Lula diz que discurso de Bolsonaro para armas é o mesmo de Hugo Chávez
O ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) fez, na noite de hoje, uma comparação entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez (1954 - 2013). Durante entrevista ao Canal Rural, o petista afirmou que o discurso de Bolsonaro sobre o armamento é o mesmo que Chávez adotava quando esteve no poder.
"Não é necessário, sabe, essa liberação alucinada de armas. Para favorecer quem? O que o Bolsonaro diz, e o filho dele diz? Ah, o povo armado [jamais será escravizado], sabe? É o mesmo discurso que o Chávez fazia", afirmou Lula —em 2006, o venezuelano chegou a defender que a população fosse armada.
A frase "o povo armado jamais será escravizado" é frequentemente citada por Bolsonaro para justificar os decretos publicados ao longo do governo que facilitaram o acesso às armas por parte da população. Ao Canal Rural, Lula tocou no assunto quando foi questionado como vê a questão do armamento no país.
Lula explicou que a política de desarmamento adotada nos governos petistas não ataca os direitos dos proprietários rurais. "Isso não significa que um cidadão que tem uma fazenda não possa ter uma arma na casa dele. Isso não significa que ele não possa ter, porque eu sei que há roubo de gado à noite".
O ex-presidente criticou, no entanto, a forma como as regras foram flexibilizadas sob Bolsonaro. "Esse negócio da liberação de armas tal como foi feito, que eu sei que muita gente gosta, quem é que está dando armas para o crime organizado?", questionou.
Antigamente, o crime organizado tinha que roubar um arsenal do Exército no Rio de Janeiro, ou tinha que roubar um arsenal da Polícia Militar em São Paulo. Hoje ele está comprando. Ele compra rifle, ele compra uma metralhadora, ele compra pistola. Compra 2 mil balas! Para que isso, gente?
Lula, em entrevista ao Canal Rural
A figura de Chávez também é utilizada por Bolsonaro para criticar Lula, dizendo que o Brasil poderia virar uma Venezuela, que vive problemas sociais e econômicas. Chávez e Lula eram próximos durante o governo de ambos em seus países.
Entrevista ao Canal Rural. Lula é o segundo presidenciável a ser sabatinado pelo Canal Rural, depois de Ciro Gomes (PDT). Bolsonaro e a senadora Simone Tebet (MDB), que completam a lista dos quatro mais bem posicionados nas intenções de voto ao Planalto, também foram convidados, mas as datas das entrevistas ainda não estão confirmadas.
A entrevista de Lula ocorre em meio a uma tentativa de aproximação com o agro. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato a vice na chapa, viajará nesta quinta-feira (22) para Goiás, Mato Grosso e Rondônia, onde terá dois dias de agenda com produtores rurais e outros empresários do setor.
O ramo do agronegócio, que tem sido o maior financiador da campanha de Bolsonaro, é peça central da política em Mato Grosso, onde o PT não vence uma eleição presidencial desde 2002. O petista começou a acenar ao agro após ter afirmado, em sabatina que parte do setor é "fascista e direitista".
Na entrevista de hoje, ele não voltou atrás na afirmação, dizendo que "agro não é uma coisa só, como o PT não é uma coisa só, como o centrão não é uma coisa só". Para ele, ultimamente, tem-se visto mais o comportamento de pessoas falando com ódio, falando nervosas", disse. "Tem gente que tem discurso fascista e tem gente que tem discurso altamente democrático [no agronegócio]."
Lula também disse que o PT tratou bem o agronegócio desde o governo dele até o de Dilma Rousseff (PT), sua sucessora no cargo.
O que Lula pensa sobre as terras indígenas? Lula se declarou contrário à tese do marco temporal das terras indígenas, que defende que os povos só podem reivindicar locais que ocupavam à época da Constituição de 1988. Perguntado se a área reservada aos indígenas (14% do território nacional) não seria muito para cerca de 800 mil indígenas, o petista respondeu:
Por que a gente acha que é muito ter 14% se eles tinham tudo? Por que a gente acha que é muito? Por que a gente não preserva, sabe, as nações indígenas, para eles poderem se recuperar? Eles já foram mais de 5 milhões. Hoje são 700 mil porque nós estamos preservando um pouco da floresta deles
Lula, em entrevista ao Canal Rural
Quem seria o ministro da Agricultura? Sobre quem seria seu ministro da Agricultura em um eventual novo governo, Lula disse que "vai escolher uma pessoa de bem, que conheça o agronegócio, o mundo das exportações, que tenha sensibilidade." Ele não quis citar nomes.
Como o agro tem recebido a candidatura de Lula? As maiores pesquisas eleitorais não têm um recorte específico sobre as intenções de voto do agronegócio. Mas regiões em que a atividade é mais expressiva têm rejeitado o PT nos últimos anos e parte do setor abraçou o bolsonarismo.
Em Mato Grosso, o PT não vence uma eleição presidencial desde o segundo turno de 2002. Já em Goiás e Rondônia, a última vitória de Lula foi no segundo turno de 2006. Embora esteja à frente de Bolsonaro nas pesquisas, o petista tem perdido para o atual presidente, numericamente ou acima da margem de erro, nas intenções de voto nestes estados.
Que parcela do agro está com Lula? Na gravação da entrevista ao Canal Rural, Lula foi acompanhado por dois políticos de Mato Grosso que dialogam com o agro: o senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT) e do deputado Neri Geller (PP-MT), candidato ao Senado.
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