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'Eram como animais raivosos', diz ativista sobre bolsonaristas em Londres

Do UOL, em São Paulo

18/09/2022 19h31Atualizada em 19/09/2022 00h32

A ambientalista Ali Rocha, do grupo Brazil Matters, organizadora do protesto contra Jair Bolsonaro (PL), em Londres, no Reino Unido, chamou de "animais raivosos" e "descontrolados" os apoiadores do presidente que hostilizaram os manifestantes durante ato realizado neste domingo (18).

O grupo de ativistas formado por dez pessoas fez uma manifestação em frente à casa do embaixador brasileiro na capital britânica, onde Bolsonaro está hospedado para participar das homenagens à rainha Elizabeth 2ª. Os ambientalistas estavam com uma faixa com os dizeres "Pare Bolsonaro para o futuro do planeta", em inglês, e, em outra, "Bolsonaro é uma ameaça à humanidade e à natureza".

Os ativistas foram hostilizados por bolsonaristas, para quem o presidente e candidato à reeleição discursou antes de passar pelo caixão da rainha e assinar o livro de condolências em homenagem à monarca. Policiais precisaram formar um cordão de isolamento para separar os dois grupos.

"Os vídeos mostram bem: nós fomos verbalmente agredidos o tempo todo. Se a polícia não estivesse escoltando, eles teriam agredido a gente fisicamente. Eles estavam prontos para isso. Eram como animais raivosos. Descontrolados. Muitos xingamentos. O tempo todo. A gente estava tranquilo, apenas segurando as faixas e eles só nos agredindo", disse Ali Rocha em contato com o UOL. "A polícia escoltou a gente até o metrô".

O objetivo do protesto não era deixar o Bolsonaro, aqui, incontestado. Não deixar ele, neste país, sem ser desafiado em relação a todas essas políticas genocidas, destrutivas e criminosas. Ali Rocha, organizadora da manifestação

A ativista afirmou ainda ter sido detida pela polícia local sob a justificativa de terem recebido uma denúncia anônima sobre alguém vestido com a camisa vermelha — ela vestia uma roupa com a mesma cor— que poderia cometer algum tipo de vandalismo. Ela chegou a ser algemada.

"Eu fui detida por uma denúncia. Eles disseram que foi uma informação que receberam, que alguém com a camiseta vermelha estava chegando para cometer algum crime, algum ato de vandalismo. Eu fui detida e fui algemada."

A camiseta vermelha da ativista estava estampada com a mascote e mapa do meme da Ursal (acrônimo para União das Republiquetas Socialistas da América Latina), que não existe.

Vídeos publicados em redes sociais por jornalistas que cobrem a viagem mostram manifestantes a favor do presidente perguntando ao grupo de opositores por que eles não iriam para a Venezuela e também gritando palavras contra o ex-presidente Lula.

No discurso aos apoiadores, Bolsonaro aproveitou para falar sobre temas de sua campanha e disse que será reeleito no primeiro turno. Boa parte do público usava camisetas da seleção ou com bandeiras do Brasil estampadas.

O presidente fez um breve discurso com os principais motes eleitorais, como rejeição a temas de "drogas, aborto e ideologia de gênero" e apelo à religião. "Temos que decidir o futuro da nossa nação. Sabemos quem é do outro lado e o que eles querem implantar no Brasil. A nossa bandeira sempre será dessas cores que temos aqui, verde e amarela", declarou.

Ao assinar o livro de condolências da rainha, ele fez uma fala breve:

"Nossos sentimentos à família da rainha e ao povo do Reino Unido. No Brasil, temos forte em nossa lembrança ainda sua passagem por lá em 1968. Por tudo que ela representou para seu país e para o mundo, o momento é de pesar e de reconhecimento, por tudo aquilo que ela fez pelo mundo."