Associação cobra governo e PF sobre inquérito contra pesquisas eleitorais
A Abep (Associação Brasileira de Pesquisas Eleitorais) pediu ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública que garanta o acesso da entidade ao inquérito instaurado pela Polícia Federal contra as pesquisas de intenção de voto. A investigação foi aberta a pedido do titular da pasta, Anderson Torres, na terça-feira passada (4), após o primeiro turno das eleições.
Pedido de acesso semelhante foi enviado à PGR (Procuradoria-Geral da República) e à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal.
Segundo a Abep, o objetivo é permitir que as empresas acompanhem as diligências e colaborar "com o esclarecimento de qualquer questão" acerca das atividades envolvendo as pesquisas de intenção de voto.
A petição afirma que a entidade tem "legítimo interesse em acompanhar as investigações e sustentar o descabimento de eventuais medidas cautelares".
A investigação foi aberta a pedido do ministro da Justiça, Anderson Torres, após o primeiro turno das eleições. Nas redes sociais, o titular da pasta disse somente que atendeu a uma "representação" enviada ao governo contra "condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes" perpetrados por institutos de pesquisa.
O governo não informou quem enviou a representação, o seu teor e quem seriam as empresas investigadas.
Ao ser questionado na quarta-feira (5) se a instauração da investigação poderia soar como tentativa de intimidação, Anderson Torres negou, alegando que a divulgação de notícia falsa é crime.
"Na verdade, não é intimidação porque existe um crime previsto para isso, que é a divulgação de pesquisas falsas. A própria fake news. Não tem fake news maior do que essa, no momento, em uma véspera de eleição... Então, a gente tem que ter muito cuidado. O inquérito é muito sério e a realidade vai vir à tona", disse.
Ofensiva deixou de fora pesquisas que davam liderança a Bolsonaro
A investigação faz parte de uma ofensiva do governo contra os institutos de pesquisa. Além do inquérito, Bolsonaro também enviou um pedido de providências ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e à PGR contra as empresas.
Como mostrou o UOL, a ofensiva do presidente, porém, deixou de fora a Brasmarket e o Instituto Equilíbrio Brasil, duas pesquisas eleitorais que, na contramão dos demais, apontaram a liderança de Bolsonaro nas intenções de voto, inclusive com sua vitória no primeiro turno.
O último levantamento da Brasmarket, divulgado em 30 de setembro, dois dias antes da eleição, apontava liderança de Bolsonaro com 45,4% das intenções de voto no cenário estimulado. Lula (PT) aparecia com 30%.
A pesquisa Equilibrio Brasil, divulgada dois dias antes, dava resultado semelhante, mas com um avanço maior de Lula: Bolsonaro seguia com 44% e o petista, 41%
Nas urnas, Lula terminou o primeiro turno com 48,43% dos votos válidos — uma diferença de 18 pontos percentuais em comparação ao resultado da Brasmarket e 7 pontos percentuais a mais que a pesquisa Equilíbrio Brasil. Bolsonaro ficou com 43,20%, dentro da margem de erro dos dois institutos.
Ao UOL, o ex-ministro Tarcísio Vieira de Carvalho, que defende Bolsonaro no TSE, disse que a proposta é uma "investigação ampla". "A menção aos institutos relacionados na petição é meramente exemplificativa", afirmou.
Ao todo, nove institutos foram mencionados no pedido de Bolsonaro ao TSE, incluindo o Datafolha e o Ipec. Todos eles divulgaram pesquisas que apontavam possível vitória do ex-presidente Lula (PT) nas eleições.
O Ministério da Justiça não informou se a Brasmarket e o Instituto Equilíbrio Brasil seriam investigados no inquérito da PF. Nenhuma das duas empresas é associada à Abep.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.