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Tebet e Lula selam apoio no 2º turno: Pensamos da mesma forma, diz senadora

Do UOL, em São Paulo

07/10/2022 16h27Atualizada em 07/10/2022 18h05

A senadora Simone Tebet (MDB) declarou nesta sexta-feira (7), ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ela e o candidato petista ao Palácio do Planalto pensam da mesma forma. Hoje foi a primeira vez que ambos apareceram juntos publicamente após a candidata do MDB declarar apoio à campanha de Lula.

A aliança foi selada na última quarta (5) em um almoço entre os dois na casa da ex-prefeita paulistana Marta Suplicy (MDB). Terceira colocada no primeiro turno com 4,16% dos votos, a senadora fez um pronunciamento oficializando o apoio na mesma tarde.

Estou aqui muito feliz para dizer que o presidente Lula, a sua equipe econômica, de assessores, acaba de receber e incorporar todas as sugestões que fizemos no nosso programa de governo ao seu programa de governo. Com isso, o que nós estamos dizendo aqui é que pensamos da mesma forma o Brasil que queremos"
Simone Tebet, senadora pelo MDB e ex-candidata à Presidência

Sem cargos. Em entrevista ao UOL News nesta sexta-feira, a parlamentar negou já ter negociado o comando de um ministério em um eventual governo Lula em troca do apoio declarado ao ex-presidente. Tebet disse que Lula deve ter liberdade e conforto para escolher seus próprios ministros, e também disse que esse acordo não seria condizente com sua própria trajetória.

Ao lado da senadora nesta tarde, Lula sinalizou que, se vencer as eleições, a emedebista pode integrar as conversas para discutir a composição do ministério. "Depois que a gente ganhar a gente vai sentar numa mesa para discutir como a gente vai montar a equipe para dar vazão àquilo que é nossa proposta. O que não falta aqui é experiência."

Cumprir missões. É esperado que a senadora tenha dois papeis centrais na campanha: primeiro, endossar a imagem de ponderação e de aceno ao centro de Lula e, em segundo, melhorar o diálogo com o setor do agronegócio e com o eleitorado do Centro-Oeste, redutos bolsonaristas.

Vou cumprir missões. Missão a gente não escolhe, a gente cumpre. Onde acharem que serei útil, lá estarei."
Simone Tebet

O Centro-Oeste, berço de Tebet, foi a segunda região em que Lula apresentou o pior desempenho no primeiro turno —atrás apenas do Sul—, como já era esperado. A região, que teve as urnas abertas com mais velocidade, foi em grande parte responsável pela arrancada de Bolsonaro à frente de Lula no início da apuração no domingo (2). Nela, o petista teve 37,8% dos votos, enquanto Bolsonaro teve 53,8%.

A senadora já participou do programa eleitoral do candidato e deverá participar de viagens ao interior da campanha —com ou sem o ex-presidente— para conversar com empresários, agricultores e representantes do eleitorado conservador.

Agronegócio. Tebet também afirmou ser uma candidata ligada ao agronegócio e defendeu que é possível alinhar a pauta à sustentabilidade e proteção ao meio ambiente.

"Estou pronta para desmistificar essa tese equivocada que só interessa ao atual presidente da República de que é ou o agronegócio ou o meio ambiente, quando na realidade os dois andam juntos. Sem esse desenvolvimento sustentável não temos chuva e temos perdas nas nossas safras."

Posicionamento de Tebet não representa MDB. Terceira colocada no primeiro turno, Tebet declarou seu apoio ao ex-presidente Lula após a executiva nacional do MDB anunciar que adotará posição de neutralidade na disputa entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL), na segunda etapa das eleições.

"Apesar das críticas que fiz, depositarei nele o meu voto. Seu compromisso é com a democracia e Constituição, o que desconheço no atual presidente", afirmou. A parlamentar disse que não "cabe omissão" neste momento e que, "até o dia 30 de outubro" estará nas ruas em campanha pelo petista. "Meu grito será pela defesa da democracia e por justiça social", afirmou na ocasião.

Segundo a senadora, seu voto está de acordo com sua "consciência e razão".

Apoio programático. O acordo foi feito mediante a apresentação de cinco propostas a serem incorporadas ao programa de governo lulista. Elas foram recebidas, e aceitas, pelas mãos do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice, na quarta.

Todas elas faziam parte do programa de governo da emedebista e vão da saúde à equidade de gênero:

  • Educação: "ajudar municípios a zerar filas na educação infantil para crianças de três a cinco anos e implantar, em parceria com os estados, o ensino médio técnico, com período integral e conectividade, garantindo uma poupança de R$ 5 mil ao jovem que concluir o ensino médio, como incentivo para que os nossos jovens voltem à escola";
  • Saúde: "zerar as filas de cirurgias, consultas e exames não realizados no período da pandemia, com repasse de recursos ao SUS [Sistema Único de Saúde]";
  • Finanças: "resolver o problema do endividamento das famílias, em especial das que ganham até três salários mínimos mensais";
  • Equidade de gênero: "sancionar lei que iguale salários entre homens e mulheres que desempenham, com currículo equivalente, as mesmas funções";
  • Diversidade: "formar um ministério plural, com homens, mulheres e negros, todos tendo como requisitos a competência".

"Eu queria te dizer, Simone, que o Brasil pode, esse Brasil que você sonha, esse Brasil que você despertou, junto a milhões e milhões de brasileiros, mas sobretudo junto a mulher e renovando a esperança, esse Brasil que você colocou no seu programa é possível de ser construído. É possível da gente garantir que o povo brasileiro tenha esse país, não é difícil. O que é preciso é a gente fazer a politica da repartição, do compartilhamento, do financiamento daquelas pessoas que mais precisam", disse Lula.

Responsabilidade fiscal. Uma das questões pontuadas por Tebet para apoiar Lula tem sido a necessidade de manter uma "âncora [fiscal] mínima que dê conforto ao mercado e tranquilidade aos investidores para se blindar da má política de parte do Congresso Nacional."

"Entendo a posição do PT que é contra o teto de gastos, mas também entendemos que é necessário uma âncora fiscal mínima até para que o orçamento público, hoje privado, e no bolso de meia dúzia possa voltar para o Executivo", observou a senadora.

Lula repetiu o que já declarou em outras ocasiões, que não é necessária uma lei para garantir que o seu eventual governo mantenha a responsabilidade sobre as finanças públicas.

"Ela limita você a utilizar dinheiro para coisas essenciais. Não pode deixar de investir dinheiro na saúde e na educação achando que é gasto. É preciso discernir entre o que é investimento e o que é gasto", declarou o petista.

Lula elogia Tebet. "Quero agradecer a grandeza da sua participação nas eleições", afirmou o petista. "Acho que as mulheres ganharam com a sua campanha. Ela, na verdade, servirá de lição para que daqui para frente nenhuma mulher se sinta inferior em uma disputa pública de qualquer que seja o cargo."

Nunca vi você como minha adversária, sempre vi como candidata."
Lula para Tebet

Reconstrução. Tebet reforçou que o Brasil precisa ser "reconstruído e novamente unido".

"Estamos unidos porque o que está em jogo é um Brasil que precisa ser reconstruído e novamente unido. E precisa ser reconstruído já, sob novas bases, a partir de 2023. O que queremos e o que nos soma e nos iguala é um Brasil que seja generoso, que inclua a todos, não deixe ninguém para trás, que garanta igualdade e oportunidade para o filho e filha de cada Maria, João, José deste país", disse a senadora.