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Em Campinas, Bolsonaro inicia investida em grandes cidades do Sudeste

Jair Bolsonaro tem agenda intensa no Sudeste com foco nas regiões metropolitanas - GETTY IMAGES
Jair Bolsonaro tem agenda intensa no Sudeste com foco nas regiões metropolitanas Imagem: GETTY IMAGES

Do UOL, em São Paulo

24/09/2022 04h00

O presidente Jair Bolsonaro (PL) incluiu a região metropolitana de Campinas, cidade mais populosa do interior paulista, na reta final de sua campanha à reeleição. A visita é parte de uma investida para aumentar a votação nas grandes regiões metropolitanas nos estados do Sudeste.

Campinas é apenas o ponto de partida. Na próxima semana, Bolsonaro planeja visitar também cidades de regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em São Paulo, a avaliação da campanha é que ele vai bem no interior, mas ainda patina nas áreas com maior número de habitantes —justamente as que têm mais votos.

Os três estados são os maiores colégios eleitorais do Brasil, e Bolsonaro tem desafios diferentes em cada um.

O panorama paulista

Forte no agro, vulnerável na cidade grande. Em São Paulo, o presidente vai bem nos municípios afastados de grandes centros urbanos e onde predomina o agronegócio. A pauta conservadora, a defesa da propriedade privada e das armas rendem dividendos. Mas a história se inverte nas áreas mais populosas.

A situação é complicada na Região Metropolitana de São Paulo por causa da alta concentração de votos. Ela abriga 16,1 milhões de eleitores e 39 municípios —entre elas São Bernardo do Campo, berço político do principal rival, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de não ter o desempenho esperado, Bolsonaro vê Lula se saindo bem nas áreas mais populosas do estado. Como resultado, o adversário lidera a pesquisa Datafolha em São Paulo com 41%. O presidente vem logo atrás, com 34%.

A notícia positiva é que a diferença era de dez pontos percentuais no levantamento anterior. A queda para 7 pontos percentuais justifica o investimento nas agendas. Tanto que na próxima semana Bolsonaro deve visitar ainda a Baixada Santista e a cidade de São Paulo.

Disputa para governador. Há ainda mais um motivo para a escolha do presidente em estar em Campinas neste sábado: ajudar o aliado ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) a chegar ao segundo turno. A estratégia do aliado é colar seu nome ao de Bolsonaro para superar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) na busca pela última vaga ao segundo turno.

O Datafolha de ontem apontou Fernando Haddad (PT) lidera com 34%. Tarcísio tem 23% e Rodrigo Garcia 19%. Os números indicam empate no limite da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais, e o instituto de pesquisa informa que é pouco provável que o tucano esteja na frente do adversário.

Disputa fluminense

Busca pela virada. O berço político de Bolsonaro é o Rio de Janeiro, estado com grande concentração de evangélicos, segmento que o apoia. Mas o predicado não foi suficiente para ele liderar o Datafolha desta quinta (22). Lula apareceu com 40% e Bolsonaro tem 38%, o que configura empate técnico.

A campanha do presidente é mais otimista em melhorar o desempenho no Rio de Janeiro. O sentimento se ampara em números. Lula caiu 4 pontos percentuais e o candidato à reeleição subiu 2 pontos percentuais.

Outro dado que sustenta a confiança na virada é que o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, está dez pontos percentuais à frente de Marcelo Freixo (PSB), apoiado por Lula.

O plano da campanha até a noite desta sexta (23) era visitar municípios da Baixada Fluminense —mas a agenda sempre pode ser readequada de última hora.

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Presença de Zema no palanque de Bolsonaro seria crucial para melhor números em MG
Imagem: Reprodução/Globo News

Escanteado pelo líder mineiro

Bolsonaro dedicou muito tempo ao estado de Minas Gerais. Abriu a campanha em Juiz de Fora (MG) em 16 de agosto, fez motociata e comício em Belo Horizonte e na última quinta esteve em três cidades. Ainda assim, a vantagem de Lula sobre ele no estado subiu de 10 para 13 pontos percentuais (46% contra 33%) no Datafolha. A programação para o estado na semana que vem é passar por Belo Horizonte e Uberlândia.

Em Minas, sem Zema. A campanha avalia que o motivo principal da dificuldade é o afastamento que o governador Romeu Zema (Novo) mantém de Bolsonaro. Tentando novo mandato, Zema lidera com folga e aparece com 48% das intenções de voto —vantagem de 20 pontos percentuais sobre o segundo colocado, Alexandre Kalil (PSD).

Um joinha e nada mais. Zema declarou apoio ao candidato a presidente pelo seu partido, Luiz Felipe D'ávila (Novo). Desta forma, teve argumentos para não atender aos acenos de Bolsonaro por uma parceria.

Na semana passada, até houve um vídeo em que o governador mineiro faz sinal de positivo para um homem que fala o nome do presidente. A manifestação é considerada discreta pela campanha de Bolsonaro e classificada como insuficiente para caracterizar declaração de voto.

Em 7 de setembro, Zema afirmou que ia avaliar os números do primeiro turno e estudar a possibilidade de apoiar Bolsonaro. Até lá, o governador segue falando mal do PT, que descreveu como "o que há de pior na política". Mas atacar o rival não resolve o problema de Bolsonaro, que mesmo assim vai insistir no estado. Sem Zema no mesmo palanque, o trabalho é considerado difícil.

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A imagem de Michelle não foi suficiente para suavizar a imagem do presidente no eleitorado feminino
Imagem: Reprodução/Instagram Damares Alves

O imbrochável e as mulheres

A peregrinação pelo Sudeste tem o mesmo alvo de toda a campanha: o eleitorado feminino. Em especial, as mulheres da classe C. O retorno, no entanto, até agora não foi o esperado.

Autoboicote. A avaliação da equipe é que o próprio presidente atrapalhou o trabalho ao longo da campanha. Agendas como a de hoje em Campinas teriam o efeito diminuído por episódios provocados por Bolsonaro. Os mais prejudiciais seriam o ataque à jornalista Vera Magalhães e ter puxado o coro de imbrochável no discurso de 7 de Setembro em Brasília.