Economistas e ex-ministros do PSDB e MDB declaram apoio a Lula no 1º turno
Economistas e ex-ministros de governos do PSDB e do MDB se reuniram hoje com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Paulo para declarar voto no PT já no primeiro turno. Com visões econômicas e políticas diferentes, eles disseram avaliar a necessidade de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) o quanto antes.
São pelo menos quatro ex-ministros dos governos José Sarney (MDB), Itamar Franco (ex-PMDB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Michel Temer (MDB). O encontro, realizado em um hotel de luxo em São Paulo, faz parte de um movimento de frente ampla, contra a abstenção e pelo "voto útil" estimulado pelo PT nesta reta final.
Alguns deles, como o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário do Sarney e ex-presidente do Palmeiras, sempre estiveram mais próximos da esquerda e de Lula, embora com certas ressalvas. Já outros, como André Lara Resende, um dos responsáveis pelo Plano Real, e Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro do Sarney e do FHC, sempre fizeram oposição crítica ao PT.
Segundo o ex-ministro Aloízio Mercadante (PT), coordenador do plano de governo da chapa lulista, os ex-ministros Delfim Netto (Fazenda durante a ditadura militar), José Gregori (Justiça de FHC) e Nelson Jobim (Justiça de FHC e Defesa de Lula) também declaram voto no primeiro turno, mas não puderam comparecer.
Em sua fala, após ouvir os apoiadores, Lula agradeceu as declarações de voto, pregou união e disse que convidaria os nomes para ouvir propostas na área econômica —mas avisou que não abriria mão promessas na área social feitas na campanha em prol de "ajustes fiscais".
É uma união dos divergentes para vencer os antagônicos. Esse é o nosso projeto."
Lula, para economistas e ex-ministros
Veja os destaques de quem compareceu ao evento:
Aloysio Nunes (PSDB). Ex-ministro da Justiça do FHC e das Relações Exteriores de Temer, Nunes foi, em maio, o primeiro tucano da velha guarda a anunciar apoio a Lula já no primeiro turno. Ex-senador, ele compôs a base de oposição ao governo Dilma Rousseff (PT) e foi vice na chapa de Aécio Neves (PSDB) em 2014, contra a então presidente.
O tucano chegou a participar do comício de Lula no Anhangabaú, em São Paulo, em agosto. Ao UOL News, declarou na semana passada que a eleição do petista no primeiro turno seria "um antídoto contra o tumulto de Bolsonaro". Na reunião de hoje, disse que o atual presidente é uma "ameaça ao patrimônio comum, a democracia".
André Lara Resende. Economista, foi diretor do Banco do Central e, em 1993, integrou a equipe que ajudou a formular o Plano Real durante a gestão de Itamar Franco. No governo FHC, foi assessor especial da Presidência e presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Último a se unir ao grupo, declarou publicamente seu apoio a Lula hoje. Na reunião, argumentou que a vitória do petista é importante para o "Brasil voltar à normalidade democrática". Disse ainda que considera o teto de gastos estabelecido por Temer "um equívoco" e apoia a extinção proposta pela chapa petista.
Cláudia Costin. Ex-secretária da Educação da gestão de Eduardo Paes (então PMDB, hoje PSD) no Rio de Janeiro e de Cultura do ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB, agora PSB e vice de Lula), ela diz apoiar o petista no primeiro turno em especial pelas propostas na área de educação.
Segundo ela, a gestão de Lula (2003-2010) trouxe "políticas importantes" para a área, em especial o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Em 2018, ela diz ter apoiado Ciro Gomes (PDT).
Eduardo Moreira. Juntaram-se a eles ainda o jovem economista e empresário Eduardo Moreira, grande apoiador de Ciro Gomes nos últimos anos. "Não necessariamente concordo com todas as ideias, mas sigo querendo viver no país em que possa conviver com as ideias diferentes", justificou, no evento.
José Carlos Dias. Ex-ministro da Justiça de FHC, Carlos dias diz já ter declarado apoio a Fernando Haddad (PT) no segundo turno de 2018 por ser contra Bolsonaro. Dessa vez, no entanto, apoia o ex-presidente "com convicção".
Eu não posso admitir que o Brasil continue a ser governado por este homem que tanto tem nos infelicitado."
José Carlos Dias, ex-ministro
Luiz Carlos Bresser-Pereira. Ex-ministro da Fazenda do Sarney e da Administração Federal e Reforma do Estado de FHC, o economista foi responsável pelo plano econômico que levou seu nome em 1987.
Luiz Gonzaga Belluzzo. Ex-secratário de Política Econômica do Ministério da Fazenda do Sarney, sempre foi mais próximo de propostas econômicas e sociais das políticas petistas. Ainda hoje, ele participou da reunião de profissionais do esporte em apoio a Lula como ex-presidente do Palmeiras.
Rubens Ricupero. Ex-ministro da Fazenda do Itamar Franco e diplomata, Ricupero já havia sinalizado apoio à chapa durante a pré-campanha. Em sua fala, pregou união em oposição a Bolsonaro e destacou as propostas da chapa para a área do meio ambiente.
Estaremos refundando a nova República, ela foi ferida de morte neste governo que agora agoniza. Ele só não aboliu a Constituição porque não conseguiu, porque ele tentou várias vezes. É uma luta entre a volta da esperança e a perpetuação da barbárie."
Rubens Ricupero, ex-ministro
União pelo primeiro turno. O encontro e os apoios foram articulados por Mercadante e por Alckmin, próximo de grande parte dos presentes desde o tempo de PSDB. Embora negue a prática do chamado "voto útil", o PT tem intensificado a campanha contra abstenção e indecisos nesta reta final para tentar liquidar as eleições no próximo domingo (2).
Com a divulgação das últimas pesquisas Ipec (ex-Ibope) e DataFolha, apontando possibilidade de vitória do petista em primeiro turno na margem de erro, o "vira voto" tem sido tema dos comícios e encontros petistas nesta última semana.
Em sua fala após ouvir os ex-ministros, Lula focou na união entre os diferentes, usando, mais uma vez, sua antiga disputa com o PSDB e a formação de chapa com Alckmin. "Não tem um lugar que eu tenha ido, com comícios muito grandes, que o Alckmin tenha tido qualquer problema. É tratado como se fosse o mais antigos dos petistas", brincou.
Na área econômica, disse que a "fome não pode esperar" e que não vai "entrar nessa de arrumar a casa primeiro" e, como alguns presentes, criticou o teto de gastos firmado pelo governo Temer.
O teto de gastos foi aprisionamento que o sistema financeiro fez do governo. Quem tem responsabilidade não precisa de teto de gastos --e governar é ter responsabilidade.
Lula, a economistas
"Eu digo de economista que, quando a gente é oposição, a gente sabe de tudo. Quando a gente é governo a gente esquece", brincou o ex-presidente, na conclusão do encontro.
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