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Ação com 2 PMs baleados nas eleições era para roubar armas, diz suspeito

O homem preso por suspeita de participar do ataque a tiros no último domingo (2) contra dois policiais militares disse que o objetivo da ação era roubar as armas da dupla. A ação aconteceu no dia do primeiro turno das eleições em uma escola na zona sul de São Paulo. Mas, segundo a versão dele, o assalto foi frustrado pela policial que estava no local. Ela reagiu a tiros ao perceber que os criminosos estavam armados.

Breno Ferreira de Oliveira, 21, relatou estar na calçada para anunciar o roubo acompanhado por um comparsa a bordo de uma moto, também armado. O outro suspeito de envolvimento no crime fugiu do local e ainda não foi localizado pela polícia.

Quem era o comparsa Segundo Breno, o comparsa —identificado apenas como "Boquinha"— seria um integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Um dos disparos dados pela policial militar teria atingido Breno no braço esquerdo. Em depoimento dado à Polícia Civil, ele confessou ter atirado no outro policial militar, que se feriu de raspão na cabeça e no ombro.

Havia seis marcas de disparos na parte traseira do colete à prova de balas usado pela vítima —dois dos projéteis ficaram alojados no local, apontou o laudo da perícia anexado ao inquérito. A ação ocorreu na Escola Estadual Deputado Aurélio Campos, na Cidade Dutra, zona sul da capital.

Segundo Breno, os tiros dados pelo seu comparsa atingiram a policial militar, baleada no abdômen, no ombro e no dedo de uma das mãos. Ela apareceu em imagens do circuito interno da escola em busca de refúgio após o tiroteio em vídeo que registra correria de mais de 20 pessoas no pátio da instituição de ensino. Em áudio, ela detalhou os ferimentos na ação. "Gente, tô aqui, tô bem. Morri, não! [Sou] dura na queda".

Breno Ferreira de Oliveira, 21, foi preso em flagrante após tiros em policiais militares em escola de São Paulo durante as eleições - Reprodução - Reprodução
Breno Ferreira de Oliveira, 21, foi preso em flagrante após tiros em policiais militares em escola de São Paulo durante as eleições
Imagem: Reprodução

Rastro de sangue Após o tiroteio, o comparsa de Breno teria roubado a pistola do policial militar baleado e fugido de moto, segundo a versão contada pelo suspeito preso.

Policiais militares no local seguiram um rastro de sangue. Ele levou a um terreno baldio às margens do rio Pinheiros deixado pelo ferimento causado no braço esquerdo dele, dando início a uma perseguição a pé.

Ao verem Breno tentando entrar em um barraco, os agentes disseram ter ordenado que ele parasse. Mas não foram atendidos pelo suspeito, que fugiu correndo.

Projéteis de tiros dados por criminosos ficaram alojados em colete a prova de bala de um dos policiais militares atingidos em frente a uma escola na zona sul de São Paulo nas eleições - Reprodução/Polícia Civil - Reprodução/Polícia Civil
Projéteis de tiros dados por criminosos ficaram alojados em colete a prova de bala de um dos policiais militares atingidos em frente a uma escola na zona sul de São Paulo nas eleições
Imagem: Reprodução/Polícia Civil

Tiros e captura Em depoimento, dois policiais militares disseram ter atirado após verem o suspeito em fuga colocando a mão na cintura e estendendo o braço para trás, como se fosse atirar. Depois de uma perseguição que se arrastou por cerca de 1 quilômetro, eles capturaram o suspeito.

Qual o estado de saúde dos policiais baleados? A policial militar que gravou a mensagem foi operada para retirada de projétil do abdômen e aguarda por outra cirurgia na mão, já que sofreu uma fratura exposta. O quadro de saúde dela é considerado estável.

Peritos encontraram estojos deflagrados de dois tipos de calibres em ataque nas eleições a dois policiais militares em frente a uma escola na zona sul de São Paulo - Reprodução/Polícia Civil - Reprodução/Polícia Civil
Peritos encontraram estojos deflagrados de dois tipos de calibres em ataque nas eleições a dois policiais militares em frente a uma escola na zona sul de São Paulo
Imagem: Reprodução/Polícia Civil

O outro policial, ferido por tiros na cabeça e ombro caído no chão, teve perda de massa encefálica, está intubado e seu estado de saúde é considerado crítico, de acordo com a corporação.

Votação prosseguiu na escola. Apesar dos tiros e dos policiais feridos, a escola continuou aberta para garantir a votação dos eleitores.

Momentos de terror. Um eleitor que estava na escola no momento dos tiros narrou momentos de terror vividos por quem estava ali. Ele conversou com a reportagem sob a condição de anonimato, para evitar represálias.

"Ouvi vários disparos. A gente achou até que era um ataque. Aí, tentamos até bloquear a entrada. Quando saí, vi os policiais baleados, perto do portão", contou.