Ao lado de Bolsonaro em Manaus, governador do AM é vaiado e desiste de fala
No primeiro comício eleitoral com a participação de Jair Bolsonaro (PL) em Manaus, o governador e candidato à reeleição no Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), apoiado pelo presidente, foi vaiado pela plateia e desistiu de discursar na tarde desta quinta-feira (22).
Uma declaração de Lima estava prevista no evento, mas, depois dos candidatos a deputado e senador, o microfone foi direto para as mãos de Bolsonaro, o último a falar ao público.
Nos momentos em que o nome de Wilson Lima foi citado, o público respondeu com vaias. Isso aconteceu de forma marcante enquanto o ex-ministro e deputado Alfredo Nascimento (PL) — candidato à reeleição — discursou no palco, citando o governador.
"O próximo dia 2 de outubro é o divisor da ordem e do progresso ou da desordem e do vale tudo. Aqui no estado do Amazonas eu fico com Wilson Lima pela reeleição", disse Bolsonaro, que ouviu as vaias dos presentes.
Em primeiro lugar nas pesquisas, Lima tem uma gestão marcada por colapsos do sistema de saúde na pandemia de coronavírus, crises ambientais, na segurança pública e suspeitas de corrupção. Seus principais adversários na disputa são os ex-governadores Eduardo Braga (MDB), senador, e Amazonino Mendes (Cidadania).
No auge das internações em decorrência da covid-19, Manaus enfrentou a falta de oxigênio nos hospitais, resultando em mortes de pacientes. Em seu discurso na cidade, o presidente — que já chegou a imitar pessoas com falta de ar anteriormente — só citou a pandemia ao falar do pagamento de auxílio aos mais pobres e da compra de vacinas "para quem quisesse tomar de forma voluntária".
Ele seguiu o roteiro de seus comícios em campanha pelo país e voltou a atacar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamando o ex-presidente de novo "bandido de nove dedos" — pesquisa Datafolha divulgada na noite de hoje mostra que o petista está com 47% das intenções de voto, com chance de vencer no primeiro turno.
"Aqui em Manaus sei que é comum se encontrar com venezuelanos, sei que vocês conversam com eles. Lá atrás, aquele bandido de nove dedos fez campanha para [Hugo] Chávez na Venezuela e depois para [Nicolás] Maduro", disse Bolsonaro, antes da divulgação do levantamento.
Ele também voltou a associar, equivocadamente, o candidato petista à defesa do aborto, da liberação das drogas, do cerceamento da liberdade imprensa e do comunismo.
Ao defender a candidatura de Coronel Menezes (PL) ao Senado, o presidente relacionou, sem citar nomes, o adversário de seu aliado e o líder nas pesquisas, senador Omar Aziz (PSD-AM), a uma acusação de pedofilia. Então vice-governador (em 2004), Aziz estava entre as cerca de 200 pessoas que foram alvo de pedido de indiciamento pela CPI que investigou a exploração sexual de criança — seu nome, porém, foi retirado do relatório final da comissão.
Em abril deste ano, um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foi condenado a indenizar Aziz por danos morais ao associá-lo ao crime em postagem nas redes sociais.
Pela manhã, em passagem por Belém, Jair Bolsonaro também mirou no ex-presidente e disse que Lula "continuará no lixo da história" e "nunca mais vai roubar o povo brasileiro".
Pix: "é culpa do Bolsonaro"
Antes do início dos comícios, o locutor e animador do evento citava pautas positivas do governo federal, quando Bolsonaro pediu que ele puxasse o coro de que a "culpa do pix" era do presidente.
O candidato à reeleição tem tentado se apropriar da autoria do pix, mas o projeto começou a ser pensado durante o governo Michel Temer (MDB).
E, 2020, ao ser abordado por um apoiador sobre o modelo de pagamento, ele demonstrou não saber do que se tratava. Na ocasião, ele achou que Pix fosse algo relacionado à aviação civil. Veja:
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