidenciável colocou Michelle em propaganda na televisão, que logo foi vedada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que acatou o pedido da senadora e presidenciável Simone Tebet (MDB) e ordenou a suspensão da publicidade. Na peça, a primeira-dama falava diretamente com as mulheres nordestinas, outro eleitorado que prefere Lula.
O esforço, no entanto, aparenta ser em vão. Desde as sondagens de julho da Quaest Consultoria, o candidato tem apenas variado dentro da margem de erro do voto feminino: oscilou de 28% em julho para 29% no fim de agosto.
Agora campanha precisa não só lidar com a rejeição dessa parte do eleitorado, como também reparar o dano feito pelo presidente no debate presidencial, no qual atacou a jornalista Vera Magalhães e a também candidata à Presidência Simone Tebet (MDB).
Outras falas violentas contra as mulheres feitas por ele em sua vida pública incluem o voto dele a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), que foi "dedicado" ao torturador dela, o coronel Brilhante Ustra. Já em 2014, o então deputado Bolsonaro afirmou que a deputada Maria do Rosário (PT) não merecia ser estuprada porque ele a considera "muito feia" e porque ela "não faz" seu "tipo".
Bolsonaro faltou posse no STF e atrasou podcast
O início do programa era previsto para 19h30 (horário de Brasília), mas começou apenas às 20h08. O principal adversário dele nas eleições deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), concedeu entrevista à CNN Brasil hoje a partir das 20h.
O presidente foi convidado à posse da ministra Rosa Weber no comando do STF (Supremo Tribunal Federal), hoje em Brasília, mas optou ir a São Paulo falar nos podcasts. Com isso, Bolsonaro quebrou uma tradição de quase 30 anos: o último chefe do Executivo a faltar a posse do cargo máximo da Corte foi Itamar Franco, que em 1993 não compareceu na cerimônia do magistrado Octavio Gallotti. Devido às disputas e em aceno de diálogo pós-eleição, Rosa enviou convites a todos os presidenciáveis —destes, apenas Soraya Thronicke (União Brasil) compareceu.
Na ausência de Bolsonaro, o governo federal foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e pelos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Bruno Bianco (AGU) Anderson Torres (Justiça) e Fábio Faria (Comunicações).
Além deles, foram à posse o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ex-presidente José Sarney, único antigo chefe do Executivo a comparecer. Também estavam o PGR (Procurador-geral da República) Augusto Aras, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Beto Simonetti, e todos os ministros do Supremo.
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