Topo

Eduardo Bolsonaro, que já ofendeu outras jornalistas, repudia ataque a Vera

Do UOL, em São Paulo

14/09/2022 12h13Atualizada em 15/09/2022 09h42

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi às redes sociais hoje criticar o ataque feito pelo deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) contra a jornalista Vera Magalhães ontem, após debate para o governo de São Paulo realizado pelo UOL, em parceira com a Folha de S.Paulo e a TV Cultura.

Apesar de ter histórico de atacar jornalistas como Miriam Leitão, da TV Globo, e ser condenado por danos morais por ofender Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou seu posicionamento afirmando não existir justificativa para "provocar uma jornalista e tentar constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho" sem motivos.

Ele também disse que, na posição de um político eleito, os deputados não podem agir como se estivessem na internet devido ao risco político para aliados.

"Atitudes inconsequentes visando os holofotes e a autopromoção, além de erradas em si mesmas, podem pôr a perder um trabalho de meses, reforçar estereótipos e trazer prejuízos para todo um grupo político", postou Eduardo Bolsonaro, que tenta se reeleger como candidato federal em SP.

"Se havia algo a ser questionado, com certeza aquele não era o local nem o momento mais adequado. Até porque, como parlamentares, temos meios para questionar, exigir documentos e fazer uma fiscalização eficaz, capaz de sanar qualquer dúvida sem lacradas ou mitadas", complementou.

Eduardo ironizou tortura de Miriam Leitão e repetiu ofensa do pai contra Campos Mello. O parlamentar possui um histórico de ataques contra jornalistas, especialmente mulheres.

Em abril, Miriam Leitão publicou um artigo no jornal O Globo na qual afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é um "inimigo confesso da democracia". Em resposta, Eduardo Bolsonaro compartilhou em seu Twitter a mensagem: "ainda com pena da cobra".

Segundo relatos da própria jornalista, posteriormente provados com áudios do STM (Superior Tribunal Militar), Miriam Leitão foi torturada durante a ditadura militar e em uma das sessões, foi deixada em uma sala trancada com uma jiboia por horas. Na época, Miriam estava grávida.

O tuíte rendeu um novo processo contra o deputado no Conselho de Ética da Câmara. O parlamentar afirmou estar fazendo uma "piada".

Contra Patrícia Campos Mello, Eduardo repetiu acusações falsas de que a jornalista teria feito insinuações sexuais para obter informações sobre disparos em massa de mensagens pró-Bolsonaro nas eleições 2018. Tanto Eduardo quanto o presidente da República foram condenados na Justiça por danos morais contra a jornalista.

Presidenciáveis apoiam Vera Magalhães após ataque; Bolsonaro não se pronuncia. Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Vera Lúcia (PSTU) foram às redes criticar a ação de Douglas Garcia, bem como os candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, que debatiam momentos antes do ocorrido.

Ontem, com celular em punho, o deputado, que faz parte da comitiva do ex-ministro e candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi para cima da apresentadora afirmando que ela é "uma vergonha para o jornalismo" e questionando o valor do seu contrato de trabalho.

No debate eleitoral para a presidência da República, a jornalista também viu-se alvo de um ataque, desta vez de Bolsonaro, que a chamou de "vergonha do jornalismo" e disse que ela deveria "sonhar" com ele. A reação do presidente ocorreu após pergunta de Vera sobre a cobertura vacinal no Brasil e os perigos do desincentivo à vacinação, como feito pelo presidente durante a pandemia de covid-19.