Debate: Castro evita criticar Lula, e Freixo pede voto útil para petista
O último debate para o governo do Rio de Janeiro, na TV Globo, foi marcado pelos candidatos nacionalizando a disputa para tentar embarcar na polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que travam uma disputa acirrada no estado.
Apesar de ser do partido de Bolsonaro, o governador Cláudio Castro (PL) evitou criticar Lula quando confrontado por Paulo Ganime (Novo) —que também disputa o eleitorado de direita. Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) aproveitou sua primeira participação para pedir o voto útil em Lula e defender uma decisão da eleição presidencial já no primeiro turno. Segundo pesquisa Ipec divulgada nesta terça-feira (27), Lula tem 42% das intenções de voto contra 36% de Bolsonaro no estado do RJ.
Líder nas pesquisas e com chances reais de vencer no primeiro turno, Cláudio Castro voltou a ser atacado por conta do escândalo dos cargos secretos na Fundação Ceperj —que contratou mais de 20 mil pessoas sem transparência que sacaram R$ 248,4 milhões em dinheiro vivo— e na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), revelados pelo UOL, e pelas delações premiadas que o relacionam a recebimento de propina quando era vice-governador.
Castro e Freixo, que aparecem à frente nas pesquisas, só se enfrentaram diretamente no último bloco, quando travaram um duelo de direitos de resposta.
Além de Castro, Freixo e Ganime, também participou do debate Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito de Niterói.
O que você precisa saber sobre o debate da TV Globo:
- Castro e Freixo protagonizaram um duelo por direitos de resposta no único confronto direto --foram três concedidos na sequência (dois para Freixo e um para Castro);
- Rodrigo Neves questionou Freixo sobre doações que recebeu de banqueiros;
- Castro foi confrontado pelos três adversários com os escândalos dos cargos secretos da Ceperj e Uerj, delações premiadas e secretários presos;
- O governador evitou criticar Lula, e Freixo pediu voto útil para o petista vencer no 1º turno;
- Castro e Paulo Ganime travaram disputa pelo voto bolsonarista.
Disputa bolsonarista. Um dos momentos mais quentes do primeiro bloco foi quando Ganime, que é alinhado a Bolsonaro, perguntou se Castro —que refuta acusações feitas em delações contra ele— também defenderia a inocência de Lula, que teve suas condenações na Lava Jato anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Contando com votos de eleitores de Lula na Baixada Fluminense e no interior, Castro evitou atacar o petista. "Ele [Lula] foi condenado em várias instâncias, sim. Nós aqui no Rio de Janeiro respeitamos as instituições. Eu não falo de decisão judicial, aqui eu falo do povo do Rio de Janeiro", rebateu Castro.
O governador ainda completou: "Quem é do partido do presidente Bolsonaro aqui sou eu."
Ganime então cobrou um posicionamento de Castro: "O senhor falou recentemente que não acha que o Lula é tão perigoso assim para o Brasil, discordando inclusive do Bolsonaro nesse ponto. Você acha ou não acha que o Lula é condenado ou descondenado?".
Freixo pede voto útil em Lula. Freixo aproveitou sua primeira participação no debate para defender o voto útil em Lula com o objetivo de encerrar a disputa presidencial no primeiro turno. Freixo aposta na associação com Lula para crescer nas pesquisas.
"Vote em Lula para a Presidência da República para a gente eliminar essa história no primeiro turno, garantir a democracia de volta, ter uma boa relação do governador com o presidente da República e trazer a paz de volta para o Rio de Janeiro", pregou.
Denúncias de corrupção. O governador foi o mais criticado pelos adversários, principalmente pelas denúncias de corrupção e escândalos que marcam seu governo.
Considerando o tempo de mandato em que Castro era vice, os adversários insistiram —a exemplo dos últimos debates— em jogar luz sobre a prisão de secretários durante a atual gestão, principalmente Raphael Montenegro (Administração Penitenciária) e Allan Turnowski (Polícia Civil).
O secretário de Administração Penitenciária realmente teve um problema, mas depois a própria Justiça trancou todas as ações dele. A gente tem que tomar cuidado para não fazer pré-julgamento das pessoas. Deixa a Justiça cuidar disso."
Cláudio Castro sobre secretário preso
Os cargos secretos criados na Ceperj e na Uerj também foram citados por todos os três adversários de Castro. "Quando aconteceu o problema com o Ceperj, fui dialogar com o Ministério Público. Quem governa pode ter problema sim, são muitos funcionários", disse o governador, que teve proposta de TAC (Termo de Ajuste de Conduta) rejeitada pelo MP.
