MDB libera voto no 2º turno, mas Tebet deve apoiar Lula
A Executiva Nacional do MDB anunciou hoje que adotará posição de neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais, mas a candidata derrotada do partido ao Planalto, Simone Tebet, deve anunciar "apoio crítico" ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em nota, o partido diz que irá cobrar do vencedor "o respeito ao voto popular, ao processo eleitoral como um todo e, sobretudo, a defesa intransigente da Constituição de 1988 e do Estado Democrático de Direito".
A reportagem apurou que os integrantes da cúpula do MDB não se reuniram para tomar a decisão e as conversas ocorreram, em sua maioria, por telefone.
A neutralidade do MDB é uma tentativa de evitar um racha no partido, já que não há consenso sobre apoiar um candidato.
Nas últimas 48 horas, dirigentes, congressistas, governadores e prefeitos externaram sua posição em relação à disputa nacional em segundo turno. Por ampla maioria, o MDB decidiu dar liberdade para que cada um se manifeste conforme sua consciência Trecho de nota divulgada pelo partido
No comunicado, a legenda elogia Tebet por ter defendido "brilhantemente" um projeto "independente e equilibrado, fora da polarização" e diz que não há dúvidas de que ela se consolidou "como uma liderança nacional". A senadora terminou a disputa em terceiro lugar, com quase 5 milhões de votos.
Tebet deve anunciar apoio a Lula hoje, assim como já fez o governador reeleito do Pará, Helder Barbalho. Por outro lado, o governador reeleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, reuniu-se com Bolsonaro pela manhã e declarou apoio à reeleição do presidente.
No domingo, a senadora afirmou que "jamais" se omitiria em relação ao segundo turno entre Lula e Bolsonaro. "Eu tenho um lado e vou me pronunciar no momento certo", acrescentou.
Quem mais declarou neutralidade? Além do MDB, o PSDB também declarou neutralidade ontem na disputa entre Lula e Bolsonaro e liberou os diretórios estaduais e filiados para apoiarem quem preferirem.
Alguns políticos da legenda, no entanto, já haviam se antecipado ao partido e manifestado apoio a Bolsonaro, caso do prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, e do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que participou de um compromisso público ontem ao lado do presidente.
Há, no entanto, divergências entre os tucanos em relação ao assunto — quadros históricos do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os senadores Tasso Jereissati (CE) e José Serra (SP), além do ex-senador Aloysio Nunes (SP), declararam apoio a Lula.
Soraya, Gabrilli e Doria neutros. A senadora Soraya Thronicke (União), que disputou a Presidência e acabou em 5º lugar com pouco mais de 600 mil votos, declarou que "nenhum desses bandidos" merece o apoio dela, em referência a Lula a e Bolsonaro.
A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), que foi candidata a vice na chapa de Tebet, afirmou que votará em branco no segundo turno e afirmou que será "oposição sensata" ao governo que for eleito.
O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), que desistiu de concorrer à Presidência por causa de seu isolamento no partido, também se pronunciou pela neutralidade em entrevista ao UOL News.
Quem apoia Lula? Lula recebeu ontem apoio do PDT, legenda do ex-ministro Ciro Gomes, que disputou a Presidência e terminou em quarto lugar.
Ciro, que durante a campanha atacou igualmente Lula e Bolsonaro como "forças do atraso", publicou ontem um vídeo afirmando que acompanha a decisão do PDT de prestar apoio ao ex-presidente, mas não citou o nome de Lula e disse achar "insatisfatória" a opção de voto no petista.
O Cidadania, um dos partidos que apoiou a candidatura de Tebet, também anunciou que estará com Lula no segundo turno.
Quem está com Bolsonaro? O atual presidente já firmou alianças com nomes vitoriosos nas urnas, de quem esteve próximo durante seu mandato. Entre os principais, estão os governadores reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
Outro apoio a Bolsonaro partiu do ex-juiz federal Sergio Moro (União-PR), que foi ministro da Justiça até romper com o presidente em abril de 2020. Recém-eleito senador pelo Paraná, Moro fez acenos a Bolsonaro durante a campanha, afirmando que ambos tinham em Lula um "inimigo em comum".
A íntegra da nota do MDB. "O MDB é o maior e mais democrático partido do País, o único com presença em quase todos os municípios. Tem convicções claras a favor da Liberdade, da Democracia e da Soberania do povo brasileiro, exercida por meio do voto direto.
Nesta eleição geral, apresentamos um projeto independente e equilibrado, fora da polarização, brilhantemente liderado por nossa candidata Simone Tebet. Não há a menor dúvida de que ela se consolidou como uma liderança nacional.
Nos Estados, reelegemos os governadores do Pará e do Distrito Federal, em primeiro turno. E vamos disputar o segundo turno no Amazonas e em Alagoas. Aumentamos nossa bancada na Câmara e mantivemos uma grande bancada no Senado.
Nas últimas 48 horas, dirigentes, congressistas, governadores e prefeitos externaram sua posição em relação à disputa nacional em segundo turno. Por ampla maioria, o MDB decidiu dar liberdade para que cada um se manifeste conforme sua consciência.
Em qualquer cenário, o MDB deixa claro que cobrará do vencedor o respeito ao voto popular, ao processo eleitoral como um todo e, sobretudo, a defesa intransigente da Constituição de 1988 e do Estado Democrático de Direito."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.