Topo

Alvo de aliança entre Kalil, tucano e psolista, Zema ataca gestão do PT

Debate na TV Globo entre os candidatos ao governo de Minas Gerais - Reprodução
Debate na TV Globo entre os candidatos ao governo de Minas Gerais Imagem: Reprodução

Natalia Andrade

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

28/09/2022 01h13Atualizada em 28/09/2022 01h51

No primeiro debate de que o atual governador, Romeu Zema (Novo), participou, ele foi amplamente criticado por uma aliança composta por Alexandre Kalil (PSD), Lorene Figueiredo (PSOL) e Marcos Pestana (PSDB).

As principais críticas giraram em torno das ações do atual governo durante o combate à pandemia, da privatização dos serviços públicos e da mineração. Em resposta, Zema repetiu ataques ao ex-governador Fernando Pimentel (PT) e à vida pessoal de Kalil, que está em segundo lugar e tem subido nas pesquisas de intenção de voto.

Isso ficou evidente logo de início, quando Pestana questionou Zema sobre a educação no estado, que teve queda de desempenho expressivo nos últimos quatro anos. Minas saiu do primeiro para o quarto lugar no ranking do ensino fundamental. O atual governador se esquivou da pergunta e afirmou que a responsabilidade era do ex-governador Pimentel.

Em seguida, Kalil e Lorene comentaram a saúde pública e a promessa não cumprida por Zema de inaugurar 11 novos hospitais. Eles citaram a proposta de recuperação fiscal do governo, que faria com que mesmo que os hospitais fossem inaugurados, não pudessem contratar funcionários para viabilizar sua operação.

Lorene afirmou que a política de Zema é sucatear os serviços públicos para oferecer a privatização como única saída possível: "No governo do Novo, direitos sociais são transformados em mercadoria. A intenção de Zema é transformar o estado em uma S.A. [Sociedade Anônima]". Kalil completou afirmando "com saúde não se brinca é repugnante, é de propósito, é maldade, ele sabe que não vai fazer. Essa é a pior crueldade dessa campanha".

Carlos Viana (PL), que ficou isolado durante todo o debate, aproveitou seu espaço para defender o presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que a segurança pública foi abandonada por Zema, ficando a cargo dos governos municipais. Lorene, que era a destinatária da pergunta, relembrou fala de Zema que agredir mulheres é o "instinto natural dos homens" e destacou a importância do combate à violência contra a mulher.

Ataques pessoais e batida na mesa

Zema citou Pimentel em quase todas as suas falas e afirmou que "dorme e acorda pensando no ex-governador". Acabou sendo alvo de piada de Marcos Pestana, que brincou dizendo que pediria a Kalil para passar o telefone de Pimentel para o governador.

Em certo momento, o candidato se exaltou, bateu na mesa e fez ataques de cunho pessoal contra Alexandre Kalil, divulgando um site apócrifo que faz acusações contra o ex-prefeito de Belo Horizonte.

Kalil pediu direito de resposta, mas foi negado pela organização do evento. Afirmou que não citaria os motivos que levaram Zema a ser investigado e que não discutiria sua vida pessoal no debate. Ele ainda cobrou respeito aos adversários: "Essa valentia aqui, não, de dar tapa na mesa, porque você não está na Fiemg [Federação das Indústrias do estado], não está cercado de empresário e puxa-saco".

Para atacar Kalil, Zema por diversas vezes disse que ele não sai do gabinete de Belo Horizonte, onde foi prefeito. Também afirmou que deve IPTU e que não tem moral para falar dele. Kalil respondeu que Zema está sendo processado por mentir.

Serra do Curral

Outro assunto importante no debate foi a mineração, em especial a proposta de exploração da Serra do Curral, principal cartão-postal de Belo Horizonte. O governador afirmou que foi o responsável por pedir o tombamento da região.

Mas, na realidade, ele não só autorizou a mineração no local como foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir o adiamento da reunião que decidiria sobre o tombamento.

Fala homofóbica. Carlos Viana repetiu por diversas vezes o termo "opção sexual" para se referir à orientação sexual e afirmou que as pessoas devem ter oportunidades por serem competentes e não por serem "brancas, pretas, amarelas ou pela opção sexual". Lorene o corrigiu, destacando a importância das cotas e da educação para o respeito a diversidade: "Só a cultura mata o diabo da ignorância".

Gafe. Zema chamou a adversária Lorene de "Edilene". Ela caiu no riso. Depois, se desculpou, dizendo que a falha foi pelo horário avançado.

Lula e Bolsonaro como padrinhos

Ao questionar Alexandre Kalil, Carlos Viana falou sobre o transporte público de Belo Horizonte, calcanhar de Aquiles do ex-prefeito, e afirmou que "Bolsonaro fez muito por Minas Gerais". "Ele liberou R$ 2,8 bilhões para a expansão do metrô de BH e esse dinheiro está parado."

Kalil respondeu que mexer com transporte público é enfrentar o empresariado, mas que "tem peito para fazer isso". Além disso, afirmou que Lula é seu aliado: "Eu tenho muito orgulho de estar com o presidente Lula, não sei se o Viana tem orgulho de estar com Bolsonaro, apesar de tudo o que ele fez por Minas Gerais. Ele não fez nada. Ele falou isso por nada".

O que diz a última pesquisa

De acordo com a pesquisa Ipec divulgada ontem, Zema lidera com 45% dos votos. Já Kalil cresceu de 29% para 34%. Carlos Viana tem 3%. Os demais candidatos têm cerca de 1% cada um. Brancos e nulos somam 6% e indecisos 8%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A pesquisa ouviu 2.000 eleitores de Minas Gerais entre os dias 24 e 26 de setembro, com custo de R$ 155.760,86. A confiabilidade, segundo o instituto, é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número MG-00909/2022.