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Eunício, Zema e Caiado: quem são os super-ricos eleitos no domingo

Grupo é formado por candidatos com mais de R$ 20 milhões em bens, como Eunício (foto), Zema e Mendes - José Cruz/Agência Brasil
Grupo é formado por candidatos com mais de R$ 20 milhões em bens, como Eunício (foto), Zema e Mendes Imagem: José Cruz/Agência Brasil

Do UOL, em Brasília

07/10/2022 04h00Atualizada em 12/10/2022 10h37

Pelo menos 30 candidatos eleitos no domingo (2) têm patrimônio superior a R$ 20 milhões cada um. Juntos, eles acumularam mais de R$ 1,8 bilhão em bens, de acordo com as declarações que eles mesmos entregaram à Justiça Eleitoral. A maior parte é homem, da região Centro-Oeste e está em partidos de centro e de direita, com destaques para MDB, PL e União Brasil, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) analisados pelo UOL.

O grupo possui políticos conhecidos e bem abastados no topo, com mais de R$ 100 milhões em bens acumulados, e figuras de notoriedade nos corredores de Brasília, como o governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e o deputado Hercílio Diniz (MDB-MG).

Há cinco governadores na relação. Eles comandam Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Roraima. Todos foram reeleitos.

Fazendeiro e ex-dono de transportadora de valores. A lista dos super-ricos começa com Antídio Lunelli (MDB-SC), que foi eleito deputado estadual em Santa Catarina. Ele tem mais de R$ 390 milhões em patrimônio, incluindo sociedade em empresas, que não detalha. Também possui três veículos e aplicações financeiras. Antídio é empresário e tem 59 anos.

Ele foi prefeito de Jaraguá do Sul (SC). Seu patrimônio é alto, mas praticamente não mudou de 2016 para cá. Era de R$ 280 milhões em 2016, quando concorreu à prefeitura pela primeira vez, ou R$ 383 milhões quando se considera a inflação pelo IPCA. Seus bens subiram 2% no período, quando se desconta a inflação medida pelo índice do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em segundo lugar, vem o ex-presidente do Senado e futuro deputado federal Eunício Oliveira (MDB-CE). Empresário de 70 anos, ele foi dono da empresa de transporte de valores Confederal até 2018. Seu patrimônio declarado é de R$ 158 milhões.

Ele tem uma série de imóveis rurais, como a fazenda goiana Santa Mônica, uma empresa de veículos, uma caminhonete, um Mercedes C-300, terreno e um imóvel comercial na sua terra natal, Lavras da Mangabeira (CE).

O patrimônio de Eunício subiu em relação a 2018, quando ele declarou ter R$ 89 milhões, ou R$ 112 milhões em valores atualizados. Considerando a inflação no período, o volume de bens do ex-senador aumentou 40%.

Naquele ano, ele não conseguiu se reeleger senador. Agora, obteve um novo mandato no Congresso, após receber 188 mil votos para a Câmara.

Seguradora e empresa de veículos. Em terceiro lugar, está o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que foi reeleito. Empresário, ele obteve pouco mais de 6 milhões de votos.

Seu patrimônio é de R$ 129 milhões. Os bens incluem uma imobiliária, uma seguradora, empresas de veículos e de financiamento e crédito, uma casa e aplicações financeiras. Em 2018, seu patrimônio era menor: R$ 69 milhões, ou R$ 88 milhões em valores atualizados. Isso significa que o volume de bens do governador subiu 47% entre uma eleição e outra, mesmo depois de descontada a inflação.

Romeu Zema - Reprodução/YouTube - Reprodução/YouTube
Romeu Zema, candidato a reeleição para o governo de Minas Gerais
Imagem: Reprodução/YouTube

Empresa de investimentos e galpão. Em quarto lugar no ranking, o governador reeleito de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), possui R$ 108 milhões em bens.

O patrimônio é formado por uma empresa de investimentos, uma propriedade rural em Goiás, um galpão em São Paulo, aplicações financeiras e uma casa em Cuiabá (MT). Os bens de Mendes diminuíram de valor. Em 2018, ele declarou R$ 113 milhões —valores que não consideram a inflação no período. Ele foi reeleito no domingo com 1,1 milhão de votos.

O deputado federal eleito Jadyel da Jupi (PV-PI) tem R$ 107 milhões em bens. Ele fecha o grupo dos políticos com mais de uma centena de milhões de reais em patrimônio.

Duas super-ricas. No clube dos super-ricos, só há duas mulheres. A que tem mais bens é a futura deputada estadual Ieda Chaves (União Brasil-RO). Ela obteve 24 mil votos. Declarou possuir R$ 39 milhões.

A empresária de hotelaria de Caldas Novas (GO) Magda Moffato (PL-GO) conseguiu mais um mandato na Câmara. Possui R$ 32 milhões em bens, como sua rede de hoteis e empreendimentos imobiliários na cidade dos parques aquáticos e das águas termais.

Agro. A região Centro-Oeste, que se destaca pelo agronegócio, possui mais políticos super-ricos. São dez autoridades, incluindo Ronaldo Caiado e Mauro Mendes, os governadores reeleitos de Goiás e Mato Grosso, respectivamente. Juntos, os dez representantes do Centro-Oeste acumularam R$ 469 milhões em patrimônio, média de R$ 46 milhões para cada um. Depois, vem o Nordeste, a região de Eunício Oliveira.

Taxação dos super-ricos. No Congresso, existem propostas para cobrar impostos sobre as grandes fortunas. Na campanha eleitoral, por exemplo, o candidato Ciro Gomes (PDT) propôs cobrar 0,5% de quem possuísse mais de R$ 20 milhões.

A medida atingiria 60 mil brasileiros apenas, mas levantaria R$ 60 bilhões, segundo a campanha —recursos que poderiam ser usados para bancar um programa de renda mínima para os mais pobres. Se existisse, essa taxação levantaria R$ 9,3 milhões apenas desta seleção de políticos eleitos no domingo.

Para separar os partidos em grupos ideológicos, de direita, centro e esquerda, o UOL usou avaliação do professor João Prates Romero, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para a direita, foram considerados os partidos PP, UB, PL, Republicanos (ex-PRB), PTB e Novo. Para o "centro" ou "independentes", foram agrupados PSD, MDB, PSDB, Cidadania (ex-PPS), Podemos (ex-PTN), Patriota e PSC. Para a esquerda, foram considerados PT, PCdoB, PV, PDT, PSOL, Rede, Avante (ex-PTdoB), Solidariedade e Pros.