Urnas foram fortaleza da democracia, dizem observadores internacionais
Representantes da missão de observação internacional da Uniore (União Interamericana de Organismos Eleitorais) afirmaram que as urnas eletrônicas foram "fortalezas" da democracia durante o primeiro turno das eleições no Brasil. A entidade divulgou hoje (3) um balanço parcial do que viram durante o pleito e elogia o uso do equipamento nas eleições brasileiras.
A Uniore é uma das organizações internacionais que enviaram observadores para acompanhar a votação. Ao todo, 40 integrantes acompanharam os trabalhos — para o segundo turno, no dia 30 deste mês. a equipe deve ser reduzida, uma vez que a votação será menor.
Lorenzo Córdova, chefe da missão de observação eleitoral da Uniore no Brasil e conselheiro presidente do Instituto Nacional Eleitoral (INE) do México, destacou o "extraordinário desempenho" das urnas eletrônicas, da biometria e da transmissão e totalização de votos coordenada pelo TSE.
"A missão pode concluir e falar com satisfação que uma das fortalezas que observamos no sistema eleitoral brasileiro é a urna eletrônica", disse Córdova. "A urna foi uma fortaleza da democracia".
Após o primeiro turno, a organização enviou um relatório ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, destacando que a missão reconhece a confiança do eleitorado brasileiro no sistema eleitoral e o trabalho desenvolvida pelo tribunal para conduzir as eleições que garantisse "todas as garantias ao povo brasileiro".
"A missão destaca a experiência do Tribunal Superior Eleitoral e seu reconhecimento como referência regional na implementação do voto eletrônico. Além disso, ressalta de forma positiva como este método de votação se consolidou na cultura da cidadania brasileira, que vai às seções de votação com confiança e conhecimento sobre o procedimento [de votação]", disse a entidade, no documento.
A Uniore também elogiou a iniciativa do TSE de um horário de votação unificado e os trabalhos dos mesários, afirmando que todos demonstravam conhecimento para garantir que os eleitores votassem, mesmo aqueles que ainda não tinha colhido a biometria.
Além do acompanhamento das eleições no Brasil, a Uniore também observou a votação de imigrantes brasileiros na Argentina, Costa Rica, México, Paraguai e República Dominicana. Em todos, a organização afirmou que o pleito ocorreu normalmente.
A participação de missões de observação eleitoral foi uma das "vacinas" adotadas pelo TSE na gestão do ministro Edson Fachin para garantir uma nova camada de "blindagem" contra eventuais contestações de resultados por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL).
OEA cita filas e temor de violência, mas diz que eleições foram "tranquilas"
A OEA (Organização dos Estados Americanos) também divulgou um relatório parcial dos trabalhos da sua própria missão de observação eleitoral no Brasil, destacando as longas filas registradas no primeiro turno em diversos Estados do país. A organização também disse que viu com "preocupação" o temor de violência política, mas que as eleições transcorreram " de forma tranquila".
Ontem, diversos eleitores criticaram as longas filas que se formaram nas seções eleitorais de todo o país. O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, minimizou a questão e disse se tratar de algo que estava "dentro da normalidade".
No relatório levado ao TSE, a OEA disse ter constatado que em algumas seções, no momento da identificação biométrica, alguns eleitores tiveram dificuldades na leitura de suas impressões digitais. A demora, porém, não teria impedido eleitores de votarem.
"Durante a tarde, 91% das seções observadas tinha longas filas de eleitores, alguns dos quais reportaram ter esperado por mais de duas horas para poder exercer o sufrágio. Apesar disso, a Missão observou que a jornada transcorreu de forma tranquila e que não se registraram maiores incidentes", disse a OEA.
A organização visitou 222 seções eleitorais de 15 Estados e do Distrito Federal além de três cidades no exterior: Porto (Portugal), Miami e Washington, DC (EUA). Os observadores também estiveram no TSE para a totalização dos votos.
Violência política. A OEA também mencionou que durante a estadia no Brasil, realizou reuniões com diversas autoridades eleitorais, forças de segurança e atores da sociedade civil e lamentou o aumento dos níveis de polarização durante o processo eleitoral.
"Vários atores e organizações com as quais a Missão contatou, expressaram sua preocupação com episódios de violência ocorridos durante o processo eleitoral, tanto entre candidatos e candidatas, quanto entre eleitores. A Missão condena a perda de vidas humanas devido a diferenças políticas e considera inaceitável o uso da violência".
A missão da OEA chegou ao Brasil em setembro e é composta por 53 observadores de 17 nacionalidades diferentes.
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