Topo

A agricultores, Lula diz que Bolsonaro foi como "uma praga de gafanhotos"

Lula e Alckmin em encontro com cooperativistas na capital paulista - RICARDO STUCKERT
Lula e Alckmin em encontro com cooperativistas na capital paulista Imagem: RICARDO STUCKERT

Do UOL, em São Paulo

14/09/2022 13h48Atualizada em 14/09/2022 15h09

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje que o governo Jair Bolsonaro (PL) é como "uma praga de gafanhotos" que "destruiu tudo". Em encontro com agricultores e cooperativistas em São Paulo, o petista recebeu propostas sobre economia criativa e voltou a criticar a gestão econômica atual, sem citar nominalmente o adversário.

O evento, realizado em um galpão ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em São Paulo, faz parte de uma série de encontros que a campanha tem feito com diferentes setores sociais e econômicos. Lula ouviu relatos de pequenos produtores e recebeu um documento com demandas dos agricultores e cooperativistas.

"Pela pauta apresentada aqui, aquilo que fizemos 12 anos atrás é fichinha perto do que vocês estão reivindicando", disse Lula. O PT tratou economia criativa no programa de governo e Lula tem prometido diversas iniciativas voltadas aos pequenos e médios empreendedores, embora ainda faltem propostas concretas.

Castigo bíblico? Lula citou uma referência da Bíblia para criticar Bolsonaro, seu principal concorrente ao Planalto ao falar sobre o que chama retrocessos do governo.

Esse país hoje está pior do que estava em 2003. Vocês sabem o que aconteceu. É como se tivesse passado uma praga de gafanhoto e destruído tudo que a gente tinha construído na área social."

"Significa que a gente vai ter que reconstruir tudo, inclusive estabelecer uma nova relação entre as instituições brasileiras, recuperar uma relação entre os estados, municípios e o governo federal, porque foi tudo desmontado", completou Lula. "Não é possível que esse país tenha retrocedido tanto."

Tecnologia e emprego. Em eventos como esse, Lula costuma focar os discursos diretamente para a classe com a qual está falando. Com cooperativistas, ele abordou como avanços tecnológicos podem ajudar na produção de emprego —sem, no entanto, apresentar propostas diretas.

Como a gente não pode brigar contra os avanços tecnológicos — porque, se ele diminuiu emprego, ele gera facilidades muitas outras coisas— precisamos, então, discutir como é que a gente vai gerar trabalho para o povo brasileiro. Como é que nós vamos criar trabalho para os homens e mulheres que querem estudar, que querem trabalhar querem ter certeza que não tem casa para morar e viver uma vida digna. Como é que a gente vai responder isso?"

"Eu não sei como fazer a única coisa que eu sei é que eu estou voltando a concorrer uma eleição presidencial, porque eu acho que nós temos que fazer esse país voltar a ser feliz", completou o ex-presidente.

Entre as propostas de estímulo de emprego no plano de governo estão uma nova legislação trabalhista, com diminuição da flexibilidade do trabalho intermitente, estímulo à CLT e aumento na variedade de crédito a pequenos e médios empreendedores.

Meio ambiente x agro: Lula tratou muito sobre meio ambiente e desenvolvimento nesta semana, em especial após o apoio dado pela ex-ministra Marina Silva. Na última segunda (12), em sabatina na CNN Brasil, ele foi questionado se essa aliança não poderia atrapalhar ainda mais a relação já delicada da campanha com o setor do agronegócio —área majoritariamente bolsonarista.

Em um morde e assopra, Lula defendeu a demarcação de terras indígenas e quilombolas, mas afirmou, como em outras vezes, que seu governo fez mais pelo setor do que Bolsonaro.

"Tenho consciência que foi no nosso governo que nós fizemos a maior quantidade de reservas de proteção ambiental, que foi a maior quantidade de legalização, de demarcação de terras indígenas, e foi a maior quantidade de terras quilombolas. Vamos ter que fazer, gente", declarou à CNN.

Como exemplo de tentar equilibrar as duas vertentes, ele citou a demarcação de terra Raposa Serra do Sol, em Roraima, feita pelo seu governo em 2005. "Quando eu resolvi brigar para que agente legalizasse, eu sabia que ia perder apoio. Lá no estado de Roraima. Eu sabia. Mas, veja, você tem que fazer a opção. Os quilombolas têm direito a ter suas terras demarcadas."

Mulher humilhada por bolsonarista: Lula voltou a comentar sobre o caso do empresário Cassio Cenali, apoiador do presidente Jair Bolsonaro no interior de São Paulo, que gravou um vídeo dizendo a uma mulher pobre que ela não receberia mais marmita por ser eleitora do petista.

Queria que esse encontro prestasse uma homenagem a uma mulher de Itapeva, chamada dona Ilza, que foi humilhada da forma mais cruel e um tipo de humilhação daquele só pode ser feita por alguém que não tenha caráter, que tenha respeito, que tenha humanismo."

Lula lembrou ainda que Cenali recebeu indevidamente R$ 5.250 de auxílio emergencial. "Só podia ser uma pessoa dessa que pudesse ofender uma mulher que precisava de uma cesta básica", criticou o ex-presidente, que disse ter ligado para a mulher após o ocorrido, mas não conseguiu falar com ela.