Dinheiro da Educação na Ceperj. A transferência de R$ 58 milhões da Secretaria de Educação para a Ceperj, revelada pelo UOL, foi citada por Freixo contra Castro. Os recursos foram remanejados para o projeto Escola dos Campeões —sem dados públicos sobre cargos, funcionários e salários, segundo mostrou reportagem.
O secretário de Educação do governo Cláudio Castro é um corretor de imóveis. Nada contra, mas secretário de Educação não entende nada de educação. Em cinco dias, concedeu a saída de R$ 50 milhões da Educação para o Ceperj, para pagar "bolsa bandido" e funcionário fantasma."
Marcelo Freixo
Guerra de direitos de resposta entre Castro e Freixo. O primeiro embate direto entre eles aconteceu somente no quarto e último bloco.
Diante da possibilidade de perguntar a Castro, Freixo comemorou: "Finalmente". A pergunta foi sobre expansão das milícias e, em sua resposta, Castro afirmou que Freixo tinha a campanha "mais suja da história" —citando os direitos de resposta concedidos pela Justiça Eleitoral na propaganda do candidato do PSB. Com isso, veio o primeiro pedido de resposta de Freixo, que foi atendido.
Quando você fala de uma campanha, na campanha eleitoral, a sua campanha está fazendo isso: faz ataques, a minha também faz denúncias. Nós ganhamos algumas ações e perdemos outras."
Marcelo Freixo em direito de resposta após fala de Castro
Depois, Castro pediu direito de resposta ao ouvir que "o governo do Rio é uma máfia" e também foi atendido. Em sua resposta, Castro disse que Freixo mentia e citou mudanças de discursos que marcaram a campanha do candidato do PSB.
E sabe o que é a condenação, gente? Quando a pessoa tenta te enganar. Quando a pessoa tenta mentir para você, da mesma forma que ela era contra os valores cristãos e agora vai à igreja, da mesma forma que era a favor das drogas, e agora diz que é contra."
Cláudio Castro em direito de resposta após fala de Freixo
A fala rendeu outro direito de resposta concedido a Freixo: "Eu quero dizer que isso não é pessoal, Cláudio, realmente não é pessoal", disse o candidato, ao lembrar seus embates com o ex-governador Sérgio Cabral, que posteriormente foi preso.
Eu estou te alertando. Cuidado. Porque pode estar algo semelhante acontecendo hoje no Rio de Janeiro. E isso não é pessoal, porque eu não quero que o Rio de Janeiro continue tendo governadores presos."
Marcelo Freixo em direito de resposta após fala de Castro
Depois, Castro pediu novo direito de resposta, mas foi negado. A apresentadora Ana Paula Araújo pediu para que as ofensas pessoais fossem cessadas.
O governador também obteve outros dois direitos de resposta —a partir de falas de Freixo e Ganime— em blocos anteriores.
Freixo é questionado por doações de banqueiros. Em meio a uma disputa pelo voto da esquerda, Rodrigo Neves questionou o fato de executivos e herdeiros de bancos e outras instituições do mercado financeiro terem feito doações para a campanha de Freixo. Ele lembrou que o candidato do PSB sempre criticou doações de empresas para campanhas eleitorais.
"Considerando que você já recebeu mais de R$ 2 milhões de doações de banqueiros, quem você vai trair se eleito: seus novos amigos banqueiros ou seus antigos eleitores?", perguntou o pedetista.
Freixo voltou a defender uma frente ampla, como vem fazendo durante toda a campanha.
"A gente está vivendo um momento no Brasil e no Rio de Janeiro muito grave. O que a gente conseguiu no Rio de Janeiro é uma união. Onde é possível ter uma pessoa como o Armínio Fraga [ex-presidente do Banco Central], o Marcelo Trindade [advogado ligado ao mercado financeiro]. É possível ter uma pessoa com compromisso com o Rio e é possível ter movimentos sociais, é possível ter uma liderança de favela, é possível ter os professores. É isso que o Rio precisa."
Freixo defende operações policiais. Após Ganime dizer que Freixo não gostava da polícia, o candidato do PSB subiu o tom e afirmou que, como governador, manteria as operações policiais. Ele lembrou que perdeu um irmão assassinado pelo crime organizado.
"No meu governo vai ter operação policial, vai ter combate ao crime. Porque eu sei o que é uma família ser destroçada pelo crime. Mas vai ter respeito aos moradores, à cidade e aos policiais."
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