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Lula usa vídeo de Bolsonaro sobre carne indígena; presidente ataca pesquisa

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - Reuters
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

07/10/2022 14h03Atualizada em 07/10/2022 14h07

Um vídeo do presidente Jair Bolsonaro (PL) dizendo que só não comeu carne humana de um indígena porque "ninguém quis ir com ele" foi usado numa inserção de TV pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A declaração de 2016 viralizou nas redes sociais.

Ao contrário do programa eleitoral, as inserções aparecem ao longo da programação e duram 30 segundos. No vídeo, Bolsonaro é entrevistado por um jornalista do The New York Times —a íntegra está disponível no YouTube do presidente.

Eu queria ver o índio sendo cozinhado. Da aí o cara: se for, tem que comer. Eu como.
Trecho destacado na propaganda eleitoral do PT

Na entrevista, Bolsonaro relata uma experiência numa comunidade indígena em Sururucu, localizada em Vista Alegre (RO).

Após a exibição do vídeo, a campanha de Jair Bolsonaro afirmou que vai acionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por fake news. "É desespero, o PT usando fake news, frase fora de contexto", disse Fábio Faria, ministro das Comunicações e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro.

A peça indica uma mudança na estratégia do PT, que vai subir o tom contra o presidente no segundo turno. Falas racistas e de ataques às mulheres também serão usadas.

Bolsonaro ataca pesquisas eleitorais

Jair Bolsonaro usou seu espaço no horário eleitoral para atacar os institutos de pesquisa, que entraram na mira do presidente e de governistas após o primeiro turno —houve grande diferença entre o percentual das pesquisas e o resultado das urnas para Bolsonaro.

Um locutor diz: "Por que será que boa parte da imprensa insiste em não mostrar esse Brasil? Por que os institutos de pesquisa erraram feio e fizeram tanta gente acreditar que o Bolsonaro não ia ser eleito? Sabe por que né? É que a mamata acabou".

Em outra inserção ao longo da programação de TV, locutores dizem que os institutos de pesquisa e veículos de imprensa, ao noticiarem os resultados, promoviam um "mil contra um" contra Bolsonaro.

"Foi perda total de credibilidade das pesquisas. Não foi margem de erro, não, foi erro com margem. Safadeza das grandes."

Os institutos de pesquisa vêm rebatendo as acusações. Nesta semana, a ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) divulgou nota repudiando as tentativas de judicializar as sondagens eleitorais.

Investigações contra institutos de pesquisas

Na terça-feira (4), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, enviou hoje a Polícia Federal um pedido de abertura de inquérito sobre a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais. A pasta diz que as sondagens subestimaram o apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Dois dias depois, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), apresentou um projeto de lei que visa criminalizar institutos de pesquisas eleitorais e seus contratantes quando os resultados de levantamentos não forem similares aos das urnas.

A insatisfação de apoiadores do presidente também motivou pedidos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e mobilização para que os eleitores parem de responder às pesquisas de segundo turno.