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Lula recebe presidente do PDT: 'Ciro vale muito mais que 3% dos votos'

Do UOL, em São Paulo

05/10/2022 15h53Atualizada em 05/10/2022 17h04

O PDT oficializou hoje (5) o apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência. O presidente do partido, Carlos Lupi, selou a aliança em uma reunião com o petista nesta tarde em São Paulo.

O apoio já havia sido aprovado por unanimidade pela executiva nacional do PDT ontem (4). O ex-candidato Ciro Gomes (PDT) participou da reunião online, mas não estava presente hoje. Ele divulgou um vídeo em que dizia seguir a decisão do partido, sem citar o nome de Lula.

Antigo aliado, Ciro subiu as críticas ao petista no último mês de campanha e as duas campanhas acabaram muito distantes. Na urna, Lula acabou em primeiro com 48,4% dos votos e Ciro em quarto, com 3%.

Apoio crítico. A aliança foi firmada depois sob a decisão de prestar um apoio crítico ao ex-presidente, com apresentação de três propostas na área de econômica social. Por meio de conversas ontem o PT já disse que aceitaria.

Hoje, Lupi, ex-ministro do Trabalho de Lula, fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e mostrou empenho para participar da campanha. A presidente petista, Gleisi Hoffmann, convidou-o para fazer parte da coordenação.

Hoje, o que está em risco não é eleger só o Lula, é impedir o mal que a sociedade brasileira está abatida. Bolsonaro representa tudo que a gente lutou durante a vida toda contra. Nós somos o partido dos torturados, dos cassados, dos exilados. Jamais estaremos ao lado dos torturadores."
Carlos Lupi, a Lula

"Essa desgraça que se abateu sobre o povo brasileiro. Sofrimento, ignorância, corresponsável por 700 mil mortes. A sociedade não pode esquecer isso: a corresponsabilidade do senhor Bolsonaro por mais de 700 mil mortos. O brasileiro que tem memória há de se lembrar disso na hora de votar", completou Lupi.

Saudosismo. Lula respondeu o apoio com elogios ao PDT, parceiro petista em outras campanhas, incluindo uma composição da chapa principal com o ex-governador Leonel Brizola (PDT) como vice de Lula em 1998.

Na abertura, Gleisi disse que estava "com muita saudade" de Lupi, e Lula, que estava "muito feliz" com sua presença. O ex-presidente lembrou ainda o pedido do apoio de Brizola no segundo turno de 1989, primeira eleição pós-redemocratização, em um acordo também delicado.

O PDT não é importante pela quantidade de voto que teve nessas eleições. O PDT é muito importante pela história dele, pelo significado. Porque, independente de uma reunião municipal, a gente vai ver que o PT e o PDT vão estar juntos em mais de 500 cidades brasileiras. Essa é a importância.
Lula, a Lupi

Afagos a Ciro. Mas Lula também fez acenos ao ex-candidato e ex-ministro. Ele repetiu que sempre gostou de Ciro "de graça" e que o adversário era "vale muito mais que 3% de votos".

Eu conheço bem o Ciro Gomes. Foi meu ministro, almoçamos juntos, bebemos juntos, jogamos bola juntos. O Ciro é uma pessoa às vezes muito diferente do que ele é no palco de luta. Nós quando estamos disputamos eleição nós viramos artistas e faz coisas que não faz na vida normal. O PDT e o Ciro valem muito mais do que os votos que tiveram."
Lula

Ela convidou ainda o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), candidato derrotado ao governo do Rio, para participar da sua agenda na Baixada Fluminense na semana que vem.

Mais do mesmo? No agradecimento, Lula minimizou os apoios de governadores que Bolsonaro tem recebido neste segundo turno. Em três dias, o presidente apertou as mãos de:

  • Rodrigo Garcia (PSDB-SP),
  • Romeu Zema (Novo-MG),
  • Cláudio Castro (PL-RJ),
  • Ibaneis Rocha (MDB-DF) e
  • Ratinho Jr. (PSD-PR).

Na lógica de Lula, os apoios prestados não fazem muita diferença porque já eram governadores com simpatias pelo presidente. Dos cinco, de fato, só Garcia nunca havia apoiado Bolsonaro publicamente.

A somatória do meu adversário é o mesmo do mesmo, ele já está tendo apoio de quem já apoiou ele no primeiro turno. Todo mundo sabia que o governador do Rio era bolsonarista, e o Tarcísio [de Freitas, candidato em São Paulo] era bolsonarista, que o Rodrigo era bolsonarista. E nós vamos juntar os diferentes para vencer os antagônicos."
Lula

Ontem, ele já havia minimizado o apoio de Garcia a Tarcísio, embora São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro sejam as três maiores máquinas estaduais do país e onde o PT teve surpresas no primeiro turno.

A campanha petista não só esperava vencer em São Paulo como ter Fernando Haddad (PT) em primeiro, mas acabou atrás de Bolsonaro e com Haddad na poeira do ex-ministro bolsonarista. Em Minas, a expectativa que a vantagem de Lula fosse maior e, no Rio, que a vantagem de Bolsonaro fosse menor.

Contra-ataque. O petista, por sua vez, busca responder a ofensiva bolsonarista com as declarações de apoio de ex-candidatos, como Ciro e a senadora Simone Tebet (MDB), firmado hoje, de tucanos históricos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de outros governadores e senadores.

Ele tem uma reunião marcada com governadores e senadores eleitos e mandatários ainda nesta tarde para demonstrar força.