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Após ataque de deputado, Tarcísio mudará critério para convites a aliados

Depois do caso Douglas Garcia, campanha de Tarcísio vai reavaliar entrega de convites para debates - 13.set.2022 - Paulo Guereta/Zimel Press/Estadão Conteúdo
Depois do caso Douglas Garcia, campanha de Tarcísio vai reavaliar entrega de convites para debates Imagem: 13.set.2022 - Paulo Guereta/Zimel Press/Estadão Conteúdo
Felipe Pereira e Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

15/09/2022 04h00Atualizada em 15/09/2022 15h18

A repercussão da agressão verbal do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) à jornalista Vera Magalhães fez a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, mudar o critério de distribuição de credenciais para debates. Interlocutores informaram que a partir de agora será feita uma checagem das posições e comportamento anteriores para mapear eventual potencial do convidado em se envolver em polêmicas.

A intenção é fazer uma filtragem para evitar constrangimentos a Tarcísio, como o ocorrido ao final do debate UOL, Folha e TV Cultura realizado na terça-feira (13). Até então, os convites da campanha que estavam sobrando eram entregues para aliados que solicitavam participação.

Rompimento com Douglas Garcia. Percebendo o potencial de estrago na campanha, o candidato teve pressa em se posicionar para mostrar distanciamento em relação à atitude do colega de partido. Ele condenou o comportamento de Douglas Garcia em entrevista ao final do debate. Na sequência, ligou para Vera Magalhães afirmando mal conhecer o deputado estadual, a quem classificou como "idiota".

O telefonema para a jornalista para demonstrar solidariedade não foi o único de Tarcísio. Ele procurou o deputado estadual para repreender seu comportamento. Além de comunicar Douglas Garcia de que não seria mais convidado para os debates, criticou a atitude dele.

Egoísmo e oportunismo. De acordo com a avaliação de interlocutores da campanha, Douglas Garcia foi para cima de Vera Magalhães numa nítida manobra para conseguir espaço na mídia e angariar apoio dos bolsonaristas mais radicais. O raciocínio é de que ele mirou na sua tentativa de obter uma vaga de deputado federal sem se importar com a repercussão negativa da atitude para a campanha de Tarcísio.

Diante deste diagnóstico, Douglas Garcia foi excluído de qualquer debate ou sabatina de que Tarcísio vier a participar no futuro. A determinação foi feita mesmo com o deputado estadual tendo pedido desculpas ao candidato a governador de São Paulo. "Se é para pedir desculpas para alguém, não é para jornalista nenhum. Tenho que pedir desculpas ao Tarcísio."

Monitoramento nas redes sociais. O ataque fez a equipe do Republicanos ficar alerta para a repercussão nas redes sociais. Ontem, foram feitos três monitoramentos para mensurar a situação. De acordo com a campanha de Tarcísio, não houve abalo à reputação do candidato.

Com este resultado, a campanha planeja manter a programação normal na corrida eleitoral. Não está previsto nenhum ato específico para o voto feminino. A justificativa é que a atitude de Douglas Garcia não cola em Tarcísio por causa do histórico de posicionamento dele.

Twitter só falou de Vera Magalhães. O monitoramento do Twitter demonstrou uma situação diferente da citada pela equipe de Tarcísio. Entre as 22h da terça-feira (13) e o meio-dia de ontem (14), o nome da jornalista gerou cerca de 785 mil interações na rede social, que é a soma de postagens, likes, comentários e compartilhamentos.

O volume foi 144% maior do que as menções a todos os candidatos que participaram do debate. Somados, Fernando Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Vinícius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT) foram citados 321,7 mil vezes

Sem medo de perder votos. Disputando uma vaga no segundo turno com Tarcísio, o atual governador e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB), vinculou o nome do adversário ao do deputado estadual. Ele divulgou um vídeo em que Tarcísio aparece pedindo votos para Douglas Garcia.

A tentativa não vai prosperar, na avaliação da campanha de Tarcísio. A justificativa é a mesma, de que o perfil do candidato e seus posicionamentos impedem que seja colado nele a imagem de alguém que não respeita as mulheres.

No levantamento Ipec, divulgado na terça-feira da semana passada (6), o atual governador aparece em terceiro lugar nas intenções de voto, com 14%, atrás de Tarcísio, com 21%, e Fernando Haddad (PT), com 36%.