Topo

Após ida de Lula a Curitiba, Moro acena a Bolsonaro: 'Adversário em comum'

Ex-ministro da Justiça, Sergio Moro se esquivou de explicar aos adversários sobre sua tentativa de candidatura em SP - Reprodução/YouTube/Band TV
Ex-ministro da Justiça, Sergio Moro se esquivou de explicar aos adversários sobre sua tentativa de candidatura em SP Imagem: Reprodução/YouTube/Band TV

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

18/09/2022 00h54Atualizada em 18/09/2022 01h01

Em sua participação no debate com os candidatos a senador pelo Paraná, promovido pela Band TV na noite deste sábado (17), o ex-juiz Sergio Moro (União) fez um novo aceno ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que eles têm um "adversário em comum": o PT, na figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ex-ministro criticou o petista e citou Bolsonaro logo no primeiro bloco do debate, no qual acabou virando alvo de ataques de candidatos da esquerda e da direita. Moro foi atacado primeiro por Laerson Matias (PSOL) que questionou a proximidade do ex-ministro com o bolsonarismo.

"Jamais estarei ao lado do PT. Eu e Bolsonaro temos um adversário em comum nessas eleições. Me preocupa a volta do PT e do Lula com todos aqueles escândalos de corrupção desvendados e desmantelados pela Operação Lava Jato. A Petrobras conseguiu recuperar este ano, graças à Lava Jato, cerca de R$ 6 bilhões", respondeu o ex-juiz.

Hoje, durante o primeiro ato de campanha de Lula em Curitiba, a memória da prisão do petista na capital paranaense marcou os discursos. O ex-presidente voltou a anunciar a anulação pelo STF (Supremo Tribunal Federal) dos processos iniciados pela Lava Jato em um clima de triunfo que agradou os militantes.

Antes mesmo do debate, Moro se manifestou nas redes sociais e disse ser "inacreditável" o comício de Lula em Curitiba, cidade em que o petista ficou preso após condenação em abril de 2018, o que o impediu de disputar a eleição daquele ano.

Traição. Na sequência do debate, o candidato bolsonarista Paulo Martins (PL) acusou Moro de ter traído Bolsonaro — após deixar o governo e acusar o presidente de tentar interferir na Polícia Federal —, o Podemos e até seu ex-aliado e atual adversário na disputa pelo Senado, Álvaro Dias (Podemos).

"O senhor traiu a confiança do presidente, denunciou interferências na PF e vazou conversas privadas de quem você foi padrinho de casamento", acusou Martins. "Qual garantia tem o povo paranaense que o senhor não vai trair o Paraná?".

Moro se esquivou, falou mais uma vez sobre seu trabalho à frente Lava Jato e afirmou: "Eu não abandonei ninguém. Hoje estamos com uma situação complicada. O retorno do Lula e a corrupção que ele representa. Eu e o presidente Bolsonaro temos um adversário em comum", repetiu.

Sem reposta. Moro foi cobrado pelos candidatos a explicar sua tentativa de transferir o domicílio eleitoral para São Paulo, que foi impugnada pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). Ele só decidiu se candidatar pelo Paraná depois da derrota judicial.

O ex-juiz evitou responder diretamente, limitando-se a relatar seus vínculos com o estado do Paraná e de novo recorreu à Lava Jato:

"Tenho orgulho de concorrer pelo Paraná. Nasci em Maringá, sou filho de professores. O trabalho profissional mais relevante da minha vida foi feito aqui no Paraná, a Operação Lava Jato. Residi em Cascavel e moro em Curitiba há 20 anos. A operação só foi possível com o apoio da população paranaense".

No terceiro bloco, o ex-juiz aproveitou uma tréplica para manifestar sua posição a respeito dos processos envolvendo Lula. Dessa vez, voltou a afirmar que o STF errou ao anular os processos contra o petista, o que possibilitou que ele se candidatasse à Presidência — hoje Lula lidera a corrida presidencial contra Bolsonaro.

"Lula não foi inocentado, nem foi absolvido. Essa foi a maior fake news. Ele foi condenado e depois beneficiado por um erro judiciário do STF", disse.

Como as condenações contra Lula foram anuladas e alguns dos crimes prescreveram, ele é juridicamente inocente. Por causa disso, Lula é considerado ficha Limpa, já que a lei considera inelegíveis candidatos com condenação em processos criminais em segunda instância.

Moro e Álvaro Dias evitam confronto

Alvaro Dias, cadidato do Podemos ao Senado no Paraná - Reprodução - Reprodução
Alvaro Dias, cadidato do Podemos ao Senado no Paraná
Imagem: Reprodução

Líderes da corrida eleitoral para o Senado no estado, o ex-juiz Sergio Moro e o candidato Alvaro Dias evitaram o confronto durante o debate. Seus adversários, que estão bem atrás nas pesquisas, se ocuparam de provocar os dois rivais com perguntas difíceis e questionamentos complicadores.

Moro, porém, foi selecionado como alvo preferencial, tanto pelos candidatos de esquerda como pelos declaradamente bolsonaristas.

Alvaro Dias aparece na frente na maior parte das pesquisas estimuladas, seguido de Sergio Moro (União) e Paulo Martins (PL). Porém, nas pesquisas espontâneas, a maioria dos eleitores responde não saber ainda em quem votar.

No debate, Dias disse querer contribuir com o presidente em 2023, "seja ele quem for"

"Renovação é fundamental. Oxigenação. Degrau certo na escada. Evidentemente o Senado pode também ser renovado. Mas temos que tirar de lá o lado podre. Se nós aprovarmos o fim do foro privilegiado começamos a limpar a sujeira. O Senado é a Casa revisora, exige experiência. Quero contribuir com o futuro presidente, seja quem ele for", afirmou.