Vereadora do PT diz ter carro atacado; autor do acidente morre após batida
A vereadora Cleres Maria Cavalheiro Revelante (PT), da Câmara de Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul, afirma que teve o carro atacado por ter um adesivo de Luiz Inácio Lula da Silva e outros candidatos do partido. O caso aconteceu ontem. Segundo Cleres, Luiz Carlos Ottoni, 46, acelerou "de propósito" para bater na traseira do carro que ela dirigia. Após a batida, Ottoni deixou o local sem prestar socorro e acabou se envolvendo em outro acidente quilômetros à frente e acabou morrendo.
A delegada do caso, Dina Rosa Aroldi, afirmou que câmeras de segurança confirmam o choque entre os carros, mas os casos ainda estão sendo investigados.
Cleres contou ao UOL que dirigia seu Toyota Corolla branco, pela avenida Pio 12, na região central de Salto do Jacuí, quando avistou o carro de Ottoni atrás do seu.
"Eu estava indo para casa, para pegar minha filha para levá-la à casa de uma amiguinha. Estávamos eu e minha assessora conversando, estava tudo bem. Eu vi pelo retrovisor uma Hilux, o motorista ficava acelerando e brecando bruscamente. De repente, ele acelerou de uma vez e bateu na traseira do meu carro com toda a força", lembra a vereadora.
"Depois ele fugiu. A Brigada Militar foi atrás dele e, pelo que eu soube, durante a perseguição ele perdeu o controle da Hilux e acabou se envolvendo num acidente", comentou.
Cleres diz que essa não foi a primeira vez que Ottoni a teria perseguido ou intimidado. Segundo ela, o empresário constantemente a ofendia em comentários nas redes sociais por ela ser uma apoiadora de Lula e ele, apoiador do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro.
"E não era só nas redes, não. Encontrei com esse senhor em eventos aqui na região e ele tentava me intimidar, gritava que eu era esquerdista, 'pão com mortadela', esse tipo de coisa. Claro que estou com medo. Tenho acompanhado o que a violência política tem provocado no País, mas nunca pensei que isso pudesse chegar perto de mim".
A vereadora afirma que, em 20 anos de atuação, já enfrentou diversos adversários, mas faz questão de deixar registrado que, nessas duas décadas, jamais viu tanto desrespeito e violência por questões políticas.
"É a primeira vez que passo por uma situação dessas. Já enfrentei muitos adversários, mas sempre com muita diplomacia, educação, respeito. Eu nem sei se ele apoiava ou defendia algum político local, mas ele era do agronegócio e era um admirador de Bolsonaro. Pelo jeito ele não suportava minhas opiniões e apoio ao Lula".
Além do susto, a vereadora afirmou que ficou com dores na coluna cervical e sua assessora, que estava no veículo com ela, machucou o pescoço com o impacto.
Produtor rural morreu em acidente
Em entrevista ao UOL, a delegada Dina Rosa Aroldi disse que abriu investigação para apurar o que aconteceu nas duas situações. Ela quer saber com detalhes o que aconteceu no acidente que envolveu a vereadora, no centro da cidade, e também o que ocorreu no acidente que vitimou o empresário.
"Tivemos acesso preliminar a uma câmera de segurança da avenida Pio 12. Ela mostra que o homem bate na traseira do carro conduzido pela vereadora e não desce do veículo para prestar socorro. Ele sai pela esquerda e segue viagem pela avenida", conta a delegada.
Quilômetros à frente, quando já havia saído da cidade e chegado a uma região rural, Ottoni se envolveu em um acidente fatal. A polícia ainda apura as causas e as circunstâncias, mas quando os agentes da PM chegaram ao local, verificaram que a frente da Hilux do empresário estava praticamente destruída. O homem havia sido lançado para fora do carro, morrendo no local.
"A PM nos informou que não houve perseguição por parte de viaturas. Disseram-nos que os agentes estavam atendendo à ocorrência envolvendo a vereadora quando souberam, pelo rádio, que o homem havia se envolvido em outra ocorrência, na zona rural. Mas isso tudo vamos apurar. Vamos ouvir a vereadora e também testemunhas das duas situações. Estamos solicitando também imagens de câmeras de segurança instaladas ao logo do caminho seguido pelo homem".
Na opinião da delegada, Ottoni devia estar seguindo em alta velocidade quando a frente do veículo bateu contra um barranco. "Só teremos certeza de tudo o que aconteceu depois que concluirmos as investigações", afirmou.
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